Este é um espaço livre para conversarmos sobre o Ensino Superior no Brasil e no mundo. Gostaria de apresentar-lhe algumas reflexões sobre o assunto e, principalmente, conhecer as suas. Participe por meio de postagens e comentários. Seja bem-vindo.

Ensino Superior no Brasil e no Mundo

domingo, 6 de dezembro de 2015

Mérito, como sempre




O professor César Camacho, presidente do Instituto Nacional de Matemática Aplicada (IMPA), concedeu uma entrevista para falar dos princípios que regem o Instituto. Suas palavras ressaltam o tempo todo que o mérito é o principal norteador do IMPA. Assim, estar nesse centro de excelência significa navegar na excelência e no mérito: Camacho toca, em sua entrevista, na formação dos professores:

É louvável que estejam providenciando um currículo unificado que sirva de roteiro e dê clareza sobre as metas de ensino. Mas essa é apenas a casca do problema. Sem um mestre que domine minimamente o conteúdo e que tenha capacidade de transmiti-lo, o currículo periga virar peça decorativa. É emergencial, portanto, aumentar o nível das faculdades que ainda preparam mal os aspirantes à docência. Esse é um papel para o governo federal. Especialmente na matemática – disciplina em que o aluno, se não assimila um conceito, fica boiando no seguinte -, um professor ruim representa grande perigo. Ele pode comprometer o futuro do estudante e do próprio país (Revista Veja, edição 2449, ano 48, n° 43, 28 de outubro de 2015)

Os países latino-americanos vivem um surto de passado. Não conseguimos pensar em um futuro promissor. Não pensamos em uma gestão que agregue valor a produtos, apenas pensamos em vender sem inserir o conhecimento no que se vende. Os chineses, com milênios de história, ocupam poucas linhas de seus livros didáticos para falar no passado. Pensam, sim, no futuro, na globalização.

Os sul-coreanos pensam nisso também. Fábricas de ponta, alta tecnologia, levam fortunas para o país. Contudo, os equipamentos vendidos não acompanham a necessidade do software a ser embutido. Não há cérebros necessários para gerenciar essa demanda. É nisso que os sul-coreanos jogarão suas fichas para o futuro.

A pesquisa não é uma prioridade no Brasil. Pensamos com pouca objetividade. Não temos gestão, pois isso dá trabalho. Não gostamos de planejar nem de pensar no futuro. Não construímos as coisas de maneira integrada, pensando em cada atividade como um processo. Não há interdisciplinaridade na solução dos problemas, apenas respostas estanques.

Tudo começa na família, em casa. Depois, no professor. Como ressaltou Camacho, o professor deve ser formado e capaz de congregar seus conhecimentos à arte de ensinar, de ligar os pontos, de dar sentido aos saberes. O professor, novamente, é protagonista do progresso.



Prof. Luiz Augusto ( prof.luau@gmail.com )

domingo, 1 de novembro de 2015

Valores extra-sala de aula





O Conselho Federal de Medicina (CFM) baixou uma norma proibindo a realização de fotos pessoais (o famoso selfie) por médicos no exercício da profissão. Ou seja: no trabalho, não pode se fotografar. O caso teria origem em fotos divulgadas por médicos nas redes sociais. Um médico na unidade de Planaltina, no Distrito Federal, teria um selfie enquanto pessoas esperavam atendimento.

Confúcio diria que “tudo isso seria cômico se não fosse trágico”. Acredito ser um absurdo que um órgão como o CFM deva se debruçar sobre uma conduta que não tenha nada a ver com procedimentos de conduta médica em ambiente de trabalho. O caso em questão vai além do hospital, ambulatório ou posto de saúde: é um caso de valores humanos.

O juramento de Hipócrates, o qual os médicos, por tradição, repetem ao final de sua graduação, tem milênios d existência. É tão importante que permanece atual até o século XXI. Podemos encontra-lo, por exemplo, no site do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo: (https://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Historia&esc=3):

Eu juro, por Apolo médico, por Esculápio, Hígia e Panacea, e tomo por testemunhas todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a promessa que se segue:
Estimar, tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e, se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem remuneração e nem compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes.
Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém.
A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substãncia abortiva.
Conservarei imaculada minha vida e minha arte.
Não praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação aos práticos que disso cuidam.
Em toda casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano voluntário e de toda a sedução, sobretudo dos prazeres do amor, com as mulheres ou com os homens livres ou escravizados.
Àquilo que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade, eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei inteiramente secreto.
Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça.

Bastaria cada um dos médicos em questão se aterem aos valores, não aos modismos, inclusos na fórmula de Hipócrates. O sábio grego colocou os valores do próximo ao alcance do profissional. Nada mais contrário ao seu juramento do que colocar a si próprio como protagonista de sua própria profissão, não os seus pacientes.

