Este é um espaço livre para conversarmos sobre o Ensino Superior no Brasil e no mundo. Gostaria de apresentar-lhe algumas reflexões sobre o assunto e, principalmente, conhecer as suas. Participe por meio de postagens e comentários. Seja bem-vindo.

Ensino Superior no Brasil e no Mundo

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Geração Y no Ensino Superior

A Geração Y, também chamada geração do milênio ou geração da Internet, é um conceito da Sociologia que se refere aos cidadãos nascidos após 1980 (ou meados da década de 1970) até meados da década de 1990, sendo sucedida pela Geração Z.


            Os cidadãos da Geração Y desenvolveram-se em uma época de grandes avanços tecnológicos e prosperidade econômica. Cresceram vivendo em ação, estimulados por atividades, fazendo tarefas múltiplas. Foram acostumados a conseguirem o que querem, não se sujeitam às tarefas subalternas de início de carreira e lutam por salários ambiciosos desde cedo. Como uma das características mais marcantes, tem-se a intensa participação nas redes sociais, como Facebook,  e a utilização de aparelhos de comunicação de alta tecnologia, como notebooks, smartphones, iPod e iPad. 

           
         Os nativos de Y também cresceram em meio a um crescente individualismo e extremada competição, onde as informações aparecem numa progressão geométrica e circulam a uma velocidade e tempo jamais vistos antes, o que pode fazer  com que o conhecimento adquirido pelos mesmos seja superficial.

            Esse cenário ajuda a compreender a necessidade de promover  mudanças nos paradigmas de ensino e, sobretudo, nos processos de interação entre os que ensinam e os que aprendem. Marcos Calliari lembra, por exemplo, que as empresas já se reformularam em função desse novo perfil e que as Instituições de Ensino Superior (IES) deveriam fazer o mesmo.

           Infelizmente não há ainda uma fórmula precisa que possa ser simplesmente aplicada para promover as mudanças necessárias para acomodar perfeitamente os nativos de Y no Ensino Superior. No entanto, já nos é possível identificar uma direção geral para guiar essas mudanças: o estabelecimento de desafios de complexidade  compatível com a conjuntura atual.

            Nas gerações anteriores, os jovens do Ensino Superior tinham a disponibilização do conhecimento feita por meio dos professores em sala de aula e, principalmente, por meio dos livros de bibliotecas localizadas nos campi das próprias IES. Além disso, poucos alunos dispunham de recursos financeiros suficientes para compra do mais simples computador disponível da época. A tecnologia computacional somente era acessível nos laboratórios dos campi universitários. Esse quadro fazia com que o conhecimento a ser obtido no Ensino Superior estivesse  confinado ao espaço físico dos campi das IES. Hoje o cenário é bem diferente: a informação está descentralizada e seu acesso pode ser feito por diferentes maneiras.

            Na conjuntura atual, solicitar a um aluno do Ensino Superior, nativo de Y,  que fale sobre a independência do Brasil já não mais representa um verdadeiro desafio em uma disciplina de História, por exemplo. Torna-se na realidade uma questão de fácil resolução. O nativo de Y tenderia, pela lei do menor esforço, simplesmente a copiar aquilo que ele de imediato localizasse na Internet usando o seu iPad, sem nem ao menos ler e questionar o que fora escrito. Um desafio real, compatível com os recursos hoje disponíveis, seria, por exemplo pedir ao aluno que comparasse os processos  de independência ocorridos na América do Sul, ressaltando as similaridades, diferenças e consequências  na atual conjuntura nacional. Esse raciocínio se aplica igualmente a todas as áreas de conhecimento.

            Um outro ponto dentro dessa discussão é  esclarecer aos  nativos de Y que, ao pensar em mercado de trabalho, não existe mais o meu ou o seu país. Existe uma verdadeira aldeia global com competidores de todos os cantos do mundo. Esse processo torna o êxito em uma seleção ainda mais difícil. Os melhores profissionais, independentemente de nacionalidade, certamente ocuparão os melhores postos de trabalho. Os nativos de Y precisam entender que a sua formação no Ensino Superior exigirá bem mais que aquela exigida das gerações anteriores. No entanto, esse cenário não pode ser temido, deve ser  percebido como uma motivação para maior comprometimento e dedicação.

           Sob esse prisma, vale mencionar que  Harvard, Stanford, Universidade do Leste de Londres, Universidade do Sul da Califórnia e Universidade Estadual de Ohio são alguns exemplos de instituições internacionais que pretendem abrir escritório no Brasil ou que estão fazendo tours em terras brasileiras em busca de interessados em seus currículos. No entanto, apenas alunos verdadeiramente criativos, inovadores e dispostos a enfrentar uma grande concorrência têm condições de conseguir uma vaga.

           Também sob esse prisma,  o programa Ciência sem Fronteiras, realizado conjuntamente pelo Ministério da Educação e o da Ciência e Tecnologia, é de extrema pertinência para os nativos de Y. As metas do programa são ambiciosas, prevendo a concessão, até 2014, de 100 mil bolsas de estudos nas melhores universidades internacionais. A ideia é promover, de maneira rápida, o desenvolvimento e estimular os processos de inovação por meio da mobilidade internacional. Os nativos de Y certamente têm aí uma grande oportunidade de se integrar à aldeia global que está nascendo.

           Voltarei a escrever mais acerca desse assunto em postagens futuras. Nesse ínterim, se tiver algum comentário ou reflexão sobre esse assunto, ficarei feliz em publicá-la aqui. Convido-o também a assistir a essa interessante palestra realizada por Ken Robinson: Criatividade.


Que Deus, como quer que você o conceba, te faça muito feliz!

Escrito por: Prof. Carlo Kleber