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Ensino Superior no Brasil e no Mundo

sábado, 11 de junho de 2011

Paradigma de Educação Superior.

Assistimos nos últimos anos e ainda temos assistido a uma revolução plena nos meios de disponibilização e acesso à informação. No passado o professor em sala de aula representava a única fonte de informações. Hoje, diferentemente, as fontes são diversas, ubíquas e pervasivas. Definitivamente passamos a ter um novo cenário para o estudo, o ensino e a aprendizagem. Isso faz nascer um novo paradigma de educação superior no Brasil.

      Esse novo paradigma permite ao aluno  aprender de forma bem mais flexível: em qualquer local e a qualquer hora. Não há mais justificativa para ter-se o aluno forçosamente enclausurado em uma sala de aula na expectativa de aprender aquilo que o seu professor estiver ensinando. O aluno passa a ter total  liberdade para escolher de que forma deseja aprender.  Decorre então que as instituições de ensino precisarão se moldar a essa nova realidade.

      Sob essa visão, toda instituição de ensino deverá investir em quatro pilares interdependentes: a infraestrutura; o corpo administrativo e de direção; o corpo docente; e o corpo discente.  A infraestrutura deverá proporcionar  ao aluno,  no mínimo, bibliotecas atualizadas, acesso à Internet , laboratórios de última geração, espaços amplos e confortáveis de estudo, esporte e lazer. O aluno deve perceber o ambiente de sua instituição de ensino perfeitamente seguro e sintonizado com a liberdade e a modernidade preconizadas pelo novo paradigma.

        O corpo administrativo e de direção deverão trabalhar em harmonia com esse modelo, focando precipuamente a eficiência e a presteza dos serviços e dos programas oferecidos a alunos, funcionários e professores. Esses serviços e programas são das mais diferentes naturezas e tipos. Emissão de diplomas, cortesia no atendimento, planos de carreira para seus funcionários e professores, estabelecimento de políticas e programas de incentivo, como bolsas de pesquisa para alunos e professores, são alguns exemplos a serem citados.

         O corpo docente deverá passar por treinamentos para sua adequação ao novo modelo. O principal ponto a ser esclarecido para o professor é que o aluno não depende mais exclusivamente da sala de aula para aprender. Não depende mais exclusivamente do professor para aprender.  Talvez aqui esteja o mais complexo pilar. Na retórica de muitos professores, ao serem defrontados com essa nova perspectiva, parece surgir um sentimento de perda de poder, de carência e de fragilidade. É preciso esclarecer e reforçar que o professor é notoriamente importante e essencial em qualquer que seja o paradigma de educação. Existirá sempre um papel importante a ser desempenhado pelo professor.

         Quanto ao último pilar, o corpo discente, deveremos ter um carinho especial e lembrar sempre que o aluno é a razão de existir um paradigma de educação. Se não houvesse o aluno, não seria preciso falar sobre educação. Com isso em mente, deveremos oferecer-lhe as melhores condições possíveis para a sua aprendizagem. Como disse Newton Freitas, "Não se pode forçar a planta a crescer, nem tampouco se deve abandoná-la; mas liberando-a do que poderia entravar seu desenvolvimento, deve deixá-la brotar". Isso significa dizer ao aluno que ele é livre, capaz e soberano para escolher sua forma de aprendizagem. No entanto, é preciso também mostrar-lhe que com a maior liberdade e a maior flexibilidade, haverá uma maior responsabilidade a ser assumida por ele.

      Em um próximo artigo continuarei a detalhar mais cada um dos pilares acima mencionados. Diferentemente deste, passarei a discorrer sobre como fazer em vez de apenas o que fazer. Nesse ínterim, sinta-se livre para opinar sobre o assunto neste espaço e, se possível, assista à palestra de Ken Robinson.

Um cordial abraço e que Deus, como quer que você o imagine, te faça feliz.

                                                                                Escrito por: Prof. Carlo Kleber

Um comentário:

  1. Este assunto me parece bem mais complexo pois envolve interesses de diferentes matizes: alunos, professores, MEC, e a própria IES. Cada um deles com enfoques bem distintos e muitas vezes conflitantes - vejo essa perspectiva apresentada de certa forma ideal e ao mesmo tempo utópica para nossa sociedade atual. Só para exemplificar podemos apontar alguns pontos conflitantes que dificultam ou impossibilitam essa prática apresentada, na sua plenitude:

    1) Concorrência entre IES como empresa lucrativa: há uma necessidade de balanco custo benefício onde os investimentos nem sempre são voltados apenas à qualidade do ensino. Como empresa aberta a IES está de olho na concorrência de forma a atender aos requisitos mínimos exigidos pelo Ministério da Educação. No meu entendimento, o atendimento a essas exigências limitam-se tão somente para redução de gastos e assim tirar o maior proveito dos capital investido.

    2) Interesse e expectativa dos alunos: Como dito anteriormente em outro artigo do blog, a diversidade de alunos que frequentam atualmente as IES é bem variada e com isso os interesses individuais dos alunos também o são, tornando-se o modelo apresentado praticamente inexequível pois parte do pressuposto que o despertar do aluno em busca do aprendizado é um fato marcante - o que não ocorre.

    3) Quanto ao MEC - como instituição normativa e controladora de todo o sistema de ensino, inclusive do nível superior, precisa identificar instrumentos que se possa fazer avaliação para constatar processos de ensino consistentes - mesmo ao longo do transcurso de qualquer curso do ensino superior. Vejo a forma apresentada como um modelo bastante difuso e de difícil controle - consequentemente exigiria formas mais padronizada para o MEC poder intervir em qualquer etapa do processo.

    4) Quanto aos professores - na realidade a pedagogia por meio do discurso das práticas pedagógicas moderna vem orquestrando há algum tempo por modelos mais participativos e dinâmicos, por meio de quebra de paradigmas que dificilmente são cumpridos em sua maioria, fruto da pouca condição ofertada aos docentes. Atividades abertas como forma de ensino-aprendizagem, aliada à forma de avaliação que também é outro ponto discutido na própria pedagogia, se torna de difícil execução pois delega ao professor e naturalmente isso exigirá dele, uma mecanismo de controle permanente bastante desgastante, que poderá desvirtuá-lo de sua atividade fim (ser um elo de ligação entre aluno, escola e a prática ensino-aprendizagem) como intermediador dos temas propostos para discussão pelos alunos.
    Ademais, o volume de conteúdos a serem buscado poderá se tornar tão divergente que o próprio docente e consequentemente os alunos, fatalmente se perderiam, não havendo de certa forma uma padronização do ensino (exigida pelo MEC) e a existência de unidade do grupo de alunos (modelo atual em forma períodos letivos e competências a serem atingidas em cada um deles).

    A meu ver este assunto deve ser mais esmiuçado de forma a se tornar possível sua aplicação.


    José Gladistone

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