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Ensino Superior no Brasil e no Mundo

domingo, 13 de janeiro de 2013

Capacitação é a Solução




Ouvi de um professor que ele, certa vez, passou uma semana mandando seu currículo para uma série de empresas, à procura de uma oportunidade de trabalho. Como profissional da área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) acreditava que não teria problemas em ser chamado para uma entrevista em uma empresa do ramo.

A segunda semana foi reservada para entrevistas. Seis empresas se interessaram em chamá-lo para conversar a respeito de suas qualificações. Ao final do processo de seleção, as seis empresas fizeram convite para que ele pudesse trabalhar nelas. Ou seja, ele estava em condições de escolher, não de ser escolhido, face ao seu esforço pessoal em se capacitar convenientemente.

Muito se tem dito que a cada dia se criam mais empregos no Brasil. Vejo muitas vezes que os chamados balcões de emprego (que se tornaram até comuns na televisão) apresentam candidatos a vagas. Porém, o que reparei é que a maioria de candidatos apresenta qualificações mínimas de empregabilidade. Os espaços que necessitam maior capacidade permanecem de difícil preenchimento.

Outro exemplo que podemos citar é a respeito de uma palestra que assisti recentemente. Como sabem a hidrovia do rio Paraguai serve como escoamento de riquezas do interior do país, como grãos e minérios, além das de países vizinhos, como a Bolívia. O porto de Corumbá-MS foi o mais movimentado da América do Sul há muitos anos, e continua referência ainda hoje.

Esta hidrovia carreia o comércio desde os tempos coloniais, servindo também como canal de comunicação com regiões mais litorâneas. O transporte é feito até Assunção, ou até o rio da Prata, por meio de barcaças carregadas de riquezas produzidas na região.

Devido à grande importância desse tipo de transporte no comércio das regiões da bacia do rio Paraguai, houve a necessidade de melhor qualificação dos condutores das embarcações para fazer face às novas (e maiores) responsabilidades sobre os ombros desses profissionais. Por um dispositivo legal, determinaram às empresas que teriam um ano para que seus condutores possuíssem o curso de Capitão Fluvial.

O palestrante comentou que, a muito custo, conseguiu na região de Ladário-MS nove profissionais para fazerem o curso no Centro de Instrução Almirante Graça Aranha (CIAGA) no Rio de Janeiro, órgão formador de profissionais para a Marinha mercante Brasileira (há outro, mais antigo, em Belém-PA, o Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar (CIABA).

Ao final do curso, por uma série de fatores, apenas seis dos que iniciaram o curso obtiveram êxito, concluindo com aproveitamento. Sabem quantos ficaram na região para conduzirem as barcaças? Nenhum. O motivo? Foram todos contratados por empresas do mesmo ramo que atuam na bacia do rio Amazonas. Ou seja, sua capacitação lhes abriu a porta para melhores condições de empregabilidade.

Voltando à sala de aula, o professor falou da importância do conhecimento teórico para a conquista de melhores oportunidades. Citou que muitas empresas, em que ele foi ser entrevistado, comentaram que apareceram alunos formados em instituições de ensino superior da região. Porém, não apresentavam conhecimento necessário para ocupar as vagas.

Lembrei a ele que muitas vezes eu mesmo, em sala de aula, falei para os alunos que a teoria é fundamental para a capacitação profissional. Os alunos, no entanto, imediatistas muita das vezes, queriam saber a aplicabilidade direta do que era ensinado. Saber para que servia aquilo, ao invés de compreender para depois questionar. Depois de formados é que entendiam e voltavam a estudar (como me disse um ex-aluno meu) “tudo aquilo que eu já deveria saber e não sabia”.

As oportunidades estão por todo o país, à espera de pessoas que entenderam a razão maior da educação e procuraram por esforço pessoal (não só porque a família mandou) ir à escola para aprender, conhecer, trocar idéias, pensar. O futuro pertence aos que, cedo, aprendem essa grande lição de vida.

Escrito por: Prof. Luiz Augusto.