      Este é mais um dos problemas da crise de valores nascida no seuio da sociedade, em geral, e na família, em particular. Discute-se o que é família. Discute-se o que é casamento. Discute-se o que é ou não é politicamente correto. Não se discute o que é o certo e o que é errado, universalmente.

A sociedade, e seus profissionais, formam-se com muitos conhecimentos, mas poucos valores. A revolução dos valores é uma necessidade que se impõe à barbárie dos selfies médicos (ou de qualquer profissão).


Escrito por: Prof. Luiz Augusto ( prof.luau@gmail.com )

domingo, 4 de outubro de 2015

O outro lado da Coréia do Sul





Nós nos acostumamos a olhar a Coréia do Sul por meio dos seus resultados estudantis. Com certeza seu povo atingiu um grau de desenvolvimento muito grande. Contudo, como dizia o prêmio Nobel de Economia Milton Friedman, não existe refeição grátis. O povo sul-coreano pagou (e paga) um preço (muito) alto por esse resultado.

Essa é uma outra face da realidade desse país. Podemos vê-la no site da TV Escola (http://tvescola.mec.gov.br/tve/video/destino-educacao-coreia-do-sul). O leitor também pode ver uma cópia desse mesmo episódio postada no site do Youtube (https://www.youtube.com/watch?v=EavGDbIUiEE). Aconselho os que gostam de educação a verem esse episódio.

O documentário mostra a visão da Coréia do Sul a partir de pais, alunos, pesquisadores em educação e gestores públicos do ensino. É claro que devemos formar nossas opiniões tendo em vista que é uma visão parcial, a partir dos depoimentos editados pelo diretor. Contudo, o que é mostrado me alertou para aspectos que eu mesmo desconhecia.

O primeiro aspecto é a altíssima competitividade. A educação é encarada como uma verdadeira salvação divina, embora sejam budistas em sua maioria. No entanto, pais, professores, colegas (sociedade) cobram resultados. Isto faz com que o aluno se sinta pressionado vinte e quatro horas por dia. Tem que apresentar resultados. Tem que ser capaz de resolver as questões que a escola lhe impõe. Essa cobrança cobra seu preço. Muitas vezes em suicídio.

Outro aspecto importante é a participação dos pais. De cuidarem do trânsito próximo à escola dos filhos até a discussão dos currículos universitários. Os pais vendiam seus bens mais preciosos (muitas vezes os bois de uso na lavoura) para custear os estudos de seus filhos. O esforço seria recompensado pela aprovação do filho e a redenção da família. Então, a Universidade de Seul passou a ser chamada de “Torre dos Ossos Bovinos”.

A cobrança de estilo japonês trouxe alunos competitivos e de resultados. Porém, sem sinergia, sem interação, sem espírito de grupo A competição trouxe a individualidade atroz e o afastamento dos seus colegas. Uma sociedade criada em torno de conquistas tecnológicas, como o hardware de qualidade, mas sem o software necessário para rodar e tocar esses problemas.


A sociedade de resultados necessita de um esforço para recuperar um espírito de união em torno deles mesmos.

autor: Prof. Luiz Augusto ( prof.luau@gmail.com )

domingo, 6 de setembro de 2015

A Finlândia como padrão de excelência.






A educação brasileira necessita da busca de boas práticas para que o nosso sistema educacional funcione. Um dos exemplos em voga é o sistema educacional finlandês. A Finlândia apresenta um nível educacional que serve de exemplo para os outros países, inclusive o Brasil. Assinala-se que “precisamos de uma escola que leve os alunos ao limite de suas potencialidades, que os prepare para um mundo cada vez mais globalizado e os ensine a se adaptar ao novo, a se virar diante do inesperado, a criar e inovar”[1].

Transformar um país passa pela educação. Pequenas escolas do início da povoação americana, fundada pelos peregrinos emigrados da Inglaterra, transformaram-se em potencias como Harvard e Yale. Este é um exemplo para derrubar uma falácia: o ensino na Finlândia apresenta resultados porque é um país pequeno. O território americano é o quarto maior do mundo (o Brasil é o quinto). Nem por isso não apresenta padrões elevados de ensino.

Um exemplo sul-americano é a comparação entre dois países de territórios pequenos: Bolívia e Uruguai. Não é o pequeno território de um ou de outro que determinará que seus sistemas educacionais se tornem exitosos. O autor deste trabalho, em viagens pelos dois países, encontrou situações diversas. Escolas bolivianas simples, com iniciativa centrada nos professores. Em contrapartida, escolas do ensino fundamental uruguaias com cerca de cem dias letivos e crianças indo de guarda pó impecavelmente brancos para a escola. Educação de alto nível.

