Este é um espaço livre para conversarmos sobre o Ensino Superior no Brasil e no mundo. Gostaria de apresentar-lhe algumas reflexões sobre o assunto e, principalmente, conhecer as suas. Participe por meio de postagens e comentários. Seja bem-vindo.

Ensino Superior no Brasil e no Mundo

sábado, 2 de junho de 2012

Qualificação ou Mediocridade?


Recentemente assistimos a uma troca de idéias a respeito dos concursos de admissão ao Instituto Rio Branco, onde são formados os diplomatas do Brasil. O Instituto sempre prezou pelo rigor com que selecionava e formava seus alunos, alguns dos quais tenho a satisfação de privar da amizade.


O debate se estendeu pela postura do Governo brasileiro de retirar a obrigatoriedade de fluência no idioma inglês, parte essencial dos concursos anteriores. Justificou-se dizendo que não era preciso saber inglês para representar o Brasil no exterior.

As razões mencionadas por Celso Amorim, então Ministro das Relações Exteriores, trouxeram à baila razões como a igualdade de condições entre os candidatos, diminuindo o peso no domínio do idioma em detrimento do conhecimento global dos candidatos em relação aos requisitos exigidos pelo concurso para acesso à carreira.

Ao longo de muitos anos assisti a uma série de mudanças na legislação do ensino no Brasil. Em nome da modernização do processo, vi decrescer o grau de exigência e dos padrões de aprovação dos alunos ao longo das etapas estabelecidas. Mudanças de nome à parte, não vi grandes avanços.

O que assisti, na realidade, foi a dilapidação dos padrões de exigência, levando a uma preocupação com índices em vez  de se preocuparem com o nível do que era ensinado. Coisas ridículas como a “alavancagem” de alunos reprovados numa série para reduzir as estatísticas sobre reprovação, por exemplo.

Não se melhora um país sem educação. Não se preparam os líderes de uma nação sem um preparo adequado. As lideranças futuras serão sempre comprometidas enquanto não cuidarmos da formação dos nossos líderes. O processo não visa a uma elitização do processo, mas sim à criação de uma elite.

Todos os povos possuem suas elites. Não uma elite social que se encontra nas colunas sociais, fruto da vaidade do ser humano. As elites são os profissionais que, em todos os escalões da sociedade brasileira, terão sobre seus ombros a responsabilidade de guiarem o Brasil na direção do progresso.

Elites não são classes separadas do restante da sociedade, como vimos em algumas culturas ao longo da história. As elites são formadas pelas pessoas que possuem a capacitação necessária para a tomada das decisões que se precisa para a condução de um povo. O povo brasileiro, ao longo dos anos, dilapidou seu processo de formação das suas elites.

As pessoas não são iguais. Criar processos de diminuir a distância entre a futura classe dirigente e o restante da população em nome de uma “igualdade de condições” é legalizar a incompetência. A sala de aula é o lugar mais importante nesse processo. Porém, não está mais sendo encarado como tal.

Professores deveriam ser muito bem capacitados, além de remunerados. Os processos de seleção aos cursos de formação profissional deveriam ser aperfeiçoados. O nível de exigência a ser aplicado deve ser balizado pela qualidade que se deseja. Não se enganem: a formação de profissionais está deficiente.

O dia a dia nos mostra que a exigência para se sacar dinheiro num caixa eletrônico é quase a mesma de se manusear um computador. Não temos como voltar. Queremos o melhor? Há que se melhorar a formação do brasileiro. Sem educação não há esperança.

Escrito por: Prof. Luiz Augusto

2 comentários:

  1. É um texto que busca fazer pensar sobre o meio correto para atingir-se uma melhor formação educacional. Também alerta acerca das ilusões produzidas ao apenas observarmos estatísticas sem levarmos em conta aquilo que as produziu. Parabéns ao professor Luiz Augusto pelas ideias aqui compartilhadas.

    ResponderExcluir
  2. Ainda nessa semana eu pensava sobre esse assunto (antes de ler esse texto). A preocupação é com os índices. Não se dá condições para que o professor faça um bom trabalho; criam ferramentas que tendem a facilitar o processo para que pessoas cada vez mais despreparadas consigam chegar a lugares onde antes era necessário se estudar muito.

    É como eu vi em um livro que li do professor Pierluigi Piazzi onde ele fala da qualidade do ensino comparado com o florescimento de uma azaléia. Elas simplesmente não florecem. A preocupação maior é com o termômetro e não com a temperatura. Para ver essa história (antigamente era estória, não é mesmo?) acessem:
    http://sementedeideias-callrodrigues.blogspot.com.br/2011/08/as-azaleias-nao-florescem.html

    Tudo de bom.
    Luís Cláudio LA

    ResponderExcluir