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Ensino Superior no Brasil e no Mundo

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Perfis de aluno do Ensino Superior

No Brasil atualmente temos menos de 15% dos jovens na idade de 18 a 24 anos frequentando o Ensino Superior. Isso corresponde a 6 milhões de alunos. A meta é alcançarmos 10 milhões até 2015. Isso levará o país a possuir a marca de 50% dos jovens no Ensino Superior. Para consecução dessa meta será necessária a inclusão de mais quatro milhões de alunos nos próximos quatro anos.  Estima-se que cerca de 75% desse total será absorvido por Instituições de Ensino Superior  (IES) particulares e o restante por IES públicas.

     Neste contexto, é mister refletir sobre os perfis dos alunos que hoje já estão no Ensino Superior. Essa reflexão pode certamente auxiliar na definição das políticas de incentivo que deverão ser implementadas para consecução da meta acima imaginada. Além disso, essa reflexão também permitirá, com mais propriedade, discutir as políticas de reestruturação das IES existentes, bem como aquelas relacionadas ao estabelecimento de novas IES. O perfil do aluno do Ensino Superior pode ser formalmente analisado sob diferentes perspectivas. A literatura traz inúmeros trabalhos que tratam sobre esse assunto.

     Ao considerarmos, por exemplo, o aspecto psicossocial, notamos, por vezes, o desenraizamento familiar e social, sentimentos de emancipação e, sobretudo, de libertação, ocasionando frequentemente conflitualidade dos valores morais e cívicos anteriormente adquiridos. Por outro lado, ao tentarmos entender o comportamento do aluno perante o tradicional  mecanismo metodológico de ensino-aprendizagem, notamos absentismos às aulas, aceitação da reprovação como normal, dispersão devido ao grande números de atividades simultâneas e, ainda, desajustes nos métodos de estudos.

      Ainda, se pensarmos, por exemplo, nas condições profissionais e socieconômicas dos alunos, vamos então perceber que um novo contingente estudantil chega ao Ensino Superior. Esse contingente não tem  homogeneidade e é cada vez maior, estando em grande parte nos cursos noturnos. Isso indica uma população estudantil trabalhadora, mais velha e com perfil e expectativas bem diferentes daquele aluno do Século passado, que detinha uma sólida formação de ensino médio e era dedicado integralmente à vida acadêmica.
 
       No entanto, em vez de seguirmos a abordagem da análise tradicional de perfil, acima comentada, em que se consideram as causas e os seus efeitos, vamos caminhar neste texto para uma reflexão bem mais simples e objetiva. Essa reflexão que aqui propomos é  predominantemente focada na observação do comportamento individual do aluno. Não há a intenção de entender ou explicar quais as motivações ou razões que o levam a apresentar esse comportamento.

     Acreditamos que, agindo assim, podemos mais eficientemente chegar a diretrizes que, de forma prática e ágil, podem auxiliar na discussão das políticas aplicadas ao Ensino Superior. Vamos considerar a existência de quatro perfis distintos: A, BC e D. Sobre cada um deles discorreremos no intuito de identificar  as principais características que conseguem defini-lo.

      No Perfil A encontramos alunos que se identificam plenamente com o curso que realizam e tencionam trabalhar na área. Esse perfil é naturalmente aquele que o professor lidará com menor dificuldade, pois trata-se de um aluno que já possui a devida motivação para aprender. Usualmente, o aluno desse perfil é participativo em sala de aula, está sempre disposto a enfrentar desafios intelectuais  e não entende o estudo extra-classe como obstáculo, mas sim como uma real necessidade para a devida formação.

      No Perfil B encontramos alunos que não se identificam com o curso que realizam, mas pretendem mesmo assim trabalhar na área. Escolheram o curso por acreditar ser o melhor meio para ganhar dinheiro, para conseguir ascensão econômica-social. Os alunos desse perfil estabelecem o que é importante em função do lucro que podem ter a partir da utilização do conhecimento adquirido. Ao lidar com esse perfil, o professor precisará entender que o comportamento apresentado pelo aluno  é produzido pela falta de maturidade emocional conjugada ao estilo de vida, usualmente ditado pela sociedade consumista em que ele está inserido.  Nesse perfil não encontramos qualquer sinal de motivação pelo simples saber.         

