Este é um espaço livre para conversarmos sobre o Ensino Superior no Brasil e no mundo. Gostaria de apresentar-lhe algumas reflexões sobre o assunto e, principalmente, conhecer as suas. Participe por meio de postagens e comentários. Seja bem-vindo.

Ensino Superior no Brasil e no Mundo

sábado, 8 de dezembro de 2012

Estamos preparando nossos filhos para o Futuro?





Certa vez um amigo meu estava reclamando de seu excesso de tarefas no trabalho e seu pouco tempo para dar conta de tudo. Comentou que, todos os dias, tinha uma série de reuniões para participar, vários documentos para ler e analisar, além de um grande número de decisões para tomar.

Em meio à falta de tempo, lembrou com saudades e certa inveja de seu velho pai. Gaúcho do interior, criado nas lides do campo, era analfabeto. Contudo, após uma semana de trabalho árduo, seu fim de semana eram as corridas de cavalo (as carreiras) e o jogo do osso, típico dos rincões das fronteiras meridionais.

É claro que uma vida simples leva a condutas simples. Decerto o velho pai do meu amigo não perdia seu tempo em reuniões, não tinha documentos para ler (pois não o podia) e suas decisões se restringiam a qual cavalo ia ganhar ou qual face do osso ia cair para cima.

É claro que o pai do meu amigo tinha uma visão muito simplista do mundo. Suas necessidades eram naturais, quase primitivas: comer, dormir, ganhar o pão e se divertir. Nada mais. Seu mundo era o torrão natal. Sua realidade era o dia a dia campesino, horizonte fixado em algumas coxilhas adiante. Restrito. Acanhado até.

O mundo, porém, abrange várias coxilhas. Passa por muitas serras e montanhas, toma espaço por rios, lagos e oceanos. O mundo conhecido não se fecha em torno de meia dúzia de coxilhas, mas está ao alcance de um clique de mouse.

Não podemos esperar que nossos filhos olhem para o mundo de uma forma restrita. O mundo está cada vez mais complexo e competitivo. A tecnologia impõe cada vez mais a necessidade de conhecer, de pesquisar, de estudar e aprender. Antigamente podíamos viver com umas poucas informações por toda a vida. Isso não é mais possível.

A par disso, nossos filhos devem ser capazes de possuir a vontade de vencer num mundo cada vez mais competitivo. As capacidades de cada um serão exploradas. E mais: não bastará só conhecimento. Será preciso uma força de vontade muito grande para aceitar a competição e não ficar para trás.

O ator Juca de Oliveira, em uma entrevista ao programa de José Luís Datena (no Coração do Brasil), por ocasião do aniversário da capital paulista em 2009, falou que São Paulo é uma cidade que dá a todos uma oportunidade. Porém, cada dia você tem que provar que é bom, pois existem vários querendo ser melhores que você.
Um médico amigo meu corroborou esse comentário. Estávamos os dois sentados no saguão do aeroporto de Congonhas, no coração da paulicéia, quando ele me contou que morara em São Paulo. Falou que sua carreira teve um impulso muito grande ao trabalhar nas terras paulistanas. Contudo, sentiu na pele o preço da competitividade existente na maior cidade da América Latina.
Não sei se nossos filhos morarão todos em São Paulo. Não sei se eles precisarão palmilhar as marginais do Tietê e do rio Pinheiros, bandeirantes do asfalto e dos engarrafamentos da maior cidade do Brasil. Mas sei que eles herdarão, além da terra, um mundo em constante transformação, em evolução constante.

Nossa principal tarefa é dar a eles as condições de se inserir nesse mundo em luta, onde a sobrevivência não será do mais forte, mas sim do mais apto. Eles, que nasceram na Era Digital, que sabem manejar com desenvoltura o controle remoto, as máquinas digitais, navegam pelas ondas da Internet e se comunicam além fronteiras, terão para eles um mundo do tamanho dessa nova Era.

Esperemos que eles estejam preparados para os desafios que esse mundo lhes reserva. Esperemos que o nosso dever de casa seja feito de modo a dotá-los das competências necessárias para que eles sobrevivam na Selva Digital. Só teremos espaço para um novo Tarzã na forma virtual, como num jogo. A competição é real.

Escrito por: Prof. Luiz Augusto.

sábado, 1 de dezembro de 2012

Ultrapassando as fronteiras




Em quatro anos o programa Ciência sem Fronteiras vai dar a 100.000 pesquisadores brasileiros bolsas de estudos em faculdades e institutos de pesquisa de destaque mundial em Ciência e Tecnologia. Mais de 14.000 alunos de graduação e pós-graduação já se encontram em campi de instituições de significativo prestígio na Alemanha, Coreia do Sul, EUA, Holanda, França, Áustria, Inglaterra e em mais três dezenas de outros países. 

Esses e muitos outros dados relacionados ao programa Ciência sem Fronteiras foram evidenciados na  edição nº 2294 da revista VEJA, de 07/11/12. Além disso, considerando também informações provenientes de outros veículos de notícia, opiniões de especialistas e, por fim, a minha própria experiência por ter tido um de meus orientandos selecionado para o programa em tela, não posso deixar de expressar meu entusiasmo e verdadeira alegria por saber que o nosso país está no caminho correto: investir em educação.

Meu entusiasmo, no entanto, não de deve somente aos números positivos e empolgantes que são trazidos a público. Não que esses números não sejam importantes. Tampouco se deve a visões megalomaníacas externadas por determinados setores de nossa sociedade, os quais insistem em afirmar que nosso país logo se tornará a maior potência mundial em Ciência e Tecnologia de todos os tempos.       

Meu entusiamo se justifica mais pela postura que se observa na execução do programa. Erros que foram cometidos em seu estágio inicial estão sendo corrigidos e foram reconhecidos pelos executores do programa, demonstrando a seriedade e a humildade necessária para um amadurecimento do processo em si. O tempo mínimo de permanência no exterior passou para um ano, as bolsas não mais sofrerão atrasos de pagamento, as parcerias com as universidades estrangeiras foram formalmente seladas, já há um órgão especializado em intercâmbios acadêmicos de cada país que cuida da distribuição dos alunos pelas universidades, com base numa lista de opções assinaladas pelos estudantes. Essas foram algumas das medidas e correções já tomadas.

