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Ensino Superior no Brasil e no Mundo

domingo, 22 de maio de 2016

Educação ou Cultura?



A chegada do vice-presidente da República, Michel Temer, ao poder, polarizou as expectativas nacionais em torno de uma série de modificações no panorama administrativo do Brasil. Um dos temas mais polêmico é a volta da Cultura, antes em um Ministério, para o Ministério da Educação. Uma série de artistas, com muita visibilidade no cenário midiático nacional, opôs-se ferrenhamente a essa medida.

A criação do Ministério da Cultura (MinC) se encontra no seguinte histórico:

O Ministério da Cultura foi criado em 1985, pelo Decreto 91.144 de 15 de março daquele ano. Reconhecia-se, assim, a autonomia e a importância desta área fundamental, até então tratada em conjunto com a educação.
A cultura, ademais de elemento fundamental e insubstituível na construção da própria identidade nacional é, cada vez mais, um setor de grande destaque na economia do País, como fonte de geração crescente de empregos e renda.
Em 1990, por meio da Lei 8.028 de 12 de abril daquele ano, o Ministério da Cultura foi transformado em Secretaria da Cultura, diretamente vinculada à Presidência da República, situação que foi revertida pouco mais de dois anos depois, pela Lei 8.490, de 19 de novembro de 1992.
Em 1999, ocorreram transformações no Ministério da Cultura, com ampliação de seus recursos e reorganização de sua estrutura, promovida pela Medida Provisória 813, de 1º de janeiro de 1995, transformada na Lei 9.649, de 27 de maio de 1998.
Em 2003, a Presidência da República aprovou a reestruturação do Ministério da Cultura, por meio do Decreto 4.805, de 12 de agosto.
(http://www.cultura.gov.br/historico)

O MinC existe para atingir objetivos. Qual é a sua missão?

O Ministério da Cultura é um órgão da administração pública federal direta que tem como áreas de competência a política nacional de cultura e a proteção do patrimônio histórico e cultural.
Por meio das metas do Plano Nacional da Cultura, o MinC trabalha a concepção de cultura articulada em três dimensões: simbólica, cidadã e econômica.
A dimensão simbólica aborda o aspecto da cultura que considera que todos os seres humanos têm a capacidade de criar símbolos que se expressam em práticas culturais diversas como idiomas, costumes, culinária, modos de vestir, crenças, criações tecnológicas e arquitetônicas, e também nas linguagens artísticas: teatro, música, artes visuais, dança, literatura, circo, etc.
A dimensão cidadã considera o aspecto em que a cultura é entendida como um direito básico do cidadão. Assim, é preciso garantir que os brasileiros participem mais da vida cultural, criando e tendo mais acesso a livros, espetáculos de dança, teatro e circo, exposições de artes visuais, filmes nacionais, apresentações musicais, expressões da cultura popular, acervo de museus, entre outros.
A dimensão econômica envolve o aspecto da cultura como vetor econômico. A cultura como um lugar de inovação e expressão da criatividade brasileira faz parte do novo cenário de desenvolvimento econômico, socialmente justo e sustentável.
(http://www.cultura.gov.br/o-ministerio)

As atividades do Ministério contam com sete secretarias para cuidar de suas atividades: Políticas Culturais; Articulação Institucional; Audiovisual; Cidadania e Diversidade Cultural; Fomento e Incentivo à Cultura; Educação e Formação Artística Cultural; e de Apoio a Projetos Culturais (http://www.cultura.gov.br/secretarias). Uma vista pelo endereço mostra que três das sete secretarias não funcionam na Esplanada dos Ministérios, mas sim em um prédio provavelmente alugado.

A missão do MinC mostra que uma série de iniciativas da cultura brasileira se colocam como importantes para a preservação do patrimônio cultural do Brasil. Porém, este autor acredita que a separação de esforços em dois lugares diferentes pode ser uma medida que não contribua para a efetividade de sua atuação. O próprio histórico das mudanças ocorridas com o MinC aponta que não se sabe, administrativamente, onde é o seu lugar.

Os professores, em sala de aula, sabem que a formação dos nossos alunos em cidadão plenos é uma mescla das atividades discentes, em sua série de conteúdos, e suas atividades culturais de identificar, apropriar, defender e propagar as manifestações culturais materiais e imateriais brasileiras. Ou seja, o cidadão completo é o que se forma dentro e fora das paredes da escola.

Assim, em um país carente de recursos, os esforços organizados, planejados, interdisciplinares, farão, em tese, que o que se ensina em sala se continue a ensinar fora de sala. Como queremos que uma biblioteca, um museu, um teatro, uma exposição, uma sinfonia, seja valorizada, se isso não se planeja a apresentar aos alunos em todas as escolas.

Muitos se enganam que o comum é relegar a cultura, que as pessoas não são capazes de apreciar um Bach ou uma Frida Khalo. Andando por Brasília se verifica muitas pessoas, de áreas carentes da Capital Federal, visitando exposições de uma localidade de poucos anos e de pouca história cultural. Não se engane o leigo de que é só uma luta por verbas da Lei Rouanet. É algo mais amplo.


Por isso, defendo um planejamento, não a fusão. Toda mudança administrativa é inócua se os objetivos a perseguir não são mais amplos, mais profundos, mais grandiosos. Caberá ao Executivo Federal pensar políticas de cultura e execução de uma forma mais ampla, O cidadão se forma com ambas as vertentes. Por isso não se possui, até agora, um brasileiro comum preservando a educação e a cultura.

Prof. Luiz Augusto (prof.luau@gmail.com)