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Ensino Superior no Brasil e no Mundo

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Critérios para a avaliação no Ensino Superior.

Elaborar uma avaliação é uma tarefa notadamente árdua. Para tanto, é preciso, antes de mais nada, definir claramente o objetivo principal da avaliação e identificar os critérios que permitam comprovar que esse objetivo foi de fato atingido.


      Ao consultarmos o site da Secretaria de Educação Superior (Sesu), vamos encontrar  Portarias do Instituto Nacional de Estudos e Pequisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) que norteiam e estabelecem o que se espera dos graduandos das Instituições de Ensino Superior (IES). Por exemplo, pode-se citar a Portaria Inep nr. 126 de 07 de agosto de 2008.

      Em linhas gerais, essas Portarias preconizam que, além do domínio de conhecimentos e de níveis diversificados de habilidades e competências para perfis profissionais específicos, espera-se que os graduandos das IES evidenciem a compreensão de temas que transcendam ao seu ambiente próprio de formação e importantes para a realidade contemporânea. Essa compreensão vincula-se a perspectivas críticas, integradoras e à construção de sínteses contextualizadas.

         Do exposto no parágrafo anterior, temos de forma direta o objetivo esperado: as avaliações devem ser capazes de constatar o que as Portarias preconizam. Tendo-se esse objetivo, é preciso então partir para definir os critérios que devem ser utilizados para elaborar-se uma avaliação, ou mais especificamente, os critérios para elaborar as questões que constituirão a avaliação. A seguir discorreremos sobre os três mais importantes critérios a serem observados e, brevemente, comentaremos sobre o seu significado.


      1) Conhecimento: as questões devem quantificar o conhecimento adquirido. Neste contexto, é preciso compreender que aluno pode apresentar o conhecimento em vários níveis de profundidade, desde o mais elementar até o mais complexo.

      Por exemplo, quando o aluno é capaz de memorizar uma definição e então reproduzi-la sempre que solicitado, ele está sim demonstrando ter conhecimento. Também quando um aluno consegue analisar um assunto, decompô-lo em partes e ainda apresentar juízo de valor próprio sobre o mesmo, ele está sim demonstrando conhecimento. A diferença entre as duas situações está tão somente  no nível de profundidade de conhecimento apresentado. Assim sendo, as questões em uma avaliação devem observar para que todos os níveis de conhecimento sejam quantificados, desde o mais elementar até o mais complexo (Bloom, 1950).


      2) Habilidades e competências: competência é a faculdade de mobilização de um conjunto de recursos cognitivos - como saberes, habilidades e informações - para solucionar com pertinência e eficácia uma série de situações (Perrenoud, 2000). Veja que nesta perspectiva estamos considerando que o conhecimento adquirido, em qualquer nível de profundade que seja, dê ao seu possuidor condições de resolver problemas na vida real. Naturalmente, quanto maior o nível de profundidade do conhecimento, mais complexa será a situação a ser resolvida.

      Por exemplo, um aluno poderia sair-se muito bem ao ser solicitado a explicar e analisar um problema teórico sobre construção de pontes seguras em localidades de frequentes abalos sísmicos. A questão, neste escopo, seria avaliar a capacidade prática que o aluno teria considerando, por exemplo, que esse fosse solicitado a desenvolver um projeto para construção de pontes em um país como o Japão.


       3) Perspectivas críticas, integradoras e sínteses contextualizadas: neste escopo pode-se depreender que, a partir do conhecimento adquirido e tendo-se desenvolvidas as habilidades e competências relacionadas, o aluno será capaz de questionar os entendimentos e conclusões diretamente advindas da resolução atingida sobre a situação considerada, além de potencialmente conseguir revelar conteúdos e idéias inteiramente inéditas (Bloom, 1950).    
       
       Tendo sido estabelecidos os critérios, é preciso então aplicá-los para a construção das questões em si. Esses três critérios devem ser, sempre que possível, simultanemente utilizados para elaboração de todas as questões constituintes da prova.  O entendimento e a aplicação desse pensamento influenciam diretamente no método de quantificação do desempenho.

     Se é esperado que o patamar mínimo de desempenho seja tal que o aluno consiga apresentar desenvoltura plena no que estabelece as Portarias do Inep, então os três critérios acima explanados devem ser considerados em todas as questões da avaliação. Por outro lado, se admite-se como satisfatório que os alunos, em função da formação proveniente dos ensinos fundamental e médio, venham a ter desempenhos diferenciados e variáveis, alguns com maior desenvoltura que outros, então  não necessariamente os três critérios devem ser utilizados em todas as questões. Esse último pensamento é o que melhor caracteriza a realidade da educação superior no Brasil.


         Em um próximo artigo, irei apresentar e discutir algumas questões de provas. O objetivo será mostrar, por meio de exemplos, como elaborar questões que consideram os critérios acima discutidos. Nesse ínterim, sinta-se à vontade  para opiniar sobre esse assunto e, se possível, assista à palestra de Chimamanda Adichie.


Que Deus, como quer que você o imagine, te faça feliz.


                                                                                   Escrito por: Prof. Carlo Kleber

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