No entanto, é verdade que também há setores de nossa sociedade que não acreditam no programa e afirmam ser um desperdício de recursos financeiros. Argumentam, principalmente, que poderíamos ter uma formação de excelência dentro do nosso próprio país. Respeito o pensamento, mas não vejo assim.  O mundo está cada vez mais globalizado e a competição não é mais local. A competição é mundial. Fechar-se, mesmo tendo condições de prover uma formação de excelência em algumas áreas de conhecimento, significa estagnar-se. Sozinhos, não chegaremos a lugar algum, com parceiros certos, chegaremos onde desejarmos. A ordem natural é então estabelecer parcerias. A preocupação nesse contexto deve ser saber escolher corretamente os parceiros.

Então está tudo perfeito? Não, claro que não. Nada é perenemente perfeito. O aperfeiçoamento do processo é uma atividade contínua. Temos sempre de acompanhar, fiscalizar, opinar, debater e corrigir. Por exemplo, uma preocupação que tenho - e sobre a qual ainda não li ou vi nada formal a respeito - relaciona-se à volta do contingente que está no exterior. Para onde serão enviados os nosso estudantes e pesquisadores após o seu regresso. Haverá empresas, faculdades, universidades e/ou centros de pesquisa suficientes para dignamente absorvê-los?

Ressalto que dignamente significa com salários atrativos e estrutura adequada para que possam continuar seus projetos,  pesquisas e  trabalhos. Caso contrário, será natural que esse contingente não queira ser repatriado. Não adianta dizer que seria uma ingratidão ou uma traição. Isso é a realidade. Todos somos assim: precisamos de reconhecimento e valorização para aceitarmos desafios. É preciso pensar seriamente sobre isso, principalmente fazendo-se uso do conceito da meritocracia.

Ademais, não faz mal lembrar que o programa Ciência sem Fronteiras não pode e nem deve ser visto como um processo isolado, independente. Na verdade, é parte integrante do abrangente sistema de ensino brasileiro, em que se consideram concomitantemente as formações adquiridas nos ensinos fundamental, médio e superior. Portanto,  seu êxito pleno depende notadamente da análise e solução conjunta das deficiências e problemas ainda existentes nessas formações.

Em síntese, estamos no caminho correto. É preciso continuar investindo de forma inteligente e meritocrática na educação. Acreditemos no futuro promissor que nos espera. Um futuro em que podemos ser um dos protagonistas em Ciência e Tecnologia da aldeia global que se forma. Isso certamente nos ajudará a alcançar o desenvolvimento, em todas as suas vertentes, que o nosso país tanto aspira.

Escrito por: Prof. Carlo Kleber Rodrigues
   

sábado, 17 de novembro de 2012

New Approach To Education Today



Firstly I must say that I am not an academic and that I am not an authority on education.
I have, however, had the opportunity to get my primary and secondary education in Guyana which followed the British system, and a tertiary education in Trinidad and Tobago, which also followed the British system. I was fortunate to have studied in Brazil at the Federal University of Campina Grande, Paraiba, and got a taste of their educational system too. I studied extensively in Canada at college and university levels and got some experience in their educational system and to top of it off,  I did many special interest courses in the American system.
I will not endeavor to compare the systems because each system took different approaches that lead to the same end. While doing a diploma in Adult Education and Instructional Design I found some eye popping techniques used in Canada which I will share with you.
The traditional classroom setting and set ups consist of chalkboard, flipcharts, textbooks, desks, chairs and of course seated students with standing teachers or lecturers. Lecturers lecture and students take notes and finally exams are administered to test learning. This is the system we most commonly see in most part of the world. There is one approach to every student irrespective of the uniqueness of the students learning styles.
The above traditional approach assumes that all students learn in the same manner and at the same pace which we know is not a fact. The teaching material is in the form of verbal communication and written texts. This is the” teacher-centered” approach.
What if we use the learner- centered approach?  In this approach the focus is on the learner experiences, and teachers assist students to become more analytic, and encourage responsibility for their own learning. The students choose an approach that suit their needs and move at their own pace. An evaluation is done afterward to determine if learning has occurred.
In the learner-centered approach the class is broken up into small groups, case studies are done, employ role playing, give group and individual assignments, assign team projects so that each learner can participate with their peers, speaking the same language and discussing ideas.
So the teacher’s new role in the learner- centered approach is that of a facilitator instead of a transmitter of abstract knowledge.
According to KOLB (1984) we go through a 4 stages learning cycle:
1.  Concrete experience:  how we behave in new learning situations.
2.  Reflective observation :  observing others learning and reflect on our own experience.
3.  Abstract conceptualization: creating concepts and theories to explain our observation.
4.  Active experimentation: Using our theories to solve problems and make conclusions.
He also identified 4 learning styles
1.  Convergers: they prefer abstract conceptualization and active experimentation. They tend to be unemotional and prefer to work with ideas and things rather than people.
2.  Assimilators: prefer abstract conceptualization and reflective observation. They integrate ideas into models and theories but are uninterested in the application of the theories in real life.
3.   Accommodators: prefer concrete experience and active experimentation. They learn by experience and use a trial and error approach.
4.   Divergers: work well with the concrete experience and reflective observation stages. They generate good ideas, well at brainstorming, and enjoy working with others.  They do not get solutions quickly because they want to explore all the possibilities.
Grasha and Reichmann look at learning styles from a different angle. They identified the following styles:
1.  Competitive:  compete for rewards, attention, must win.
2.  Collaborative: sharing ideas, cooperating with others, making social interaction.
3.  Avoidant: not interested in the content, do not participate, uninterested or overwhelmed.
4.  Participant: Like learning, enjoy content, participate fully.
5.  Dependent: has little intellectual curiosity, learns what is required, needs structure and support, and needs to be told what to do.
6.  Independent: think for themselves, work on their own, listen to other’s ideas, have confidence.
Now imagine that in a classroom setting your learning style has been indentified and your course content was custom made to suit your learning style how better the learning experience will be. Every student will be successful and learning will be an enjoyable experience. Primary and secondary schools along with colleges and universities will all be a place where knowledge transfer really takes place and there will be less dependence on examinations to determine if learning has occurred.


