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Ensino Superior no Brasil e no Mundo

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Práticas Pedagógicas na Sociedade Digital

 As práticas pedagógicas atualmente existentes no ensino superior sofrem impactos direto do uso de novas tecnologias da sociedade digital, com reflexos ainda mais significativos à medida que seu uso está sendo disseminado no cotidiano das pessoas e, por extensão, no processo ensino-aprendizagem em qualquer nível.

A continuada inserção das novas tecnologias, particularmente as da informação e comunicações, é uma realidade crescente. Essas tecnologias são absorvidas com grande destreza, particularmente pela camada mais jovem da sociedade, possivelmente pela necessidade dos jovens e adolescentes de inserirem-se no mundo digital. Com isso novas práticas e hábitos de inter-relações pessoais estão surgindo ou sendo modificadas a cada dia. Isto reflete o modo de agir e pensar onde o sentido de conectar-se ou estar ligado guarda nova dimensão.

Neste enfoque percebe-se que a relação de amizade ou mesmo permanecer fazendo parte de um grupo tem exigido comportamentos (ex: participação em redes sociais) que potencializam atitudes mais timidamente observadas em gerações anteriores (ex: bullyng). Essa nova realidade, assim como outras tantas, tornam-se difíceis de serem ajustadas ou controladas pela falta de elementos reguladores (comportamentais) e surpreende uma sociedade sedenta e aficcionada por tecnologias comunicacionais – é um desafio constante.

O porquê dessa observação é apenas a ponta do iceberg  do que representa tais mudanças, e com elas exigem-se dos docentes novas habilidades na condução de suas atividades didáticas muitas vezes relegadas, talvez por falta de conhecimento em seu pleno domínio exigido pela sociedade digital.

Conhecer tecnologias e saber utilizá-las oportuna e adequadamente na interação educacional é importante, pois os docentes, que normalmente têm uma diferença de idade em relação a seus discentes, necessitam estar inseridos nessa constante mudança, e com isso buscar novas práticas pedagógicas alinhadas ao “linguajar” dessa camada mais jovem, focadas no aprendizado mais eficiente e de forma agradável, na visão desse público.

Essa temática voltada para mudanças não é recente, por sinal bastante explorada por estudiosos da pedagogia e ramos afins, mas avulta de importância atualmente pela onda crescente da inserção na modalidade de Educação a Distância (EAD), fomentada e impulsionada pela grande versatilidade das tecnologias de informação e sua utilização crescente pelas novas gerações.

O que percebo em sala de aula é uma heterogeneidade no público discente, seja em idade ou objetivos, e que se traduz em uma necessidade do docente em adotar estratégias bem diversificadas com objetivo de agregar motivação ao processo ensino-aprendizagem. É um verdadeiro desafio que demanda do professor habilidades e criatividade para inserir em sua comunicação diária com os alunos recursos poderosos, que poderão ampliar e motivar a busca pelo conhecimento.

O que se lê na literatura especializada sobre o assunto são recomendações sempre voltadas nesse sentido, mas que na prática sua execução é ainda bem singela e pontual. Qual aluno que de posse de um notebook, tablet ou iphone, com acesso a Internet, em sala de aula ou nos ambientes de interação de ensino-aprendizagem não aproveita para explorar os vastos recursos que estão à sua disposição? Proibir seu uso seria uma medida adequada ou seria mais interessante e desafiador aproveitar-se dessas habilidades para mudar a maneira de interagir entre eles na forma de buscar e construir novos conhecimentos?

Esse cenário, assim como tantos outros, nos arremete a pensar que há necessidade de se buscar novas práticas pedagógicas, pois as tecnologias permeiam nossas vidas, desde que as crianças aprendem a se comunicar com seus pais numa sede crescente por novos conhecimentos e na adolescência são temperadas por um ingrediente característico da faixa etária: a competição e a busca de espaço.

Em suma, negar a existência do uso de tecnologias nos mais variados momentos da vida social é colocar uma venda nos olhos para não se enxergar a realidade, e como tal, por que não poder também explorá-las nos ambientes de ensino-aprendizagem? Assim, este, a meu ver, é o grande desafio dos educadores: aproximar a comunicação na interação professor-aluno, buscando uma atualização constante em compasso com a rapidez da evolução tecnológica e a sua exploração em massa pela sociedade.


Escrito por: Prof. José Gladistone