                Uma série de características apresentadas pela Finlândia são [2]:

a) as mudanças se iniciaram em 1972. A independência finlandesa tinha pouco mais de um século (a brasileira completava o sesquicentenário). Estávamos em plena era do MILAGRE ECONÔMICO BRASILEIRO;
b) adoção de um currículo único para todo o país;
c) mais de 93% (noventa e três por cento) das escolas de ensino fundamental e médio são públicas – e de alta qualidade;
d) os professores necessitam de Mestrado, no mínimo, para lecionar. Há muitos candidatos a professor, mas poucas vagas;
e) um professor entrevistado comentou que era mais difícil ser professor do que ser médico na Finlândia. Estimou uma relação de dois mil e quinhentos candidatos para cem vagas;
f) o entendimento dos alunos que a educação faz parte da evolução;
g) valorização total da educação por parte de professores, gestores escolares e alunos;
h) há liberdade de ensino dos professores, mas respeitando limites. Estes são negociados entre sindicatos de professores e gestores de escolas; e
i) as salas de aula possuem tanto os tradicionais quadros a giz quanto computadores e impressoras. Velhos suportes convivem muito bem com tecnologias da informação.

            Ademais, a educação da Finlândia não prioriza a tecnologia pela tecnologia. Ela é importante, é claro, mas não é um remédio para alavancar o nível educacional dos alunos.  “Mais do que acumular dados, o aluno aprende precisa aprender a aprender, porque a toda hora surge um conhecimento novo e relevante no planeta”[3].

           Ainda, outro importante aspecto é a medição de desempenho. O professor Oliver John, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e consultor da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), comentou que “existe o princípio geral de que só o que dá para medir tem valor. Pois já conhecemos bem o peso dessas habilidades que soam tão abstratas”[4]. Não se educa ao acaso: as metas são fundamentais.

           O Brasil tem muito a aprender com a Finlândia. É claro que cópias puras e simples não solucionarão os graves problemas nacionais. No entanto, existem muitas semelhanças entre a estrutura dos colégios militares brasileiros e as escolas finlandesas. Privilegiar o mérito, focar no aluno, preparo dos professores, comprometimento com a excelência, dentre outros aspectos, são itens fundamentais em um portfólio educacional de sucesso.

Prof. Luiz Augusto ( prof.luau@gmail.com )




[1]WEINBERG, Mônica. Voando para o futuro. In: Revista Veja. Editora Abril Cultural, edição 2431, ano 48, n° 25. São Paulo, 24 de julho de 2015, página 86.
[2] MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (MEC). TV ESCOLA. Destino: Educação – Finlândia. 2011. Disponível em http://tvescola.mec.gov.br/tve/video?vlItem=destino-educacao-finlandia&. Acesso em 2015.
[3]WEINBERG, 2015, p. 86.
[4] WEINBERG, 2015, p. 92.

domingo, 2 de agosto de 2015

Discursos Insólitos




A construção de textos dos alunos de nosso país inspira cuidados há muito tempo. A concatenação dos pensamentos, aliada à colocação do “preto no branco” (páginas e páginas) deixou a lista de prioridades. Boas letras e boas ideias deram lugar à comunicação feérica e ponto a ponto das twits e posts. Acentuação, ortografia e dicionários estão fora de moda, assim como os dicionários.

O uso correto das palavras se faz cada vez menos presente a partir do uso cada vez mais intenso da internet, particularmente das redes sociais. O uso de textos by USA, onde não existe acentuação gráfica, parece chancelar o desrespeito à norma culta da língua e o uso minimamente aceitável em textos mais formais. O mercado e as salas de aulas são os grandes prejudicados.

Uma questão se coloca: isto é falta de estudo? Resposta complexa. Acredita-se que, aos ignorantes, está reservada a falta de domínio da língua. Portanto, uma baixa escolaridade levaria a um uso pobre e canhestro da nossa (difícil) língua portuguesa. A dificuldade de se aprender as regras gramaticais de uma língua tão difícil nos bastaria para justificar a pobreza de seu uso.

Pura tolice... Os portugueses cultuam sua língua como um patrimônio inalienável. Fazem absoluta questão de fala-la e escrevê-la da mesma forma que um carnavalesco defende sua escola de samba. Inclusive possuem um Nobel de Literatura (Saramago) assim como os argentinos possuem o seu (Borges). Portanto, dificuldade não é sinônimo de incompetência linguística.

