Este é um espaço livre para conversarmos sobre o Ensino Superior no Brasil e no mundo. Gostaria de apresentar-lhe algumas reflexões sobre o assunto e, principalmente, conhecer as suas. Participe por meio de postagens e comentários. Seja bem-vindo.

Ensino Superior no Brasil e no Mundo

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Um pouco mais de seriedade


Estava esta semana na coordenação de um dos cursos onde ministro aulas quando chegou um pai, exaltado, com sua filha.  Ele estava desde a manhã procurando o coordenador do Curso para falar sobre o Trabalho de Conclusão de Curso de sua filha que, segundo sua própria filha, não havia confeccionado para apresentação perante uma banca avaliadora.

 O Trabalho de Conclusão de Curso é um documento confeccionado pelo Aluno ao final do seu período escolar. Neste trabalho ele procurará, dentre as várias disciplinas realizadas, uma que seja de seu interesse para desenvolver um trabalho de pesquisa sobre uma situação vivida por ele ou por alguma organização que ele tenha acesso. É o retorno que o Aluno presta à Sociedade.

O pai exaltado ameaçava procurar o próprio Reitor para acessar a informação. Eu acredito que ele deva ter recebido da própria filha a comunicação de que ela não se formaria devido à não conclusão da disciplina. Os dois seguiram para a Secretaria para que pudessem verificar os dados sobre o desempenho da Aluna ao longo do último semestre.

Pouco depois vi a Aluna sair correndo da Secretaria. Soube depois que o pai verificou seu desempenho ao longo do Curso: suas notas eram as mínimas necessárias para passar e as faltas estavam lá nas alturas! É uma grande decepção para um pai verificar que, ao contrário de uma suposta irregularidade estivesse acometendo sua filha, ela é que saiu-se pessimamente durante seu curso.

Estórias como essa são, infelizmente, comuns. A legislação não permite que outras pessoas, senão o próprio Aluno, acesse seu desempenho escolar. Os pais devem se resignar em receber a notícia de segunda mão ou ir com o próprio na Secretaria para que possa observar pessoalmente as notas dos seus pimpolhos. Espera-se que sejam mais felizes do que esse pai.

Possuir um Curso Superior hoje em dia, ao contrário do que se pensa, não é tão fácil. Embora encontremos uma faculdade em cada esquina, somente aqueles que estiveram nas suas salas, ministrando disciplinas ou assistindo às aulas, sabem os grandes sacrifícios que devem ser feitos em busca do conhecimento. O diploma, a recompensa, é um troféu de poucos brasileiros.

Esperemos que nossos filhos tenham uma consciência maior ao lidar com suas obrigações de aluno. Estudar é um dever, uma necessidade, um prazer e uma dádiva, quase um privilégio. Devem esmerar-se em construir um conhecimento sólido baseado no estudo, na experiência e na reflexão. Estudar, em muitos lugares no mundo é dado a poucos. Não se deve jogar fora essa chance.

Lembro de assistir a um documentário sobre uma angolana que, a partir de uma cabra, conseguiu estudar e chegou a cursar uma faculdade americana. Ao ver a miséria e o esquecimento que aquela menina sofreu, lembrei minha própria vida, cheia de sacrifícios em busca do saber. Podem nos tirar todos os bens. Porém, o conhecimento adquirido será sempre nosso.

Uma cabra apoiou uma menina e ela chegou ao ensino superior em uma reconhecida instituição de ensino norte-americana. Se os seus pais é que te dão apoio, aluno, você pode levar as coisas mais a sério e, ao invés da decepção que a aluna deu ao pai da minha estória, dar a alegria do objetivo alcançado e do dever cumprido.

Escrito por: Prof. Luiz Augusto.

domingo, 2 de setembro de 2012

A arte de ser diferente

Estava ouvindo uma palestra. Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Doutor, escritor, consultor, falador. Discursava sobre a importância do conhecimento como suporte para a tomada de decisão nas empresas. No decorrer da palestra, cita uma passagem da sua vida de estudante, estagiário em uma empresa ligada à Bolsa de Valores.