      No Perfil C encontramos alunos que estudam apenas com o objetivo de obter um diploma. Não têm necessariamente a intenção de trabalhar na área. Mas acreditam que o diploma irá proporcionar uma ascensão econômica e social por meio da realização de algum concurso público ou, talvez,  por meio de uma política discricionária que algum amigo irá utilizar para arranjar-lhe um bom emprego. Como no Perfil  B, não há sinal de motivação pelo saber e o professor precisará entender que trata-se de um comportamento advindo principalmente pela imaturidade emocional conjugada a hábitos, costumes e valores que foram recebidos ao longo de sua vida.  Veja ainda que, diferentemente dos perfis anteriores, nesse perfil usualmente não há um curso escolhido, mas apenas a condição de estar em uma IES para obter um diploma. O que menos importa é o curso em si que se frequenta; o que mais importa é realmente o diploma a ser conseguido.   

      No Perfil D encontramos alunos que estão em uma  IES devido a pressões externas ou internas. As pressões externas são provenientes, em sua maioria, dos próprios pais que crêem que ter um diploma seja necessário e suficiente para uma realização profissional e pessoal. Ocorre muitas vezes o que se chama na Psicologia de projeção de valores. Já as internas são aquelas voluntariamente criadas pelo próprio indivíduo na tentativa de dar uma satisfação ao grupo social ao qual pertence. Nesse caso, o aluno pensa que não ter um diploma é um atestado de ignorância e passa a sentir-se inferiorizado ou excluído de seu grupo social. A escolha do curso, nesse caso, é frequentemente feita em função da perspectiva de status social e, como esperado, não há motivação pelo simples saber.

      A consideração dos quatro perfis acima pode auxiliar na discussão de diretrizes a serem  levadas em conta para fins de elaboração das políticas de Ensino Superior. Para efeito de mera exemplificação, enunciemos três diretrizes que vemos como relevantes:

1) não é factível criar regras e simplesmente impô-las para fins de corrigir, eliminar ou enaltecer quaisquer dos perfis acima traçados. Isso quer dizer que, por mais contrário ou receptivos que sejamos a este ou aquele perfil  (A, B, C ou D), nos compete simplesmente aceitá-los como realidade corrente e identificar a melhor forma de lidar-se com o paradigma estabelecido.

2) o aluno é suficientemente capaz de escolher a forma como deseja aprender, independentemente do perfil que o caracterize. A disponibilidade da informação ocorrerá de maneira diversificada: Internet, biblioteca, sala de aula, etc. O que é preciso fazer é criar a conscientização de que essa liberdade traz conjuntamente a responsabilidade, a qual será materializada por meio das avaliações a que os alunos serão submetidos. É verdade que  haverá um período de turbulência até que ocorra essa conscientização, que deverá acontecer mais tardiamente para os alunos dos Perfis C e D.

3) as avaliações a serem aplicadas aos alunos deverão obedecer a critérios claros que permitam a devida preparação.  Esses critérios devem ser direcionados ao que preconizam as Portarias do MEC  no que se refere à expectativa de aquisição de competências e habilidades, por parte dos egressos do Ensino Superior. Os alunos dos quatro perfis passam a ter a clareza necessária para a devida preparação e realização das avaliações. É de se esperar que os alunos dos Perfis C e D sejam aqueles que venham a apresentar maior dificuldade.

        Em um próximo artigo, focaremos em melhor detalhar essas diretrizes. Nesse ínterim, sinta-se à vontade para opiniar sobre esse assunto e, se possível, assista à palestra de Ken Robinson sobre o estímulo à criatividade nos alunos.

Que Deus, como quer que você o imagine, te faça feliz.


                                                                                    Escrito por: Prof. Carlo Kleber

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Critérios para a avaliação no Ensino Superior.

Elaborar uma avaliação é uma tarefa notadamente árdua. Para tanto, é preciso, antes de mais nada, definir claramente o objetivo principal da avaliação e identificar os critérios que permitam comprovar que esse objetivo foi de fato atingido.