As gafes de nossa presidente da (Sereníssima) República já se tornam lendárias. As pérolas linguísticas, desfiadas particularmente quando ela tenta improvisar, machucam o idioma tornado obrigatório pelo Marquês de Pombal após expulsar os jesuítas no século XVIII. Tarefa hercúlea: lembre que a Bolívia, pequeno país vizinho, possui habitantes que utilizam muitos dialetos e virtualmente não se comunicam.

Porém, seu antecessor, curto nas letras, é um prodígio ao microfone. Pouco estudo não deixou que ele se mostrasse arredio ao microfone. Pelo contrário, o ex-presidente Lula se agiganta quando tem um microfone e uma plateia. Assim como um músico, um banquinho e um violão. Sinal que o pouco estudo não faz de uma pessoa (homo ou mulher sapiens) um desastre no uso das palavras.

Olhe que a nossa presidente tem muito estudo. Possui graduação em Ciências Econômicas, realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), concluído em 1977. Realizou um mestrado (ainda hoje interrompido) em Ciências Econômicas. Possui também um doutorado (interrompido) nas mesmas áreas. Teria tudo para usar a língua portuguesa em discursos memoráveis. Mas, aparentemente, não sabe fazê-lo.


Não acredita na formação acadêmica dela? Consulte seu currículo, disponível na Plataforma Lattes, que possui uma lista de milhares de profissionais. Veja em: http://lattes.cnpq.br/1357261451494509.

Prof. Luiz Augusto ( prof.luau@gmail.com )

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Exclusão dos Incluídos





Assisti a uma palestra sobre inclusão de estudantes portadores de necessidades especiais. Depoimentos tocantes a respeito da ação da escola e dos professores para com os alunos. Imagens vívidas de ações levadas a efeito por profissionais dedicados. Legado de exemplo para uma pátria educadora (!?). Mais uma ação feita de baixo para cima.

Algumas frases me pontuaram na mente. A ideia de que a inclusão de estudantes com essas limitações é algo feito de forma amadora. Como, aliás, são as ações de qualquer natureza neste país. Como a pátria educadora (!?) é pródiga em leis. Os juristas nacionais já falaram, por inúmeras vezes, que temos boas leis. Mas não sabemos utilizá-las.

                Sempre tive a impressão que nosso país é muito rico. Apesar de uma alta carga de impostos, com retorno mínimo visível para a população. A gestão de nosso país é que muito ruim. Somos amadores em (quase) tudo o que fazemos. A gestão escolar não fica para trás. Um conjunto de leis garante, em nossa pátria educadora (!?) uma série de direitos e ações administrativas. Porém, não se implantam.

                   Vivemos das iniciativas pontuais, de baixo para cima. Muitas vezes capitaneadas pelos professores. Ver rampas de acesso, elevadores para cadeirantes, pisos especiais para deficientes auditivos, divulgação da segunda língua oficial do país, a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS). Em nossa pátria educadora (!?), tudo, ou quase tudo, é realizado com amadorismo.

                    Estradas? Pontes? Viadutos? A gestão é ruim. Como nossa educação seria bem gerida? A legislação vigente, intrincada e mal costurada, segundo comentários ouvidos por um leigo, não permite um uso eficaz. A pátria educadora (!?), por conseguinte, vai do caminho das boas intenções, mas das más práticas. Inicia com um slogan, se desenvolve em cortes orçamentários e terminará...

 Fica mais uma lição para nossos gestores. Quaisquer gestores. Mais do que recursos orçamentários precisamos de capacidades humanas. Pessoas capazes de levar adiante um projeto que se estenda pelos anos e décadas, qualquer que seja o governo. Impossível? Não. Vejam o projeto das eleições informatizadas. Apesar de várias críticas, resistiu ao tempo e se aperfeiçoa. Um alento.

Prof. Luiz Augusto ( prof.luau@gmail.com )

segunda-feira, 1 de junho de 2015

O objetivo e o caminho





O choque de gerações é algo comum desde que o homem paga imposto. As visões de mundo e a percepção dele variam de acordo com cada um. O contexto muda, a percepção muda. As tecnologias evoluem, a percepção muda. Um homem do início do século XX vivia ainda os reflexos da 1ª Revolução Industrial. O homem do século XXI escuta rumores de uma 4ª Revolução.

A geração Y, pós-internet, vive de modo diferente da minha velha geração Y. Seu mundo, particularmente no Brasil, é muito diferente do que a minha geração viu. Inflação, por exemplo, é coisa de livro-didático, ensinado nas escolas. Está certo: um dólar hoje não tem o mesmo valor, em reais, amanhã. Porém, a flutuação é pequena. Inflação de 80% em um só mês?! Não fazem a menor ideia do que é isso.