Written by: Ram John Dereck Balkaran

terça-feira, 13 de novembro de 2012

O material didático no Ensino a Distância




O Ensino a Distância (EAD) é recheado de algumas características que o diferencia naturalmente dos métodos tradicionais, o ensino presencial. O simples fato de o aluno não encontrar-se rotineiramente em sala de aula e o exercício das atividades de ensino-aprendizagem ocorrer, em sua grande maioria, de forma remota é, reconhecidamente, o grande diferencial nessa modalidade.
Após participar de alguns cursos, tanto como aluno e também como professor, e aqui surge uma nova entidade, o tutor, percebi a importância da mecânica, para não me referir à didática e prática pedagógica, da dinâmica que se deve imprimir para motivar os discentes à busca pelo conhecimento. Neste contexto, avulta de importância, a meu ver, os veículos de comunicação que são disponibilizados para divulgação dos assuntos a serem abordados – o material didático.
O que percebo é que há necessidade imperiosa que tais conteúdos sejam trabalhados de forma harmônica e, principalmente, sofrerem uma severa revisão gramatical e de conteúdo. Aliás, essa é uma exigência não só no EAD mas em todas as modalidades de ensino. Destaco o EAD, pois segundo aquelas características relatadas anteriormente, o aluno passa a ser um aprendiz e um maestro do seu próprio ensino, simultaneamente.
Será que ao utilizarmos um material com baixa qualidade, tanto em conteúdo como na sua forma, iremos motivar e ser honestos no ensino com esses alunos? Afinal, o autodidatismo tem um preço e um limite para filtragem do material disponível na Internet. A qualidade do ensino é medida, entre tantos indicadores, pela qualidade e fidedignidade do conteúdo apresentado nos materiais didáticos, e em particular na modalidade EAD.
Erros são aceitos até que ponto? Errar a grafia de uma palavra é lamentável, em se tratando de material didático, mas o que se torna mais grave e irreparável são os erros conceituais. Sinceramente, já atestei isso e confesso que geram dúvidas até mesmo na credibilidade do ensino, para ser mais abrangente. Entendo que não se pode generalizar por um único aspecto ligado, talvez, a uma determinada disciplina quando isso ocorre. Então me pergunto: onde está o compromisso do professor/tutor em disponibilizar tais materiais de forma irresponsável? Na visão dos alunos, o que está escrito e deve ser lido e estudado é uma “verdade” inquestionável. Mas, nem sempre isso ocorre.
A gravidade desse assunto é tão séria que mereceria, por parte dos órgãos reguladores do ensino, apreciar tais materiais para que os alunos não fiquem reféns da irresponsabilidade. Afinal, o MEC aprova a prática EAD, mas deve-se criar mecanismos reguladores para coibir essa deficiência lamentável. Como fazer isso? Não sei, apenas afirmo que material didático errado fatalmente resultará em uma formação profissional danosa, até para a própria sociedade. Alguém de sã consciência iria solicitar a ajuda de um profissional que teve deficiência em sua formação? Acredito que não.
Se é para disponibilizar cursos EAD, que os mecanismos de controle sejam severos, pois isso não se trata de mercado educativo, mas formação consciente e com responsabilidade social, que deve ser levada verdadeiramente a sério pelas Instituições de Ensino Superior.
Sabe-se que devem ser adotadas várias técnicas ao se produzir materiais didáticos para cursos ou mesmo disciplinas a distância, mas creio, pela minha experiência, que isto é muitas vezes relegado. Diferentemente, já apreciei materiais de excelente qualidade, tanto na forma e disposição dos assuntos como em seu conteúdo programático.
Com o avanço tecnológico digital, materiais didáticos de várias matizes podem ser produzidos e disponibilizados para estudo. A diversidade de formas minimiza a monotonia do estudo e motiva o aluno à busca do conhecimento. Como os perfis de alunos são diversos, certamente o material didático com essa abordagem bem abrangente muito provavelmente atenderá a esse público heterogêneo.
Tratando-se de vídeo aulas, é interessante ter uma abordagem bem objetiva de forma a não se tornar muito extenso. Acredito que para cada conteúdo abordado deve-se gastar, no máximo, de 5 a 10 minutos de exposição. Aula EAD não é aula presencial pois não trata-se de uma abordagem interativa, mas de uma única pessoa, o professor.
Assim, a seriedade que deve ser revestida a este assunto é crucial para que possamos, nós docentes, transmitir confiança daquilo que nossos alunos devem ter conhecimento, para contribuir em sua formação profissional de maneira sólida e responsável.

Escrito por: Prof. José Gladistone da Rocha.

sábado, 20 de outubro de 2012

Um retrato da Educação Superior.



A rede federal de ensino superior de nosso país conta atualmente com mais de um milhão de alunos matriculados. A rede privada, por sua vez, com quase 6 milhões. No período de 2010-2011, a matrícula na rede federal cresceu 10%, enquanto que, na rede privada, o crescimento foi de 4,8%. 

Esses números foram divulgados este mês pelo Ministério da Educação (MEC) e pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). Também são informadas outras estatísticas que revelam que o interesse por cursos tecnológicos tem aumentado significativamente, enquanto que os de licenciatura estão praticamente estagnados. 

Esse quadro geral tem um lado positivo, mas, infelizmente, também tem um lado negativo. O positivo é que confirma que, quando há uma política de incentivo adequada para obtenção de uma formação acadêmica, a população estudantil responde de forma natural, buscando os cursos relacionados. Esse é o caso dos cursos tecnológicos. Não é possível negar que precisamos desses cursos. 

A preocupação nesse contexto, no entanto, é que não podemos descuidar da excelência do ensino a ser ofertada. Uma formação de qualidade é imperiosa. Não podemos pensar apenas em números. Deveremos estar cientes de que somente a quantidade não garantirá o desenvolvimento do país, tampouco a empregabilidade do cidadão, seja ele brasileiro ou não.

Sob esse mesmo contexto, também é preocupante as várias reportagens que têm sido divulgadas com relação à contratação de mão-de-obra estrangeira especializada: engenheiros, analistas, técnicos, etc. O número de autorizações para estrangeiros trabalharem no país tem crescido. Sem demagogia, me parece bem razoável pensar que devemos, em um primeiro instante, garantir preferencialmente a empregabilidade para todo cidadão brasileiro. 

O lado negativo dos números do MEC/Inep é que a procura por cursos de licenciatura não foi apreciável, indicando uma estagnação prática. Isso parece-me um erro estratégico. Não se pode imaginar um país, que tenciona protagonizar o desenvolvimento da América latina, sem ter uma formação de excelência de profissionais em licenciatura. Esquecer-se do professor é um erro que já cometemos no passado. Basta investigar o desenvolvimento dos países após a Segunda Guerra Mundial. Compare-se, por exemplo, Coréia do Sul e Brasil. Investiguem-se as áreas de investimento desde então. 


Em síntese, como cidadão brasileiro, fico feliz e otimista, por saber que, apesar dos pesares, o quadro geral tem caminhado para melhor. Mas, também, preocupo-me, pois acredito que podemos fazer melhor, mais depressa e, sobretudo, mais acertadamente.        



Escrito por: Prof. Carlo Kleber.
   