Dizia ele que fazia um serviço, recortando notícias de jornais (o chamado clipping) para que os gerentes pudessem manter atenção aos acontecimentos do cotidiano. Tarefa simples, repetida da mesma forma em vários lugares do país e do mundo. No entanto, leitor atento, viu em uma notícia de um dia a ligação de uma notícia recortada quinze dias antes.

Da sua observação resultou uma análise dos fatos, gerando uma informação da tendência do que aconteceria com o mercado tempos depois. O acerto da sua análise o guindou, um mês depois, à Diretoria da empresa em que ingressara como mais um estagiário. Mostrou, com sua experiência pessoal, para a platéia que o assistia, a diferença que fez ele ser diferente, ou seja, fazer o que não se fez antes.

Discuto em sala com meus Alunos, várias vezes, a importância de sermos diferentes, não iguais. Passei por uma Escola Militar, cartesiana na sua formação e no seu pensar, que molda seus Alunos dentro do princípio da uniformidade, onde todos deverão seguir rigidamente princípios iguais, legislações iguais, padrões, diretrizes, enfim, uma plêiade de igualdades, como tijolinhos de uma olaria.

Desde há muito me fazia a seguinte pergunta: como querer reduzir a forma à fôrma (essa é do Manuel Bandeira) se todos são diferentes (iguais apenas perante o Criador e à Lei)? Nunca me convenci dos princípios de igualdade total (só de qualidade total). Sempre achei que uma igualdade artificial não faria a diferença, ela mesma, por conceito, uma desigualdade.

Tudo se confirmou para mim quando, um dia, li um artigo que dizia que havia uma seleção para trabalhar numa famosa empresa de publicidade do Rio de janeiro (não, não era do Duda Mendonça, faz muito tempo esta estória). Pois bem, existiam muitos candidatos (empresa de renome). Porém, só uma vaga. Como de praxe, escrevam seus currículos (naquele tempo era na máquina de escrever mesmo).

Os selecionadores (não existiam os trainées e a Gestão de Pessoas ainda se chamava Recursos Humanos) liam os currículos. Semelhantes, no todo. Porém, num deles, onde se pediam as habilidades, um candidato escreveu: sei fazer acarajé. O pessoal ficou pasmo! Leram todos currículos: só um sabia fazer acarajé! O resto da estória é fácil: o camarada foi o contratado...

O que quero chamar a atenção, com essas duas estórias, é que o mundo não é feito pelos iguais, mas sim pelos diferentes. Existem milhares de jogadores de futebol. Quantos são Pelé? Um, só um. Muitos pilotos, quantos Aírton Senna? Um, também. Muitas mulheres, quantas você escolheu para casar? Uma (tá certo, pelo menos a primeira...).

O fato é que o mundo é movido pelas diferenças, não pelas igualdades. Buscamos algo pelo que difere, não pelo que imita. Passamos a vida tentando o sucesso: ganhar na loto ou loteria. Até na roleta ou no bicho, se o jogo existisse. O importante é que queremos ser especiais, VIP, diferentes. A diferença é a base do sucesso, como é a base da qualidade: o diferencial competitivo, o valor agregado.

O caminho do sucesso é a eterna busca do incomum, do inusitado, da surpresa, do improviso sadio, pela ação espetacular. O que agrega valor às ações é fruto da busca em se ser diferente do usual, do padrão, do standard, do geral, do previsto no Manual ou no Regulamento. Não é ser o tijolinho da fábrica, mas sim o guia genial que conduzirá a sociedade por mares nunca dantes navegados.

Quando perceber que seu filho se destaca, ou seja, ele sai da massa humana e ganha visibilidade, aplauda, vibre, torça, apóie. Ele não é o cigarro Hollywood (eu não fumo e não aconselho ninguém a fumar) mas ele vai para o sucesso. Talvez devagar, talvez depressa, não importa. Mas ele vai por um caminho diferente.

Escrito por: Prof. Luiz Augusto.