Assim, observamos, a priori, que a vida dos atuais e jovens estudantes e profissionais é diferente da velha geração Y. Minha geração olhava o futuro: aonde chegar. Mesmo porque o presente era o Governo Militar e a inflação. Pensávamos em longo prazo, mirando um lugar para chegarmos. Além disso, planejávamos a nossa vida de modo que conseguíssemos, um dia, atingirmos esse objetivo.

A atual geração Y, no entanto, parece que trabalha em curto prazo. Sim, claro, possuem um objetivo. Porém, ele não é a prioridade. Seu foco está no presente, no hoje, senão no agora e neste instante. Uma vida pautada no que fazemos, não onde chegaremos. A vida intensa, se possível sem nenhuma dor. Um objetivo estabelecido. Porém, não para agora, não é?

Minha geração aceitava a dor por entender que era um meio, pois sabíamos qual fim queríamos. Ninguém gosta de sofrer. Não se deixa o dente doer, seja um dente X, seja um dente Y. Porém, a resignação, a resiliência, a aceitação são totalmente diferentes em cada geração. O longo prazo atenua o que o curto (curtíssimo?) prazo execra, afasta.

Isso se reflete na sala de aula. Lembro-me das noites na faculdade: pessoas mais velhas, na casa dos vinte e cinco anos, mas atentas. Sabiam o que queriam. Aceitavam um dia de trabalho e os rigores das salas de aula com retroprojetores (caso existissem essas tecnologias de ponta!). Os desconfortos (cansaço, sala de aula, professores) eram necessários para um bem maior.

O aluno Y precisa do hoje. Esses conceitos eu utilizarei hoje? Qual o significado deles? Para que eu preciso disso? Planejamento? Não sei nada sobre isso. Cronograma? Metas? Uma plêiade de nomes vagos de significados obscuros e de propósitos menos ainda claros. O estudante Y precisa daquilo para já. Por que essa cadeira é assim? Onde está o powerpoint?!

A visão do futuro traz a necessidade de planejarmos os passos. A ênfase no objetivo fez a minha geração construir seus próprios caminhos baseados na convicção de que os esforços, os sacrifícios e, por que não dizer a dor, eram necessárias como partes aceitáveis do grande plano da vida X. Talvez por isso toda questão tenha um X (o “X” da questão?).

A Y pensa no caminho. Sem dor, com prazer, vivendo ao máximo cada segundo. Amanhã, nem pensar. Futuro? Não sabe precisar. Geração sem paciência e sem resiliência. Facilmente estressável. Pensamos até que preguiçosa. Não. Escrever, pensar, ler, são tarefas que trazem desconforto, trazem dor. As atividades de sala de aula X não funcionam na sala dos Y.

Encerro estas linhas com uma palavra de otimismo. Não reclamemos dos Y. A Z está aí...

Prof. Luiz Augusto ( prof.luau@gmail.com )

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Padrões de qualidade para ingresso no Ensino Superior





O General George Smith Patton Jr, veterano das duas Guerras Mundiais, escreveu um livro pouco antes de morrer. O livro se intitulava A GUERRA QUE EU VI. Relatava episódios ocorridos durante a 2ª Guerra Mundial e algumas lembranças de sua carreira. É um documento precioso de alguém que viveu, intensamente, a primeira metade do século XX.

O capítulo final possuía uma relação de ensinamentos de vida colhidos na guerra. Esse capítulo se intitulava FAZENDO JUS AO MEU SOLDO. Relatava, entre outras coisas, o exemplo como fator para que os homens sigam um líder num conflito. Utilizava uma metáfora com um macarrão. Dizia que empurra um fio de macarrão num prato era muito difícil. Puxá-lo, nada mais fácil.

O Governo federal, por caminhos certos ou errados, acabou por regular o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (ENADE), como parâmetro de qualidade. Assim, as Instituições de Ensino Superior (IES) possuirão recursos e integrarão o ranking nacional a partir do desempenho de seus egressos. Assim, essas instituições planejaram seus esforços para a qualidade.

Assim, o ENADE vai ao encontro do que ensinava o general americano: não adianta a tentativa de empurrar para qualificar. Precisamos colocar um objetivo, uma meta, lá na frente, para puxar o desempenho dos que seguem nessa direção. Na guerra, o líder. No ensino, o padrão de qualidade, o parâmetro de medida, o certificado de qualificação do produto.

As pessoas podem perguntar: o Exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) não é um padrão de qualidade? Acredito que não. É um exame fechado, auditado pela própria OAB, sem um controle externo de discussão de seus métodos. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), por outro lado, possui equipes interdisciplinares de avaliação, com métodos reconhecidos e evolução constante.