A Pedagogia do Estudo

Tenho visto e ouvido uma série de comentários a respeito de planejamento escolar. A reestruturação de ensino me soa uma tarefa tão recorrente quanto à reforma agrária, como nos mostram os livros de História quando falam da Roma antiga. Os anos e os séculos passam e se busca adaptar à realidade de hoje as necessidades básicas do ser humano – o ensino entre elas.

A orientação do ensino sofreu uma série de mudanças, muita das quais acompanho desde menino. Não sofri a palmatória institucional na escola, mas levei bolo na mão quando tirava menos que oito. Não ajoelhei no milho, mas fui para a sala ao lado ficar de costas para a parede como castigo por falar em forma na entrada da sala.

Quando fui cursar a Academia Militar não tive problemas em enfrentar a disciplina. Sempre me julguei autodisciplinado e as passagens do passado me deram a noção que é preciso disciplina e ordem para que se possa realizar algo de valor. O “jeitinho” e o “você sabe com quem está falando” é coisa de país subdesenvolvido.

O brasileiro, em geral, tem a mania de importar os valores alheios, sobretudo dos Estados Unidos, sem importar valores que realmente contam. Importam-se a música, os filmes, as palavras, as gírias e as gestões empresariais. Não se importam, todavia, o amor à pátria, o culto aos símbolos e à história nacional.

Aqui no Brasil o povo, de forma geral, não guarda sua memória. Porém, admiram-se em ver num Museu Britânico artefatos do Século V preservados com carinho e cuidado pelos ingleses. Um cerimonial com uniformes históricos em Brasília são fora de moda ou cheiram a mofo. A troca da guarda no Palácio de Buckingham, porém, é chique. Uma lástima.

No ensino, as fórmulas variam. Criaram-se e criam-se várias abordagens. Até uma “pedagogia do prazer” foi propalada como forma de fazer com que o Aluno aprenda de maneira não traumática e de forma mais construtiva. Todas elas, acredito, fundamentadas para que se chegasse à melhor qualidade de ensino.

Na prática, porém, o que vejo nas salas de aula e o que me é transmitido por outros professores é que o Aluno está cada vez mais sem base, possui cada vez menos conhecimento e não quer, cada vez mais, estudar. As piadas que circulam por e-mail das “barbaridades” cometidas em vestibulares são famosas. Não sei se são verdadeiras, mas ajudam o Jô Soares a fazer algumas piadas.

Penso que devemos abandonar tudo isso. Quando os problemas são complexos geralmente as respostas são bem simples. No caso eu sugiro a criação da Pedagogia do estudo: o Aluno vai para a sua aula e depois ele vai estudar. Só. Simples assim. Prático. Objetivo. Sem investimento público, sem leis ou decretos estatais. Sem preocupação psico-pedagógica. Só estudar.

Os Alunos de hoje, de forma geral, querem conhecimento como se jogassem videogame: se não vencer a fase tenta de novo ou desliga a máquina para ir passear no shopping. Não se importam em serem desafiados e superarem os obstáculos: não consegui, jogo amanhã, pensam.

A cada dia a sociedade está mais competitiva e necessitando de pessoal cada vez mais qualificado. Em contrapartida, nossos jovens estão cada vez mais longe da prática da leitura, do estudo e da reflexão sobre as coisas importantes da vida.

Sugiro que estudem mais, comam menos hot dogs, ouçam menos funk ou hip hops.

Escrito por: Prof. Luiz Augusto.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Um pouco mais de seriedade


Estava esta semana na coordenação de um dos cursos onde ministro aulas quando chegou um pai, exaltado, com sua filha.  Ele estava desde a manhã procurando o coordenador do Curso para falar sobre o Trabalho de Conclusão de Curso de sua filha que, segundo sua própria filha, não havia confeccionado para apresentação perante uma banca avaliadora.

 O Trabalho de Conclusão de Curso é um documento confeccionado pelo Aluno ao final do seu período escolar. Neste trabalho ele procurará, dentre as várias disciplinas realizadas, uma que seja de seu interesse para desenvolver um trabalho de pesquisa sobre uma situação vivida por ele ou por alguma organização que ele tenha acesso. É o retorno que o Aluno presta à Sociedade.

O pai exaltado ameaçava procurar o próprio Reitor para acessar a informação. Eu acredito que ele deva ter recebido da própria filha a comunicação de que ela não se formaria devido à não conclusão da disciplina. Os dois seguiram para a Secretaria para que pudessem verificar os dados sobre o desempenho da Aluna ao longo do último semestre.

Pouco depois vi a Aluna sair correndo da Secretaria. Soube depois que o pai verificou seu desempenho ao longo do Curso: suas notas eram as mínimas necessárias para passar e as faltas estavam lá nas alturas! É uma grande decepção para um pai verificar que, ao contrário de uma suposta irregularidade estivesse acometendo sua filha, ela é que saiu-se pessimamente durante seu curso.

Estórias como essa são, infelizmente, comuns. A legislação não permite que outras pessoas, senão o próprio Aluno, acesse seu desempenho escolar. Os pais devem se resignar em receber a notícia de segunda mão ou ir com o próprio na Secretaria para que possa observar pessoalmente as notas dos seus pimpolhos. Espera-se que sejam mais felizes do que esse pai.

Possuir um Curso Superior hoje em dia, ao contrário do que se pensa, não é tão fácil. Embora encontremos uma faculdade em cada esquina, somente aqueles que estiveram nas suas salas, ministrando disciplinas ou assistindo às aulas, sabem os grandes sacrifícios que devem ser feitos em busca do conhecimento. O diploma, a recompensa, é um troféu de poucos brasileiros.

Esperemos que nossos filhos tenham uma consciência maior ao lidar com suas obrigações de aluno. Estudar é um dever, uma necessidade, um prazer e uma dádiva, quase um privilégio. Devem esmerar-se em construir um conhecimento sólido baseado no estudo, na experiência e na reflexão. Estudar, em muitos lugares no mundo é dado a poucos. Não se deve jogar fora essa chance.

Lembro de assistir a um documentário sobre uma angolana que, a partir de uma cabra, conseguiu estudar e chegou a cursar uma faculdade americana. Ao ver a miséria e o esquecimento que aquela menina sofreu, lembrei minha própria vida, cheia de sacrifícios em busca do saber. Podem nos tirar todos os bens. Porém, o conhecimento adquirido será sempre nosso.

Uma cabra apoiou uma menina e ela chegou ao ensino superior em uma reconhecida instituição de ensino norte-americana. Se os seus pais é que te dão apoio, aluno, você pode levar as coisas mais a sério e, ao invés da decepção que a aluna deu ao pai da minha estória, dar a alegria do objetivo alcançado e do dever cumprido.

