O
professor César Camacho, presidente do Instituto Nacional de Matemática
Aplicada (IMPA), concedeu uma entrevista para falar dos princípios que regem o
Instituto. Suas palavras ressaltam o tempo todo que o mérito é o principal
norteador do IMPA. Assim, estar nesse centro de excelência significa navegar na
excelência e no mérito: Camacho toca, em sua entrevista, na formação dos
professores:
É louvável que
estejam providenciando um currículo unificado que sirva de roteiro e dê clareza
sobre as metas de ensino. Mas essa é apenas a casca do problema. Sem um mestre
que domine minimamente o conteúdo e que tenha capacidade de transmiti-lo, o
currículo periga virar peça decorativa. É emergencial, portanto, aumentar o
nível das faculdades que ainda preparam mal os aspirantes à docência. Esse é um
papel para o governo federal. Especialmente na matemática – disciplina em que o
aluno, se não assimila um conceito, fica boiando no seguinte -, um professor
ruim representa grande perigo. Ele pode comprometer o futuro do estudante e do
próprio país (Revista Veja, edição 2449, ano 48, n° 43, 28 de outubro de 2015)
Os
países latino-americanos vivem um surto de passado. Não conseguimos pensar em
um futuro promissor. Não pensamos em uma gestão que agregue valor a produtos,
apenas pensamos em vender sem inserir o conhecimento no que se vende. Os
chineses, com milênios de história, ocupam poucas linhas de seus livros
didáticos para falar no passado. Pensam, sim, no futuro, na globalização.
Os
sul-coreanos pensam nisso também. Fábricas de ponta, alta tecnologia, levam
fortunas para o país. Contudo, os equipamentos vendidos não acompanham a
necessidade do software a ser embutido. Não há cérebros necessários para
gerenciar essa demanda. É nisso que os sul-coreanos jogarão suas fichas para o
futuro.
A
pesquisa não é uma prioridade no Brasil. Pensamos com pouca objetividade. Não
temos gestão, pois isso dá trabalho. Não gostamos de planejar nem de pensar no
futuro. Não construímos as coisas de maneira integrada, pensando em cada
atividade como um processo. Não há interdisciplinaridade na solução dos
problemas, apenas respostas estanques.
Tudo
começa na família, em casa. Depois, no professor. Como ressaltou Camacho, o
professor deve ser formado e capaz de congregar seus conhecimentos à arte de
ensinar, de ligar os pontos, de dar sentido aos saberes. O professor,
novamente, é protagonista do progresso.
Prof. Luiz Augusto ( prof.luau@gmail.com )