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Ensino Superior no Brasil e no Mundo

sábado, 29 de novembro de 2014

Sanduíche ou pizza?





Estava com minha esposa em um restaurante quando um jovem (17 ou 18 anos) se aproximou. Como de praxe, pediu dinheiro. Minha esposa, como de praxe, disse que não. Falou que, se ele quisesse, compraria para ele um sanduíche, no mesmo local onde jantávamos, e daria para ele. O rapaz recusou respondendo que não queria sanduíche mas sim uma pizza. E foi-se embora.

O episódio me fez lembrar dos meus alunos que partilham desse tipo de atitude. Acreditam que se não recebem o que querem desdenham do que lhes é oferecido. A geração Y, a qual esse jovem pertence, é assim: só quer seus desejos atendidos, não importa o que se lhes oferece. Esse comportamento, que reporto de absurdo, eles chamam de comum.

Isto se reflete na sala de aula. Uma geração que quer a melhor aula, com o melhor professor, quer a melhor nota e quer o melhor diploma. Uma geração de querentes. Em contrapartida, não tem nada a oferecer. Nem pesquisas muito bem feitas, nem apresentações muito bem planejadas, nem relatórios muito bem redigidos, nem atitudes muito bem pensadas. É uma geração que tem o Google como ícone: tudo está ao alcance, por que ter trabalho?

Esses tipos de atitudes gerarão, cada vez mais, muito bons clientes. Perfeitamente inteirados dos seus direitos, prontos a cobrar bom atendimento, e de muita qualidade. Aptos a divulgar pessoas e lugares que não atendem bem. Rápidos em colocar nas redes sociais os reveses que sofrem e aqueles que não fizeram o que eles tinham direito. Ou achavam que tinham.

Na contramão da história está o Professor. Não pode cobrar muito deles, pois seus alunos não estão nas salas de aula para oferecer nada. Não estão preparados para realizar, pois querem é verificar quando suas notas serão lançadas. Os Professores precisam ser os melhores, mas seus alunos não. São clientes, não estudantes.

O modelo de ensino hoje, baseado em resultados, ou melhor, nos números, minam, cada vez mais, o futuro deste país. Não prima pelo que se ensina mas sim pelos resultados que a escola fornece. Não trabalham para o aperfeiçoamento mas sim pelos incentivos que a escola recebe para ter o aluno em suas salas de aula.

Medito, cada vez mais, sobre o futuro. Onde esses alunos, futuros profissionais, terão em suas carreiras? Como alguém no início da profissão chega para dizer o que a empresa pode fazer por ele, não o que ele veio contribuir para a empresa. Claro que a mídia mostra paraísos empresariais. Mas isso é para poucos, não para a maioria.


John Kennedy, em seu discurso de posse como presidente dos EUA, disse: “não pergunte o que seu país pode fazer por você, mas sim o que você pode fazer pelo seu país”. Acho que cada empresa deveria colocar esta frase na porta do setor de Recursos Humanos / Gestão de Pessoas. Muitos não querem sanduíche: querem pizza!

Professor e Educador Luiz Augusto ( prof.luau@gmail.com )

domingo, 2 de novembro de 2014

O processo do Ensino e o de Aprendizagem



O Ensino é um processo inserido na Constituição Federal de 1988. Está na famosa representação dos cinco dedos como Educação. Para todos, pois se transforma em independência do cidadão perante a sociedade, sua autogestão, sua independência da ignorância que o mantinha nas trevas da ignorância.

A Aprendizagem, no entanto, é uma escolha. Não depende do professor, da escola ou da comunidade. Dá-se nos corações e nas mentes dos estudantes, motivados pela sede do conhecimento e da vontade de aprender. Move tanto uma pequena criança como um idoso africano que levava seu neto para uma escola rural.

Tenho visto uma série de comentários sobre escolas e alunos. Um deles fala que o aluno é do século XXI, o professor do século XX e a escola do século XIX. A tecnologia, no geral, e a internet, em particular, levaram o conhecimento (assim como a tripulação do Capitão Kirk) onde nenhum homem jamais esteve.

Nunca me esqueço de que a melhor palestra que assisti se realizou por apenas um homem com o acompanhamento de um simplório microfone (auditório grande e plateia idem). Estava sentado nessa tarde por obrigação. Mas, aos poucos, o palestrante desfiou ideias de forma tão encantadora, com tanto conhecimento, que ganhou a plateia.

Temos um publico exigente? Sim. A aula deve encantar? Sim. Mas será que um projetor multimídia e tablets nas mãos são a resposta para a atenção dos alunos e sua vontade de saber? O processo, para ser de ensino E de aprendizagem, necessita de parafernália tecnológica?

Paulo Freire estaria totalmente fora deste mundo. Suas ideias não cabem no século XXI. Coitados dos adultos na Educação de Jovens e Adultos: ele, e Elvis, estão mortos. Talvez Elvis ainda viva. Mas Paulo Freire está a sete palmos. Sua iniciativa não caberia no mundo conectado e facebookeado.

Eu e muitos outros professores acreditamos que a tecnologia não é um fim em si mesmo, mas sim um meio para se atingir um fim. A imprensa de Gutemberg trouxe um meio de comunicar em massa. Isto é, o livro de relíquia passou a objeto de consumo. Para os que, movidos pela sede do conhecimento, buscaram em suas páginas (sistema de recuperação ainda insuperável) o saber!

Escolher o aprendizado não é apenas uma escolha que agregue, obrigatoriamente, o uso da tecnologia. É um meio que não devemos ignorar, mas não carrega todas as respostas. O aluno se move pelo que o capta, pelo que o prende, pelo que o chama, pelo que o seduz, pelo que o faz buscar, cada vez mais, saber o que significa aquilo que aquele professor fala.

O objetivo do professor e da escola do século XXI é fazer o que a Igreja Católica (a instituição) fez durante séculos: mudar a linguagem para chegar ao receptor sem, no entanto, nunca mudar a mensagem. Os caminhos para os alunos passam pela compreensão daquele ser que está diante de nós, professores, em sala de aula. Tecnologia é uma resposta fácil.

Proclamo a busca pela resposta difícil: como encantar o aluno? Como falar e eles compreenderem a mensagem? A embalagem pode mudar contanto que o conhecimento se perpetue, se amplie e se divulgue. Bons alunos merecem bons professores. Bons professores necessitam buscar os alunos, levando a sagrada missão de ensinar. Aprender? É com eles.

Professor e Educador Luiz Augusto ( prof.luau@gmail.com )