      Ao consultarmos o site da Secretaria de Educação Superior (Sesu), vamos encontrar  Portarias do Instituto Nacional de Estudos e Pequisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) que norteiam e estabelecem o que se espera dos graduandos das Instituições de Ensino Superior (IES). Por exemplo, pode-se citar a Portaria Inep nr. 126 de 07 de agosto de 2008.

      Em linhas gerais, essas Portarias preconizam que, além do domínio de conhecimentos e de níveis diversificados de habilidades e competências para perfis profissionais específicos, espera-se que os graduandos das IES evidenciem a compreensão de temas que transcendam ao seu ambiente próprio de formação e importantes para a realidade contemporânea. Essa compreensão vincula-se a perspectivas críticas, integradoras e à construção de sínteses contextualizadas.

         Do exposto no parágrafo anterior, temos de forma direta o objetivo esperado: as avaliações devem ser capazes de constatar o que as Portarias preconizam. Tendo-se esse objetivo, é preciso então partir para definir os critérios que devem ser utilizados para elaborar-se uma avaliação, ou mais especificamente, os critérios para elaborar as questões que constituirão a avaliação. A seguir discorreremos sobre os três mais importantes critérios a serem observados e, brevemente, comentaremos sobre o seu significado.


      1) Conhecimento: as questões devem quantificar o conhecimento adquirido. Neste contexto, é preciso compreender que aluno pode apresentar o conhecimento em vários níveis de profundidade, desde o mais elementar até o mais complexo.

      Por exemplo, quando o aluno é capaz de memorizar uma definição e então reproduzi-la sempre que solicitado, ele está sim demonstrando ter conhecimento. Também quando um aluno consegue analisar um assunto, decompô-lo em partes e ainda apresentar juízo de valor próprio sobre o mesmo, ele está sim demonstrando conhecimento. A diferença entre as duas situações está tão somente  no nível de profundidade de conhecimento apresentado. Assim sendo, as questões em uma avaliação devem observar para que todos os níveis de conhecimento sejam quantificados, desde o mais elementar até o mais complexo (Bloom, 1950).


      2) Habilidades e competências: competência é a faculdade de mobilização de um conjunto de recursos cognitivos - como saberes, habilidades e informações - para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações (Perrenoud, 2000). Veja que nesta perspectiva estamos considerando que o conhecimento adquirido, em qualquer nível de profundade que seja, dê ao seu possuidor condições de resolver problemas na vida real. Naturalmente, quanto maior o nível de profundidade do conhecimento, mais complexa será a situação a ser resolvida.

      Por exemplo, um aluno poderia sair-se muito bem ao ser solicitado a explicar e analisar um problema teórico sobre construção de pontes seguras em localidades de frequentes abalos sísmicos. A questão, neste escopo, seria avaliar a capacidade prática que o aluno teria considerando, por exemplo, que esse fosse solicitado a desenvolver um projeto para construção de pontes em um país como o Japão.


       3) Perspectivas críticas, integradoras e sínteses contextualizadas: neste escopo pode-se depreender que, a partir do conhecimento adquirido e tendo-se desenvolvidas as habilidades e competências relacionadas, o aluno será capaz de questionar os entendimentos e conclusões diretamente advindas da resolução atingida sobre a situação considerada, além de potencialmente conseguir revelar conteúdos e idéias inteiramente inéditas (Bloom, 1950).    
       
       Tendo sido estabelecidos os critérios, é preciso então aplicá-los para a construção das questões em si. Esses três critérios devem ser, sempre que possível, simultanemente utilizados para elaboração de todas as questões constituintes da prova.  O entendimento e a aplicação desse pensamento influenciam diretamente no método de quantificação do desempenho.

     Se é esperado que o patamar mínimo de desempenho seja tal que o aluno consiga apresentar desenvoltura plena no que estabelece as Portarias do Inep, então os três critérios acima explanados devem ser considerados em todas as questões da avaliação. Por outro lado, se admite-se como satisfatório que os alunos, em função da formação proveniente dos ensinos fundamental e médio, venham a ter desempenhos diferenciados e variáveis, alguns com maior desenvoltura que outros, então  não necessariamente os três critérios devem ser utilizados em todas as questões. Esse último pensamento é o que melhor caracteriza a realidade da educação superior no Brasil.