Á Pátria Educadora da segunda gestão da presidente Dilma Rousseff, iniciada com seu discurso de 1° de janeiro de 2015,  modificou o ingresso nas IES. A mídia, pesquisadores, entre outros, denunciam há anos a fragilidade do ensino básico no país. Contudo, repetindo a fórmula do ENADE, acredito que, talvez por linhas tortas, planejado ou não, as instituições de ensino utilizem as novas regras do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) para o planejamento de suas ações educacionais.

A prática mostrou que o aluno se guia pelo desafio que tem que enfrentar. Caso seja uma prova de uma disciplina, estudará para ela. Caso seja o ingresso no ensino superior, se preparará para ele. Como um atleta que busca melhorar seu desempenho. Esse mesmo atleta, por outro lado, definirá um objetivo como barreira a ser vencida: uma altura, uma distância, um tempo, etc.

As mudanças causam desconforto. A Humanidade, entretanto, evoluiu por seu não conformismo. Viveríamos até hoje em cavernas se não fosse o desejo de querer algo melhor. A mudança, na maioria das vezes, é a mola impulsionadora do progresso. Manter o status quo não garantirá a sobrevivência nem um avanço da tecnologia. Assim como manterá, invariavelmente, a evolução à reboque dos conformistas.

Patton tinha razão. A educação brasileira espera que as novas regras surtam um efeito benéfico. Do contrário, sempre se pode piorar.

Prof. Luiz Augusto ( prof.luau@gmail.com )

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Quero ser Doutor. Tem certeza?



Doutor é um título ou grau académico concedido por uma instituição de ensino superior universitário, que pode ser uma universidade, um centro universitário, ou uma faculdade isolada. Em essência e de forma simples, este título certifica a capacidade de seu detentor em desenvolver investigação de forma independente e criativa em um determinado campo da ciência. 
A capacidade supracitada deve ser demonstrada principalmente pela criação de novo conhecimento e validada por publicações em veículos científicos, ou ainda pela obtenção de patentes. No Brasil, somente têm validade nacional os cursos de doutorado obtidos entre aqueles recomendados pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Títulos obtidos no exterior precisam ser reconhecidos por programas nacionais recomendados pela própria Capes.
Fazer um curso de doutorado de maneira bem sucedida exige do seu pleiteante a consciência plena do esforço e da dedicação desprendidas ao longo de aproximadamente cinco anos de uma vida. Em linhas gerais e considerando o caminho feliz, existe o período de um ano para realização de disciplinas obrigatórias, mais dois anos para a apresentação de um trabalho preliminar (fase de qualificação), contendo a essência do que se desenvolverá como Tese final. Essa última, por sua vez, consumirá então mais dois anos. Tanto o trabalho preliminar como a Tese final são apresentados, para fins de avaliação, a uma banca de professores doutores na área de conhecimento desejada.

Dentro deste contexto e considerando a propaganda massiva da mídia e dos órgãos governamentais promovendo a realização de cursos de nível superior, tenho deparado-me com um número crescente de alunos que se dizem interessados em fazer um curso de doutorado. Mas a verdade é que, depois de alguns minutos de conversa, o próprio aluno percebe que seu interesse na realidade não é suficientemente grande para enfrentar o desafio. Usualmente eu destaco nessas conversas as cinco reflexões a seguir mencionadas.

1 - Fazer um Curso de Doutorado envolve um trabalho bastante significativo. A expectativa gerada é muito grande considerando todas as partes envolvidas: você, orientador, instituição, país onde realiza o curso, família, amigos, etc. É preciso ter foco. É preciso ter força de vontade. É preciso ser mentalmente forte e ter uma autoestima bem desenvolvida para não desanimar no meio do caminho (ou até no início). É muito mais importante ser insistente, perseverante e obstinado do que inteligente, brilhante ou genial. Se você consegue reunir tudo isso em você, melhor, mas não pense que ter apenas os últimos três atributos que mencionei vai garantir a realização um bem sucedido Curso de Doutorado.  

2 -  Fazer um Curso de Doutorado vai tornar você um pesquisador nato. Vai lhe dar a capacidade de realizar trabalhos independentes, obter soluções novas para problemas novos e também às vezes velhos. Você será capaz de passar meses pensando sobre um mesmo problema para fins de obter uma solução nunca antes imaginada, mais criativa, mais eficiente.  Ou poderá ainda, criar a solução para um problema que ainda não existe, mas que você já o imagina. Você se divertirá muito intelectualmente. 