Escrito por: Prof. Luiz Augusto.

domingo, 2 de setembro de 2012

A arte de ser diferente

Estava ouvindo uma palestra. Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Doutor, escritor, consultor, falador. Discursava sobre a importância do conhecimento como suporte para a tomada de decisão nas empresas. No decorrer da palestra, cita uma passagem da sua vida de estudante, estagiário em uma empresa ligada à Bolsa de Valores.

Dizia ele que fazia um serviço, recortando notícias de jornais (o chamado clipping) para que os gerentes pudessem manter atenção aos acontecimentos do cotidiano. Tarefa simples, repetida da mesma forma em vários lugares do país e do mundo. No entanto, leitor atento, viu em uma notícia de um dia a ligação de uma notícia recortada quinze dias antes.

Da sua observação resultou uma análise dos fatos, gerando uma informação da tendência do que aconteceria com o mercado tempos depois. O acerto da sua análise o guindou, um mês depois, à Diretoria da empresa em que ingressara como mais um estagiário. Mostrou, com sua experiência pessoal, para a platéia que o assistia, a diferença que fez ele ser diferente, ou seja, fazer o que não se fez antes.

Discuto em sala com meus Alunos, várias vezes, a importância de sermos diferentes, não iguais. Passei por uma Escola Militar, cartesiana na sua formação e no seu pensar, que molda seus Alunos dentro do princípio da uniformidade, onde todos deverão seguir rigidamente princípios iguais, legislações iguais, padrões, diretrizes, enfim, uma plêiade de igualdades, como tijolinhos de uma olaria.

Desde há muito me fazia a seguinte pergunta: como querer reduzir a forma à fôrma (essa é do Manuel Bandeira) se todos são diferentes (iguais apenas perante o Criador e à Lei)? Nunca me convenci dos princípios de igualdade total (só de qualidade total). Sempre achei que uma igualdade artificial não faria a diferença, ela mesma, por conceito, uma desigualdade.

Tudo se confirmou para mim quando, um dia, li um artigo que dizia que havia uma seleção para trabalhar numa famosa empresa de publicidade do Rio de janeiro (não, não era do Duda Mendonça, faz muito tempo esta estória). Pois bem, existiam muitos candidatos (empresa de renome). Porém, só uma vaga. Como de praxe, escrevam seus currículos (naquele tempo era na máquina de escrever mesmo).

Os selecionadores (não existiam os trainées e a Gestão de Pessoas ainda se chamava Recursos Humanos) liam os currículos. Semelhantes, no todo. Porém, num deles, onde se pediam as habilidades, um candidato escreveu: sei fazer acarajé. O pessoal ficou pasmo! Leram todos currículos: só um sabia fazer acarajé! O resto da estória é fácil: o camarada foi o contratado...

O que quero chamar a atenção, com essas duas estórias, é que o mundo não é feito pelos iguais, mas sim pelos diferentes. Existem milhares de jogadores de futebol. Quantos são Pelé? Um, só um. Muitos pilotos, quantos Aírton Senna? Um, também. Muitas mulheres, quantas você escolheu para casar? Uma (tá certo, pelo menos a primeira...).

O fato é que o mundo é movido pelas diferenças, não pelas igualdades. Buscamos algo pelo que difere, não pelo que imita. Passamos a vida tentando o sucesso: ganhar na loto ou loteria. Até na roleta ou no bicho, se o jogo existisse. O importante é que queremos ser especiais, VIP, diferentes. A diferença é a base do sucesso, como é a base da qualidade: o diferencial competitivo, o valor agregado.

O caminho do sucesso é a eterna busca do incomum, do inusitado, da surpresa, do improviso sadio, pela ação espetacular. O que agrega valor às ações é fruto da busca em se ser diferente do usual, do padrão, do standard, do geral, do previsto no Manual ou no Regulamento. Não é ser o tijolinho da fábrica, mas sim o guia genial que conduzirá a sociedade por mares nunca dantes navegados.

Quando perceber que seu filho se destaca, ou seja, ele sai da massa humana e ganha visibilidade, aplauda, vibre, torça, apóie. Ele não é o cigarro Hollywood (eu não fumo e não aconselho ninguém a fumar) mas ele vai para o sucesso. Talvez devagar, talvez depressa, não importa. Mas ele vai por um caminho diferente.

Escrito por: Prof. Luiz Augusto.

sábado, 18 de agosto de 2012

Formação continuada do docente do Ensino Superior e EAD


A educação continuada do docente deve ser considerada como uma questão primordial uma vez que a sociedade contemporânea é muito mais exigente, não só na forma como é conduzida a educação, mas também pela qualidade do ensino, e aqui se entenda também por informações atualizadas, pois são requisitos procurados, nos profissionais, pelo mercado de trabalho cada vez mais globalizado.

O avanço tecnológico que vem ocorrendo nas últimas décadas, particularmente, a partir da expansão do uso da Internet no Brasil, com banda larga, abriu novos horizontes e possibilidades de aplicação prática de ensino no mundo moderno, nas diversas modalidades do aprendizado, abrangendo profissionais dos diversos setores.

Não alheio a essa avalanche tecnológica, o ambiente educacional vem acompanhando esse processo de desenvolvimento de aplicação de novas tecnologias, onde o ensino moderno utiliza-se de práticas e usabilidade de novos recursos virtuais, materiais didáticos, reestruturação das formas de ensinar, capacitação continuada, não só dos docentes, mas de todos os profissionais da educação, além de observar questões relativamente novas como a inclusão digital da população brasileira e, em particular, dos discentes de nível superior.

Assim, novos Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA) estão surgindo juntamente com a ampliação das possibilidades de comunicação entre pessoas, por meio do uso de Tecnologias da Informação e Comunicações (TIC), tornando-se instrumentos enriquecedores e potencializadores da educação na construção do conhecimento.

Uma modalidade de ensino que está em crescente evidência nos últimos anos é a Educação a Distância (EAD) pela sua flexibilidade no tempo de aprendizado dos alunos, portabilidade de acesso aos ambientes virtuais e de custo mais acessível, e que vem sendo amplamente empregada como forma de busca do aprimoramento profissional, fruto dessas facilidades que ela proporciona, dentre outras.

A EAD tem se mostrado uma modalidade que merece atenção para suprir demandas que em outras circunstâncias seriam inviáveis na formação continuada de professores do ensino superior, onde suas peculiaridades alinham-se com interesses deste público, frente às dificuldades do cotidiano.

O aprimoramento da formação de docentes resulta num ganho substancial ao processo de aprendizagem, pois é benéfico não só para o professor, que se sentirá motivado e capaz de apresentar novos desafios em sala, como também para os próprios discentes que terão uma formação acadêmica de maior qualidade, para fazer frente ao competitivo mercado de trabalho.