         Em um próximo artigo, irei apresentar e discutir algumas questões de provas. O objetivo será mostrar, por meio de exemplos, como elaborar questões que consideram os critérios acima discutidos. Nesse ínterim, sinta-se à vontade  para opiniar sobre esse assunto e, se possível, assista à palestra de Chimamanda Adichie.


Que Deus, como quer que você o imagine, te faça feliz.


                                                                                   Escrito por: Prof. Carlo Kleber

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Como melhor avaliar no Ensino Superior?

Avaliar é um procedimento comum existente em qualquer paradigma de educação. Esse procedimento deve ser  justo. Deve ser capaz de identificar, comprovar e quantificar o conhecimento obtido pelo aluno durante o período em que este esteve submetido à exposição de informações. Em tese, não importa como essa exposição tenha ocorrido. Seja ela realizada por meio de aulas ministradas por um professor ou seja ela realizada por meio de uma consulta a livros e artigos em uma biblioteca, por exemplo. Não importa.

      Essa definição soa bem simples. Imediata. Mas não é de fácil implementação. Primeiro, há de se questionar o que é ser justo. O termo justiça é usualmente pensado como a garantia da  igualdade e dos direitos de todos os cidadãos, neste caso, alunos. Implicitamente admite-se que ao estabelecermos a justiça teremos consequentemente a satisfação de todas as partes envolvidas, pois apenas o que for certo e devido será praticado.

      A complicação, no entanto, se pronuncia quando observamos que, na realidadade, o que é certo ou errado se define subjetivamente em função da sociedade e de seus costumes. A sociedade, no entanto, se mostra quase sempre heterogênea e dinâmica. Isso significa que, mesmo considerando-se um mesmo instante de tempo, haverá entendimentos diferentes advindos de diferentes alunos. Além disso, ao considerarmos instantes de tempo diferentes, os mesmos alunos provavelmente mudarão seus próprios pensamentos.

       Para ilustrar o anterior, há 20 anos atrás seria inadimissível imaginar um aluno ausentando-se de uma sala de aula sem antes solicitar a autorização ao seu professor. Hoje essa atidude pode ser percebida  como um comportamento que visa tão somente dar mais dinamismo a aula em si - evita que haja uma interrupção advinda da solicitação de autorização ao professor. Nesse caso temos uma exemplificação do dinamismo da sociedade. Mas será que todos os professores dos tempos atuais consideram essa atitude correta? Certamente que não. Nesse momento tem-se a heterogeneidade de pensamentos em um mesmo instante de observação.

      O que fazer então para melhor avaliar, i.e., avaliar com a maior justiça possível, diante de um cenário caracterizado pela heterogeneidade e dinamismo? Isso é conseguido pela consideração de dois elementos essenciais: a autoridade competente e a transparência da forma de avaliação. O primeiro elemento diz respeito à entidade que representará a autoridade para executar  a avaliação, neste caso, o professor em sala de aula. O segundo elemento diz respeito ao que será levado em conta,  i.e., os critérios, para que o primeiro possa então executar a avaliação. Apenas assim teremos a  mais justa avaliação possível.

      Note que sob essa ótica, não há quaisquer garantias de que todos os alunos estarão satisfeitos com a avaliação efetuada. Por outro lado, o aluno passa a conhecer claramente os critérios que serão utilizados em sua avaliação, permitindo que este possa preparar-se adequadamente para a avaliação a que será submetido. Ao mesmo tempo, proporciona ao professor orientações claras sobre como preparar suas aulas e elaborar suas avaliações. Existe uma total transparência para todos as partes envolvidas.

      Mas que critérios seriam esses? Na atualidade muito tem-se falado sobre metodologias para elaboração de avaliações. As propostas têm estimulado, preferencialmente, avaliações que identificam e quantificam nos alunos competências e habilidades para  resolver problemas da vida real.  Por exemplo, mais importante que saber a fórmula para calcular a quantidade de cimento a ser utilizada na construção de um prédio é efetivamente saber como construir o prédio, considerando todas as nuances da vida real. O desafio é, pois, identificar os critérios que possam ser utilizados para atender a esses requisitos.

