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Ensino Superior no Brasil e no Mundo

domingo, 4 de outubro de 2015

O outro lado da Coréia do Sul





Nós nos acostumamos a olhar a Coréia do Sul por meio dos seus resultados estudantis. Com certeza seu povo atingiu um grau de desenvolvimento muito grande. Contudo, como dizia o prêmio Nobel de Economia Milton Friedman, não existe refeição grátis. O povo sul-coreano pagou (e paga) um preço (muito) alto por esse resultado.

Essa é uma outra face da realidade desse país. Podemos vê-la no site da TV Escola (http://tvescola.mec.gov.br/tve/video/destino-educacao-coreia-do-sul). O leitor também pode ver uma cópia desse mesmo episódio postada no site do Youtube (https://www.youtube.com/watch?v=EavGDbIUiEE). Aconselho os que gostam de educação a verem esse episódio.

O documentário mostra a visão da Coréia do Sul a partir de pais, alunos, pesquisadores em educação e gestores públicos do ensino. É claro que devemos formar nossas opiniões tendo em vista que é uma visão parcial, a partir dos depoimentos editados pelo diretor. Contudo, o que é mostrado me alertou para aspectos que eu mesmo desconhecia.

O primeiro aspecto é a altíssima competitividade. A educação é encarada como uma verdadeira salvação divina, embora sejam budistas em sua maioria. No entanto, pais, professores, colegas (sociedade) cobram resultados. Isto faz com que o aluno se sinta pressionado vinte e quatro horas por dia. Tem que apresentar resultados. Tem que ser capaz de resolver as questões que a escola lhe impõe. Essa cobrança cobra seu preço. Muitas vezes em suicídio.

Outro aspecto importante é a participação dos pais. De cuidarem do trânsito próximo à escola dos filhos até a discussão dos currículos universitários. Os pais vendiam seus bens mais preciosos (muitas vezes os bois de uso na lavoura) para custear os estudos de seus filhos. O esforço seria recompensado pela aprovação do filho e a redenção da família. Então, a Universidade de Seul passou a ser chamada de “Torre dos Ossos Bovinos”.

A cobrança de estilo japonês trouxe alunos competitivos e de resultados. Porém, sem sinergia, sem interação, sem espírito de grupo A competição trouxe a individualidade atroz e o afastamento dos seus colegas. Uma sociedade criada em torno de conquistas tecnológicas, como o hardware de qualidade, mas sem o software necessário para rodar e tocar esses problemas.


A sociedade de resultados necessita de um esforço para recuperar um espírito de união em torno deles mesmos.

autor: Prof. Luiz Augusto ( prof.luau@gmail.com )