3 - O conceito de sociabilidade poderá ser questionado em você. Você passará a ser, digamos, mais sistemático e mais analítico que a maioria das pessoas (que não fazem um curso de Doutorado ou que não sou Doutores) que você conhece. Você inclusive passará a ter alguma dificuldade para conversar com essas pessoas, pois estará sempre buscando uma lógica de organização de pensamento (um encadeamento racional das informações) na fala da outra pessoa (o que na maioria das vezes não vai ocorrer). Outro detalhe é que sua referência temporal mais importante passará a ser o deadline (prazo) para submeter o seu próximo artigo. Por isso, inúmeras vezes você não poderá participar das chamadas festinhas de amigos
  
4 - A pessoa mais influente em sua vida passará a ser seu Orientador. Você deverá escutar atentamente todos os seus conselhos. Deverá ser extremamente resiliente em relação às críticas que eventualmente receber. Deve estar quase sempre disponível para falar ou discutir o seu trabalho, sem importar que data seja. Deve aproveitar ao máximo todas as reuniões agendadas. Não ouse participar de uma reunião sem ter antes se preparado adequadamente para a mesma. Lembre-se que você está construindo a sua reputação. Lembre-se que, se você não construir uma boa reputação, seu próprio orientador não mais o apoiará em seu trabalho, passará a ser um mero observador do seu desenvolvimento. Isso seria uma verdadeira e terrível tragédia. 

5 - Você não receberá um grande salário para realizar seu curso de Doutorado. A bolsa fornecida pelos Órgãos de fomento no Brasil giram em torno de R$ 2.200,00. Isso mesmo: Dois mil e duzentos reais. Se não contar com algum patrocínio extra ou apoio familiar, por exemplo, então não terá uma vida financeira lá muito tranquila, principalmente se estiver em uma metrópole. Outro detalhe é que, durante o curso, a maioria das pessoas que você conhece vai dizer que você não trabalha, só estuda. Ou seja, elas querem dizer que você não contribui com a sociedade, apenas usufrui do que ela te oferece. Mas não se preocupe, ao final dos cinco anos de curso, você se sentirá muito orgulhoso de você mesmo. A sensação de ter conseguido, mesmo diante dos intempéries, será indescritivelmente compensadora. Será como se o tempo não tivesse passado. Também devo lhe dizer que, após concluído o seu Curso de Doutorado e considerando que você decida tornar-se um professor de uma universidade federal no Brasil, seu salário irá estar em torno de R$ 8.500,00. Isso mesmo: Oito mil e quinhentos reais. Ou seja, não pense que você vai se tornar um novo rico da sociedade. Você será rico intelectualmente, mas não financeiramente. 

Bom, para concluir, sou muito feliz por ter feito um Curso de Doutorado. Realmente me realizo profissionalmente com o que faço. Não me vejo exercendo outra atividade profissional. Se tivesse que iniciar de novo, trilharia sem pestanejar o mesmo caminho. Sinto-me muito gratificado em ministrar aulas, fazer pesquisas e orientar trabalhos. Por outro lado, somos indivíduos com necessidades e expectativas por ofício diferentes (ou não). Minha intenção com este texto foi prover uma roupagem menos filosófica e idealista do que está envolvido quando se toma a decisão de se fazer um curso de Doutorado. Espero ter podido ajudar você a decidir mais acertadamente sobre o assunto, se for essa a sua necessidade, claro.    