Em se tratando de docência de nível superior, por ter a responsabilidade direta na formação de profissionais, é fundamental para o professor a atualização de seus conhecimentos e manter-se constantemente adaptado às constantes mudanças dos recursos tecnológicos, para promover uma interação eficiente em ambientes educacionais, e intermediar a construção de novos saberes de maneira inovadora.

A formação de docentes de nível superior deve estar colimada com a função educacional e social das IES, onde são preparados os profissionais dos diversos segmentos para acolher aos anseios da sociedade como um todo, dentro de uma ética e alinhado com a evolução tecnológica que inunda o cotidiano das pessoas.

Chauí [2] e Barreto [1] observam que a formação de professores tende a dar um enfoque mais generalista, que denominou de “universidade operacional”, que será aplicado aos diversos cursos universitários, cabendo aos recém-formados buscarem sua complementação profissional orientada à capacitação de serviços para atenderem ao mercado ou mesmo manterem sua “empregabilidade”, quando afirma:

A docência é entendida como transmissão rápida de conhecimentos, consignados em manuais de fácil leitura para os estudantes, de preferência, ricos em ilustrações e com duplicata em CDs. [...] A docência é pensada como habilitação rápida para graduados, que precisam entrar rapidamente no mercado de trabalho do qual serão expulsos em poucos anos, pois tornam-se, em pouco tempo, jovens obsoletos e descartáveis; ou como correia de transmissão entre pesquisadores e treino para novos pesquisadores. Transmissão e adestramento. Desapareceu, portanto, a marca essencial da docência: a formação [2].

Dentro das políticas educacionais destaca-se a intenção de utilização da EAD como recurso a ser explorado na formação e capacitação continuada de professores em todos os níveis, onde a Lei de Diretrizes e Base (LDB) [3] considera a educação a distância como um importante instrumento de formação e capacitação de professores em serviço.

Zagury [4] apresentou um estudo que teve como objetivo colher dados sobre o pensamento do professor brasileiro que atua em sala de aula, onde foi apontado o “manter-se atualizado” e “deficiência na formação e/ou treinamento continuado” como um dos seis grandes problemas (dificuldades) que enfrentavam. Os gráficos 1 e 2 (adaptados) a seguir retratam o resultado de sua pesquisa quanto a esses aspectos.



Gráfico 1 – Manter-se atualizado (Zagury, 2009)




Gráfico 2 – Deficiência na formação e/ou treinamento continuado (Zagury, 2009)

Como pode-se observar pela análise dos gráficos acima, conclui-se que a grande maioria dos docentes ressentem-se pela falta de atualização de seus conhecimentos e necessidade de treinamentos continuados, ou seja, educação continuada, e que a causa dessas deficiências são provocadas basicamente pela falta de tempo e disponibilidade financeira (resultados expressivos da pesquisa). Neste sentido, a EAD se propõe a minimizar essas questões e propiciar de maneira mais democrática o acesso à formação continuada, reduzindo as desigualdades.

Ademais, a sociedade moderna tem se caracterizado pela grande interação interpessoal, pelos novos meios de comunicação, como dispositivos móveis conectados pela Internet, onde se acessam uma gama variada de fontes e materiais de consulta de forma tempestiva. Com isto, necessita-se de docentes que sejam investidos de conhecimentos atualizados e que possuam habilidades no trato dessas tecnologias, para que sejam capazes de orientarem seus discentes, na organização de suas ideias no processo de reconstrução sólida do saber, revestida de credibilidade pela “boa informação” para o seu desempenho acadêmico.

A formação do docente de nível superior no Brasil, na maioria das vezes, reduz-se aos conhecimentos adquiridos por ocasião de sua formação acadêmica e pós-graduações específicas, não sendo aprimorada, ao longo da carreira, para absorver e compreender novos desafios, particularmente num ambiente tecnológico que reina na chamada sociedade da informação, sem levar em contar a necessidade de aquisição de novas competências para atuação em suas áreas de interesses, mesmo fora do meio acadêmico.

Diante do apresentado é factível assinalar que a formação continuada de docentes de nível superior, tendo a EAD como uma possibilidade real, é uma necessidade premente para fazer face às evoluções tecnológicas imersas na sociedade moderna, onde o professor apoderar-se-á de novos saberes para aplicar, com eficiência e eficácia, novas práticas pedagógicas e conteúdos recentes debatidos no mundo globalizado em que vivemos, aumentando a velocidade da transmissão dos conhecimentos formais aos seus discentes.


Escrito por: Prof. José Gladistone da Rocha.

REFERÊNCIAS

[1] BARRETO, Raquel Goulart. Tecnologias educacionais e educação a distância: avaliando políticas e práticas. Rio de Janeiro: Quartet, 2ª ed., 2003, 192p.

[2] CHAUÍ, M. A. A universidade operacional. Folha de São Paulo. Caderno Mais! 09/05/99.

[3] Lei de Diretrizes e Base (LDB). Lei n° 9394 de 1996.

[4] ROCHA, José Gladistone. A Educação a Distância como Instrumento de Possibilidade da Educação Continuada do Docente de Nível Superior. Universidade Castelo Branco. Rio de Janeiro. 2009.

[5] ZAGURY, Tânia. O Professor Refém. Rio de Janeiro: Record, 8ª ed., 2007, 301 p.
1Fonte: [4].

domingo, 5 de agosto de 2012

O Ensino Superior e as três Pirâmides

Ao nascermos é comum nossos pais profetizarem que seremos doutores, felizes e muito ricos. Essa profecia termina se instalando em nossas mentes, nos acompanha em nossa infância, adolescência, fase adulta e, por vezes, na melhor idade. Quase que sempre, mesmo que inconscientemente, também acabamos profetizando o mesmo para os nossos filhos. Com essa constatação, pergunto-me se esse comportamento é de fato o mais acertado que podemos ter ao imaginarmos uma nação verdadeiramente sadia. Não bastaria que nossos filhos fossem apenas felizes? Por que a necessidade de se ter riqueza e um curso de doutorado?








Permitam-me chamar esse cenário de Conflito das três Pirâmides. A primeira é a Pirâmide Econômica. Ela estabelece o nível de ascensão econômica que possuímos. A segunda é a Pirâmide Intelectual. Essa nos diz qual o nível de profundidade de conhecimento que realmente desejamos ter. A última se chama Pirâmide Psicossocial, que nos remete a aspectos mais abrangentes acerca da vida em si como, por exemplo, família, lazer, saúde, autoestima e amizade. Diria que essa última é a que está mais intrinsecamente relacionada à capacidade de  sermos felizes. Certamente é a que deveria primordialmente guiar as nossas escolhas. A solução para esse conflito é deveras complexa, pois envolve ao menos quatro entidades especiais: o aluno, a família, a IES e o próprio Estado.