      Em um próximo artigo passarei a discorrer sobre uma metodologia  voltada para a elaboração de avaliações no ensino superior. O estudo dessa metodologia nos permitirá identificar os critérios em questão. Nesse ínterim, sinta-se livre para opinar sobre o assunto neste espaço e, se possível, assista à palestra de Ken Robinson.

Um cordial abraço e que Deus, como quer que você o imagine, te faça feliz.

                                                                    Escrito por: Prof. Carlo Kleber

sábado, 11 de junho de 2011

Paradigma de Educação Superior.

Assistimos nos últimos anos e ainda temos assistido a uma revolução plena nos meios de disponibilização e acesso à informação. No passado o professor em sala de aula representava a única fonte de informações. Hoje, diferentemente, as fontes são diversas, ubíquas e pervasivas. Definitivamente passamos a ter um novo cenário para o estudo, o ensino e a aprendizagem. Isso faz nascer um novo paradigma de educação superior no Brasil.

      Esse novo paradigma permite ao aluno  aprender de forma bem mais flexível: em qualquer local e a qualquer hora. Não há mais justificativa para ter-se o aluno forçosamente enclausurado em uma sala de aula na expectativa de aprender aquilo que o seu professor estiver ensinando. O aluno passa a ter total  liberdade para escolher de que forma deseja aprender.  Decorre então que as instituições de ensino precisarão se moldar a essa nova realidade.

      Sob essa visão, toda instituição de ensino deverá investir em quatro pilares interdependentes: a infraestrutura; o corpo administrativo e de direção; o corpo docente; e o corpo discente.  A infraestrutura deverá proporcionar  ao aluno,  no mínimo, bibliotecas atualizadas, acesso à Internet , laboratórios de última geração, espaços amplos e confortáveis de estudo, esporte e lazer. O aluno deve perceber o ambiente de sua instituição de ensino perfeitamente seguro e sintonizado com a liberdade e a modernidade preconizadas pelo novo paradigma.

        O corpo administrativo e de direção deverão trabalhar em harmonia com esse modelo, focando precipuamente a eficiência e a presteza dos serviços e dos programas oferecidos a alunos, funcionários e professores. Esses serviços e programas são das mais diferentes naturezas e tipos. Emissão de diplomas, cortesia no atendimento, planos de carreira para seus funcionários e professores, estabelecimento de políticas e programas de incentivo, como bolsas de pesquisa para alunos e professores, são alguns exemplos a serem citados.

         O corpo docente deverá passar por treinamentos para sua adequação ao novo modelo. O principal ponto a ser esclarecido para o professor é que o aluno não depende mais exclusivamente da sala de aula para aprender. Não depende mais exclusivamente do professor para aprender.  Talvez aqui esteja o mais complexo pilar. Na retórica de muitos professores, ao serem defrontados com essa nova perspectiva, parece surgir um sentimento de perda de poder, de carência e de fragilidade. É preciso esclarecer e reforçar que o professor é notoriamente importante e essencial em qualquer que seja o paradigma de educação. Existirá sempre um papel importante a ser desempenhado pelo professor.

         Quanto ao último pilar, o corpo discente, deveremos ter um carinho especial e lembrar sempre que o aluno é a razão de existir um paradigma de educação. Se não houvesse o aluno, não seria preciso falar sobre educação. Com isso em mente, deveremos oferecer-lhe as melhores condições possíveis para a sua aprendizagem. Como disse Newton Freitas, "Não se pode forçar a planta a crescer, nem tampouco se deve abandoná-la; mas liberando-a do que poderia entravar seu desenvolvimento, deve deixá-la brotar". Isso significa dizer ao aluno que ele é livre, capaz e soberano para escolher sua forma de aprendizagem. No entanto, é preciso também mostrar-lhe que com a maior liberdade e a maior flexibilidade, haverá uma maior responsabilidade a ser assumida por ele.

      Em um próximo artigo continuarei a detalhar mais cada um dos pilares acima mencionados. Diferentemente deste, passarei a discorrer sobre como fazer em vez de apenas o que fazer. Nesse ínterim, sinta-se livre para opinar sobre o assunto neste espaço e, se possível, assista à palestra de Ken Robinson.

Um cordial abraço e que Deus, como quer que você o imagine, te faça feliz.

                                                                                Escrito por: Prof. Carlo Kleber