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Ensino Superior no Brasil e no Mundo

domingo, 6 de setembro de 2015

A Finlândia como padrão de excelência.






A educação brasileira necessita da busca de boas práticas para que o nosso sistema educacional funcione. Um dos exemplos em voga é o sistema educacional finlandês. A Finlândia apresenta um nível educacional que serve de exemplo para os outros países, inclusive o Brasil. Assinala-se que “precisamos de uma escola que leve os alunos ao limite de suas potencialidades, que os prepare para um mundo cada vez mais globalizado e os ensine a se adaptar ao novo, a se virar diante do inesperado, a criar e inovar”[1].

Transformar um país passa pela educação. Pequenas escolas do início da povoação americana, fundada pelos peregrinos emigrados da Inglaterra, transformaram-se em potencias como Harvard e Yale. Este é um exemplo para derrubar uma falácia: o ensino na Finlândia apresenta resultados porque é um país pequeno. O território americano é o quarto maior do mundo (o Brasil é o quinto). Nem por isso não apresenta padrões elevados de ensino.

Um exemplo sul-americano é a comparação entre dois países de territórios pequenos: Bolívia e Uruguai. Não é o pequeno território de um ou de outro que determinará que seus sistemas educacionais se tornem exitosos. O autor deste trabalho, em viagens pelos dois países, encontrou situações diversas. Escolas bolivianas simples, com iniciativa centrada nos professores. Em contrapartida, escolas do ensino fundamental uruguaias com cerca de cem dias letivos e crianças indo de guarda pó impecavelmente brancos para a escola. Educação de alto nível.

                Uma série de características apresentadas pela Finlândia são [2]:

a) as mudanças se iniciaram em 1972. A independência finlandesa tinha pouco mais de um século (a brasileira completava o sesquicentenário). Estávamos em plena era do MILAGRE ECONÔMICO BRASILEIRO;
b) adoção de um currículo único para todo o país;
c) mais de 93% (noventa e três por cento) das escolas de ensino fundamental e médio são públicas – e de alta qualidade;
d) os professores necessitam de Mestrado, no mínimo, para lecionar. Há muitos candidatos a professor, mas poucas vagas;
e) um professor entrevistado comentou que era mais difícil ser professor do que ser médico na Finlândia. Estimou uma relação de dois mil e quinhentos candidatos para cem vagas;
f) o entendimento dos alunos que a educação faz parte da evolução;
g) valorização total da educação por parte de professores, gestores escolares e alunos;
h) há liberdade de ensino dos professores, mas respeitando limites. Estes são negociados entre sindicatos de professores e gestores de escolas; e
i) as salas de aula possuem tanto os tradicionais quadros a giz quanto computadores e impressoras. Velhos suportes convivem muito bem com tecnologias da informação.

            Ademais, a educação da Finlândia não prioriza a tecnologia pela tecnologia. Ela é importante, é claro, mas não é um remédio para alavancar o nível educacional dos alunos.  “Mais do que acumular dados, o aluno aprende precisa aprender a aprender, porque a toda hora surge um conhecimento novo e relevante no planeta”[3].

           Ainda, outro importante aspecto é a medição de desempenho. O professor Oliver John, da Universidade da Califórnia, em Berkeley, e consultor da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), comentou que “existe o princípio geral de que só o que dá para medir tem valor. Pois já conhecemos bem o peso dessas habilidades que soam tão abstratas”[4]. Não se educa ao acaso: as metas são fundamentais.

           O Brasil tem muito a aprender com a Finlândia. É claro que cópias puras e simples não solucionarão os graves problemas nacionais. No entanto, existem muitas semelhanças entre a estrutura dos colégios militares brasileiros e as escolas finlandesas. Privilegiar o mérito, focar no aluno, preparo dos professores, comprometimento com a excelência, dentre outros aspectos, são itens fundamentais em um portfólio educacional de sucesso.

Prof. Luiz Augusto ( prof.luau@gmail.com )




[1]WEINBERG, Mônica. Voando para o futuro. In: Revista Veja. Editora Abril Cultural, edição 2431, ano 48, n° 25. São Paulo, 24 de julho de 2015, página 86.
[2] MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO (MEC). TV ESCOLA. Destino: Educação – Finlândia. 2011. Disponível em http://tvescola.mec.gov.br/tve/video?vlItem=destino-educacao-finlandia&. Acesso em 2015.
[3]WEINBERG, 2015, p. 86.
[4] WEINBERG, 2015, p. 92.