O aluno porque corre o risco de optar por frequentar a escola, especialmente as Instituições de Ensino Superior  (IES), na inocente crença de que um diploma de curso bastará para  o cumprimento da profecia: será doutor, rico e feliz. Ledo engano. Profissionais com nível de educação superior que não ocupam cargos de liderança não tiveram valorização salarial entre 2003 e 2010. É o que aponta a Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que comparou o aumento salarial dos profissionais com ensino superior (0,3%) e a média salarial no país (19%) no período citado. Esses dados precisam ser divulgados amplamente para permitir uma conscientização maior sobre essa questão. A escolha por frequentar o Ensino Superior somente pode ser feita após uma exame profundo da Pirâmide Psicossocial.

A família, sem generalizar, porque muitas vezes adota uma postura que induz seus filhos, que serão os futuros alunos das IES, a terem o comportamento indevido de associar o conceito de riqueza e felicidade à condição de serem doutores em alguma área de conhecimento, não importando qual. A família deveria ter o entendimento de que a escolha profissional é totalmente individual, cabendo exclusivamente ao filho. Caberia à família, tão somente, o suporte para que essa escolha fosse a mais acertada possível, considerando, primeiramente, a Pirâmide Psicossocial para, somente então, passar a considerar as Pirâmides Econômica e Intelectual.

A IES porque não pode perceber esse cenário de conflito como uma oportunidade para o seu próprio engrandecimento, especialmente quando trata-se do aspecto financeiro. A missão da IES é promover, de forma sempre nobre, a educação. A IES não pode seguir um modelo pedagógico estático e/ou único. Deve dinamicamente buscar atender às necessidades correntes da sociedade. Infelizmente, essa não é uma realidade absoluta.  Inúmeras reportagens já foram veiculadas na mídia, por exemplo, sobre diplomas falsificados bem como IES que não possuem as condições mínimas necessárias para o funcionamento regular dos cursos oferecidos. A constatação atual é que a qualidade das IES vem caindo vertiginosamente.


Por último, o Estado porque não pode ceder às pressões provenientes de organismos internacionais que o impelem a alcançar estatísticas no setor educacional ditas ideais. Recentemente, foi divulgado que a meta é alcançarmos 10 milhões de alunos matriculados em IES até 2015. Isso levará o país a possuir a marca de 50% dos jovens, entre 18 e 25 anos, no Ensino Superior. Para consecução dessa meta será necessária a inclusão de mais quatro milhões de alunos nos próximos quatro anos.  Estima-se que cerca de 75% desse total será absorvido por IES particulares e o restante por IES públicas. Pergunto-me se realmente o país precisa desse número? Não existiriam cursos de nível técnico tão importantes quanto, ou até mais importantes, que mereceriam um estímulo semelhante? O Estado precisa obviamente criar políticas sérias que objetivem o desenvolvimento do país, mas não pode esquecer-se que uma sociedade é formada por pessoas e não por robôs programados para este ou aquele fim.








Em conclusão, a resolução do Conflito das três Pirâmides certamente fará do nosso país uma nação que, talvez, não seja a mais desenvolvida, a mais rica, nem a mais povoada por doutores, mas certamente será uma das mais sadias e, sobretudo, felizes.


Que Deus, como quer que você o imagine, te faça sempre feliz.


Escrito por:  prof. Carlo Kleber.

sábado, 14 de julho de 2012

Carta a todos os Alunos

Ao longo de todos esses anos de prática acadêmica, me deparei com uma série de situações vividas na convivência com os meus Alunos, além de ouvir os comentários de outros Professores, profissionais imbuídos de uma das mais nobres tarefas a que pode se entregar um ser humano: participar da educação de um outro ser humano.

O Homem não é perfeito. Traz para a sala de aula todas as angústias de um dia a dia cada vez mais competitivo. Ouvi um Aluno se referir à sala de aula como um momento de relaxamento: depois de passar o dia sob a mão pesada do chefe, no seu local de trabalho, a sala de aula é um porto seguro às suas mazelas diárias. Mais do que um local de saber, é um local de lazer.

Lembrei-me da evolução dos desafios enfrentados pelos Alunos de ontem e de hoje, como encaram os tropeços. O Aluno de ontem aceitava uma reprovação com resignação. O Aluno de hoje está cada vez menos propenso a suportar um possível fracasso. - Repetir a disciplina? Não posso perder tempo e tenho que me formar porque preciso do diploma!

Ah, o Diploma! Esse obscuro objeto do desejo dos Alunos! E de muitos pais de Alunos. Uma busca frenética que até gerou uma anedota que ouvi nos corredores de uma Faculdade. Diz uma piada que corre pelas faculdades que os cursos são uma negociação entre a instituição e o Alunos para a obtenção de um diploma e que o Professor é o cara que procura atrapalhar o negócio...

O Bacharelismo, característica dos tempos em que estudar em uma Faculdade era sinônimo de status social e privilégio de poucos abastados, manteve-se vivo no imaginário do Aluno brasileiro. Obter um diploma até lhe garante cela especial em caso de prisão. E o distingue dos outros por fazer parte de uma restrita elite: os 5 a 10 % de brasileiros que concluíram um curso de nível superior.


Muitos Alunos continuam achando que a posse de um diploma por ter concluído uma faculdade garantirá sua presença no paraíso, assim como os homens-bomba acham que explodir o corpo e levar um monte de inocentes com ele garantirá uma estada no paraíso e um harém de virgens só para ele... Haja virgem no estoque dos Jardins do Éden!

Os Alunos devem estar dispostos a entender a necessidade de adquirir conhecimento, mesmo que enfrentem rotinas estressantes na vida pessoal e familiar. Não há forma de se crescer com segurança senão pela Educação. Somente o conhecimento garante um verdadeiro desenvolvimento sustentável do ser humano.

Os bens materiais podem nos ser tirados a qualquer momento: o carro, a casa, o dinheiro, dentre outros. O conhecimento, só aquele alemão pode (o Alzheimer...)

Gostaria, com essas palavras, de motivar todos os Alunos para que busquem superar os obstáculos e atingir o conhecimento pleno das capacitações a que se propõem fazer. Não encarem os Professores como ruídos de um processo de apropriação de um “canudo”: ele é a pessoa que possui coragem para estar à frente de um grupo extremamente crítico (uma turma de Alunos) e se propor a passar um pouco de experiência e informação..

