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Ensino Superior no Brasil e no Mundo

terça-feira, 18 de abril de 2017

Tecnologias perdidas


  
Um dos problemas que os professores se deparam em sala é a significação dos conteúdos. Em rápidas palavras: qual a importância de estudar isto? Em um juízo de valor, acredito que isso ocorra porque a tecnologia atual leva a isso. Os dados estão, a cada dia, mais disponíveis. Sabemos o que queremos graças ao toque de um dedo na tela e uma conexão com a internet.

No entanto, dado não é informação. As pessoas acreditam (e as gerações mais novas não duvidam) que ter um smarthphone é suficiente para saber. Porém, como estudamos, dados são a celula mater da informação, do conhecimento e da sabedoria. Ou seja, não adianta uma série de dados, jogados por buscadores, se não se sabe o que fazer com eles.

Um estudante acredita que fazer suas avaliações, popularmente (ou não) conhecidas como provas, seja a sua necessidade vital. Por isso, o Google e o Youtube resolvem seus problemas. Porém, como vi em uma reportagem divulgada em uma emissora de televisão aberta, os jovens são capazes de maravilhas no acesso digital. Mas, quando se pede para que redijam um texto simples, a coisa fica feia.

Outra coisa importante é o esforço. Ou a falta dele. A tecnologia, que apoia tanto o aluno, fez com que ele desaprendesse a pesquisar. A buscar por dados se tornou mais fácil. Sabemos, por experiência, que a Humanidade, à medida que descarta uma tecnologia, ou um conhecimento, por um mais atualizado, esquece o anterior. Porém, várias vezes, essa necessidade retorna. Por conseguinte, o Homem precisa retomar, ou redescobrir, essa expertise, senão gastará esforços.

Uma das expertises perdidas é o próprio esforço na pesquisa. Muitos alunos pasmem, não sabem nem procurar um capítulo em um livro. Vários desaprenderam a utilizar um sumário, em buscar a página necessária no início do livro. Assim, transfere ao professor, seu mecanismo de busca, o Google da sala de aula, a responsabilidade de buscar a resposta. Ou seja, pesquisar é uma tecnologia perdida.

Isso se refletirá nas avaliações. A política do videogame, de pontuar, muitas vezes, um movimento do mouse, fez com que os alunos substituíssem o resultado pelo esforço. Ou seja, ele acredita que necessita de premiação caso escreva qualquer coisa em sua avaliação. Independentemente de aquela resposta estar completamente errada. Portanto, seu esforço seria o alvo de prêmio, embora não o conduzisse a nenhum lugar.

Outra tecnologia perdida é a da memória. Muitas vezes os alunos não se lembram nem o que comeram no café da manhã. Os dados passaram a ser irrelevantes. Guardá-los se transformou em algo sem importância porque, caso fosse importante, eu acharia no Google. Assim, os alunos se transformarão em profissionais extremamente conectados, mas, muitas vezes, incapazes de tomarem decisões. Por que? Por falta de desenvolvimento de seu pensamento analítico.


A Humanidade provou, por séculos, sua capacidade de se reinventar. Creio que o Homem chegará a uma solução para esse problema. Pois, como dizia Darwin, o mais apto sobreviverá. Esperemos que não seja necessário que o Homem desaprenda muito para que não tenhamos que reaprender muitas coisas. Sempre haverá uma esperança.

Prof. Luiz Augusto ( prof.luau@gmail.com )

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