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Ensino Superior no Brasil e no Mundo

sábado, 1 de junho de 2013

Professor ou Pesquisador no Ensino Superior?






Professor ou docente é uma pessoa que ensina uma ciência, arte, técnica ou outro conhecimento. Para o exercício dessa profissão, requer-se qualificações acadêmicas e pedagógicas, para que consiga ensinar a matéria de estudo da melhor forma possível ao aluno. É uma das profissões mais antigas, tendo em vista que as demais, na sua maioria, dependem dela. Paulo Freire ainda diz que: ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.

Uma pesquisa é um processo sistemático de construção do conhecimento que tem como metas principais gerar novos conhecimentos, e/ou corroborar ou refutar algum conhecimento pré-existente. É basicamente um processo de aprendizagem tanto do indivíduo que a realiza quanto da sociedade na qual esta se desenvolve. A pesquisa como atividade regular também pode ser definida como o conjunto de atividades orientadas e planejadas pela busca de um conhecimento. Ao profissional da pesquisa (especialmente no campo acadêmico), dá-se o nome de pesquisador. 

Observando as  definições anteriores, me indago sobre a superposicão dos papéis que esses dois profissionais,  o professor  e o pesquisador, poderiam exercer perante a sociedade. Arrisco até a questionar se, de fato, há alguma superposição. Seriam então papéis excludentes entre si? Como ponto comum dessas definições, está a ligaçao e a afinidade com o meio acadêmico. Como ponto diferencial, está a qualificaçao pedagógica do professor, o qual deve buscar ensinar o assunto da melhor forma possível e, por parte do pesquisador, a busca incessante por um novo conhecimento.

Parece-me então que podemos, a despeito de alguma similitude, presumir que esses dois profissionais têm formações e objetivos diferentes. Isso quer dizer que um professor não precisa ser um pesquisador. Tampouco um pesquisador precisa ser um professor. Por outro lado, por vocação, um professor pode ser também um pesquisador, bem como um pesquisador pode ser também um professor.  Talvez essa combinacao seja a ideal e, se assim considerarmos, devemos rever as estruturas curriculares de formação que hoje permeiam as IES (Instituiçoes de Ensino Superior) e averiguar o que pode ser retificado ou ratificado para alcancar-se esse intento. É um processo naturalmente custoso e de longo prazo. Mas, definitivamente, se faz importante.

Enquanto isso não ocorre, é preciso reforçar a importância da existência de mecanismos permanentes de incentivo (bolsas, projetos, financiamentos, etc) para que todos os envolvidos diretamente neste contexto (ou seja: professores, pesquisadores e professores-pesquisadores) possam exercer seus papéis de forma plena e adequada. Por outro lado, é preciso também alertar que a criação de regras para a consecução de estatísticas focadas em avaliação e produção acadêmica (p. ex., número de artigos científicos publicados, número de orientandos, número de participação em congressos, avaliação de desempeno em sala de aula, etc.) deve ser feita de forma criteriosa, sob pena de potencialmente prejudicar o desenvolvimento do trabalho desses profissionais, por eventualmente se sentirem acuados e/ou pressionados. É preciso lembrar que a pesquisa e o ensino, como a própria aprendizagem, não são processos industriais, mas sim instrinsicamente humanos.

Sob esse contexto, ainda é preciso enfatizar-se dois pontos. Primeiro, a pesquisa e o ensino devem ter incontestavelmente suas prioridades estabelecidas em função de um projeto de interesse nacional. Ou seja, a nação precisa identificar seus reais objetivos. O que quer ser no presente e no futuro? A partir daí,  estabelecer o seu modelo de pesquisa e ensino e os detalhes a ele relacionado. Esse modelo deverá, dentre outros, prever as mudanças curriculares, assinaladas anteriormente, e guiar os mecanismos de avaliação e incentivo que deverão ser utilizados para o desempenho eficiente desses profissionais.

Segundo, a sociedade deve ser esclarecida e conscientizada do modelo que se pretende estabelecer e de sua importância para a nacão. O esclarecimento e a consciência coletiva, e por decorrência o apoio advindo,  tornam-se decisivos para o êxito pleno do modelo. Certa vez, ouvi uma esposa dizer-se muito orgulhosa de seu cônjuge, pois seus alunos haviam obtido notas máximas na disciplina que ele (o próprio conjuge) ministrava. Obviamente, isso, isoladamente, não significa muito, pois as provas aplicadas poderiam ter sido fáceis ou o seu conjugê poderia ser extremamente leniente. Outra vez, ouvi um cidadão criticar a existencia de restaurantes universitarios. Dizia ele que era um verdadeiro desperdicio de dinheiro público. Os dois exemplos, apesar de singelos e pontuais, exemplificam a falta de esclarecimento e consciência.

Que Deus nos faça felizes!
  
Escrito por: Prof. Carlo Kleber da Silva Rorigues.