Encarem os obstáculos como trampolins, os quais deverão lançá-los mais à frente no desenvolvimento de suas vidas pessoais. Não vejam os obstáculos como muros, muralhas como os existentes nas penitenciárias, cerceadores do desenvolvimento dos Alunos brasileiros.

Parafraseando o famoso filme estrelado por Sidney Poitier: ao Aluno, com carinho.

Escrito por: Prof. Luiz Augusto.

domingo, 1 de julho de 2012

Profundidade de conhecimento

Benjamin S. Bloom dividiu as possibilidades de conhecimento em três grandes domínios: cognitivo, abrangendo a aprendizagem intelectual; afetivo, abrangendo os aspectos de sensibilização e gradação de valores; psicomotor, abrangendo as habilidades de execução de tarefas que envolvem o organismo muscular. Cada um destes domínios tem diversos níveis de profundidade, sendo cada nível mais complexo e mais específico que o anterior.


No caso do Ensino Superior, é de especial interesse o domínio cognitivo. Este apresenta os seguintes níveis de profundidade quando pensamos no conhecimento a ser adquirido: Memorização (Conhecimento): memorização de fatos específicos, de padrões de procedimento e de conceitos; Compreensão: imprime significado, traduz, interpreta problemas, instruções, e os extrapola; Aplicação: utiliza o aprendizado em novas situações;  Análise: de elementos, de relações e de princípios de organização; Síntese: estabelece padrões; Avaliação: julga com base em evidência interna ou em critérios externos.




Essa classificação foi mais tarde revisada por diversos cientistas, como Lorin W. Anderson e David R. Krathwohl, co-autor do trabalho original. Essa nova classificação apresenta mudanças como, por exemplo, posicionar Síntese em um nível mais elevado do que Avaliação. No entanto, dentro do escopo deste artigo, a classificação original é suficiente para a discussão que pretendemos aqui. 


Sob esse contexto, a pergunta é qual o nível de profundidade que esperamos ser alcançado pelos alunos do Ensino Superior. Esse questionamento tem invadido de forma recorrente as discussões relacionadas às metodologias de avaliação de alunos nas Instituições de Ensino Superior (IES). A resposta mais comum é que, sem dúvida, espera-se que  o nível de profundidade seja o correspondente ao (no mínimo) da Análise. Óbvio? Nem sempre!


As experiências em sala de aula têm demonstrado que passou a existir uma grande superficialidade no conhecimento adquirido por parte dos alunos. Essa superficialidade é quantificada ao observar-se a qualidade dos trabalhos acadêmicos elaborados pelos alunos e, principalmente, ao constatar-se a grande  dificuldade dos alunos justamente quando submetidos a  exames escritos e/ou orais que envolvem questões  de níveis de profundidade mais direcionados para Análise, Síntese e Avaliação. O que fazer então? Diante desse cenário, não vejo como tomarem-se atalhos ou desvios. Penso que é preciso enfrentar a realidade de forma bem objetiva. Isso que dizer, por exemplo,  percorrer os seguintes passos elementares:


1) Estabelecer critérios claros que consigam direcionar a elaboração dos trabalhos e dos exames escritos e orais a serem aplicados aos alunos. Esses critérios devem garantir que o nível de profundidade a ser atingido seja o correspondente ao (no mínimo) da Análise. Esses critérios devem naturalmente ser informados aos alunos para que estes tenham ciência plena da expectativa a ser considerada;


2) Corrigir trabalhos e exames orais e escritos de forma cega. Isso quer dizer baseando-se exclusivamente nos critérios estabelecidos e divulgados. Não será possível considerar quaisquer subjetividades e ou individualidades com respeito aos alunos envolvidos. É preciso frisar que o resultado atingido é o que efetivamente será levado em consideração para efeito de mensuração de rendimento;


3) Os alunos que não atingirem o nível de profundidade de conhecimento esperado deverão repetir o curso/disciplina. Ou seja, não obterão a aprovação. A leniência não será aceita de forma alguma. Precisamos entender que a não-aprovação também faz parte de um processo de evolução de aprendizagem e, muitas vezes, pode inclusive despertar caminhos alternativos àquele que originalmente pensou-se como unicamente correto. Por exemplo, um aluno que tem dificuldades de aprendizagem e não obtém sucesso em uma disciplina de cálculo pode descobrir que sua vocação natural é a medicina em vez da engenharia.




Notadamente, ao seguir-se os passos acima, os índices de reprovação e de evasão (de alunos),  principalmente na rede privada, tenderão a crescer em um primeiro momento. Mas acredito que isso será um período de turbulência que terminará com a consolidação de um sistema de educação bem mais eficiente do que o existente hoje.


Parece simples, mas não é. Existem duas razões básicas para essa constatação. A primeira refere-se ao aspecto financeiro.  Muitas IES são privadas e necessitam do chamado aluno-cliente para garantir a sua sobrevivência de forma lucrativa. Para se ter uma ideia, mais de 80% das IES de nosso país são privadas. O aluno-cliente acredita que ao pagar pela mensalidade, ele está na realidade pagando por um serviço. E se ele não consegue obter sua aprovação, então é porque o serviço não foi oferecido eficientemente. O aluno-cliente entende que a solução é então procurar uma outra IES que ofereça-lhe o serviço adequadamente, ou seja, aprovando-o ao final. O que fazer? O Estado pode, por exemplo, criar políticas de incentivo (bolsas de estudo, financiamentos, subsídios, etc.) e de fiscalização (baseadas em metas) que assegurem a existência do negócio lucrativo, por parte das IES privadas, sem a deturpação do processo de avaliação, mesmo que este culmine em índices de reprovação de patamares elevados. 


A segunda razão refere-se ao aspecto político-governamental, considerando-se a projeção  interna (dentro do país)  dos Estados da Federação e, também, a projeção mundial do país. Com índices de reprovação altos, as estatísticas relacionadas ao Ensino Superior não serão "politicamente" dignas de apreciação, pois podem ser erroneamente interpretadas como resultantes da adoção de uma estratégia de educação equivocada. Sob esse contexto, o Estado deveria ter a consciência de que todo processo de melhora pode apresentar-se inicialmente doloroso e que o fim justificará os sobressaltos eventualmente existentes.


Falarei mais sobre esse assunto em postagens futuras. Nesse ínterim, sinta-se à vontade para participar dessa discussão com seus comentários. Também convido-o a assistir a essa interessante palestra de Elizabeth Gilbert: Criatividade.


Que Deus, como quer que você o conceba, te faça feliz.
   

Escrito por: Prof. Carlo Kleber.