Prof. Carlo Kleber da Silva Rodrigues 
carlokleber@gmail.com


terça-feira, 24 de março de 2015

Destecnologizando a sala de aula



As ferramentas disponibilizadas pela tecnologia da informação (TI) facilitaram o processo de ensino-aprendizagem. Sistemas de busca, trabalho colaborativo, processamento eletrônico de documentos, planilhas eletrônicas, apresentadores, dentre outros, facilitaram a exposição, desenvolvimento e aperfeiçoamento de conteúdos. Para professores e estudantes.
Contudo, sabemos que a evolução da humanidade se deu pelas carências, não pelos excessos. A falta de iluminação trouxe a lâmpada elétrica. A dificuldade de comunicação trouxe o telefone. Depois, a internet. Todas as invenções, particularmente as que mudaram dramaticamente a vida, o cotidiano, surgiram da escassez, não da abundância.
Acredito que, na contramão do excesso de TI, há uma nova necessidade em sala de aula. Algo ligado à inteligência artificial? Comunicação de voz e dados ultrarrápidos? Não! Quadro e giz. Quadro e giz? Sim, isso mesmo. Ou, para os velhos mestres: “cuspe e giz”. As novas tecnologias abriram espaço para velhas respostas, elas mesmas evolução em um dado momento da história.
As facilidades criaram efeitos colaterais, danosos para a educação. Fotografar slides em sala, ou palavras escritas no quadro, criaram alunos com preguiça de escrever. Digitar é apenas um processo braçal de transmitir arte que o cérebro esculpiu e a linguagem formatou. Uma máquina de escrever (guardo ainda minha velha e querida Olivetti) tem tanta importância quanto um lápis ou uma caneta.
As cerca de quinhentas e trinta mil redações com nota zero do Exame nacional do Ensino Médio (ENEM) de 2014 são um alarme. Há um incêndio na sala de aula: pensar (e escrever). Os alunos, pouco a pouco, perderam a capacidade de se expressarem utilizando um material gráfico. Como aquele tal uso e desuso dos órgãos que aprendi nas aulas de Biologia: não usa, o corpo descarta.
Os resumos de livros, que antes devorávamos nas leituras da juventude, deram lugar a alunos não pensantes, não analisadores e não escreventes. Uma lástima. Certa vez uma aluna me perguntou se eu li Guerra e Paz (do imortal Tolstói). Disse que sim. Ela me falou que era muito grande e pensava em apenas pegar o resumo. Disse que isso equivalia a um tiro na sua formação.
Uma colega professora adotou uma nova postura com seus alunos. Ou, melhor dizendo, velha postura: adotou livro-texto e caderno. Aboliu o powerpoint e passou a escrever no quadro branco (o giz tem que evoluir). Fez os alunos voltarem a escrever, perguntar, fazer lição de casa, fazer exercícios em sala. Passou a pontuar os cadernos. Enfim, voltou aos “velhos tempos”.
Passei a utilizar o mesmo procedimento. Surpresa: os alunos gostaram! Disseram-me que estavam acostumados a isso e estão contentes. Caramba, eu que pensei que seria uma grande dificuldade. Adotei um portfólio de tarefas, tarefas essas que cobrarei sua confecção dentro de um cronograma pré-estabelecido. Nada ficará ao acaso.
Distribuí revistas que assino e guardava, por pena de dar um destino menos glorioso, e mandei escolherem, e lerem, assuntos de seu interesse. Claro, redigissem um texto, dentro de algumas regras simples e objetivas. Muitos disseram que não faziam ideia dos conteúdos que encontraram. Fiz isso com a finalidade de dar conhecimentos gerais e capacidade de síntese.

Descobri que tecnologias consagradas não se esquecem no tempo e se relegam à história da educação. Ainda há espaço para velhas ferramentas. Afinal, o que interessa é aprender. Muitos conceitos se criam, mas não seria prudente esquecer da velha sala, da velha carteira, do velho quadro. Tudo bem, com o novo quadro branco e o novo pincel para ele.

Escrito por: Prof. Luiz Augusto ( prof.luau@gmail.com )

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

A Empresa Educação



Os comentários sobre a educação passam por vários debates. Um dos que ouvi foi a respeito de que a escola deveria possuía a administração de uma empresa. Já vi pessoas a favor e contra. Não acredito que se chegue a um consenso. Afinal, a educação é um tema de discussões há milênios.

Acredito que me filie aos que não vejam a educação como uma empresa. A escola, fisicamente falando, pode ter essa conotação. Porém, a educação não perpassa, segundo minha opinião, por esse lado. Educar é mais que os bancos escolares e a biblioteca.

A formação de pessoas é uma atividade que não tem uma coisa crucial: não pode falir. A empresa vai à falência, a legislação cuida dela. Os danos são alvo de reparação, pagamentos se realizam, penhoras e se aplicam multas, etc. Quando a educação falha, quem paga?

Quando falha, todos pagam. Não há como reverter. Não há como indenizar. Não há como reparar. O dano se instalou e a desgraça repercute para o país. As pessoas que falharam no processo não serão punidas, pois são muitas e se perdem no tempo. Mas a Empresa-Educação não consegue se recompor.

A gestão escolar, onde os meios se colocarão para que as pessoas se beneficiem do processo ensino-aprendizagem, pode ter uma visão empresarial. Mas isso não se aplica quando o gestor, a pessoa dos números, decide transpor a sala de aula para uma planilha de custos. A educação é um investimento. Um sonho.

Quando se dá importância aos números, não ao processo, falham todos. Os resultados da educação se mostram em longo prazo. O gestor deveria, com muito bom senso, compreender que faz parte de uma engrenagem muito maior. Sua parte é importante, mas não decisiva na educação.

O governo entra como gestor de qualidade. Medindo a educação, mas não de forma quantitativa. Números se enganam, se distorcem, se modificam. Os danos que essa ótica traz para o país é catastrófica. Apenas medir o sucesso aliado à estatística torna a medida muito míope.


Escolas são bens tangíveis. Mas lá ocorre a educação, um bem intangível que se torna concreto quando resulta em progresso de um país.


Professor e Educador Luiz Augusto ( prof.luau@gmail.com )