O Conselho
Federal de Medicina (CFM) baixou uma norma proibindo a realização de fotos
pessoais (o famoso selfie) por
médicos no exercício da profissão. Ou seja: no trabalho, não pode se
fotografar. O caso teria origem em fotos divulgadas por médicos nas redes
sociais. Um médico na unidade de Planaltina, no Distrito Federal, teria um selfie enquanto pessoas esperavam atendimento.
Confúcio diria
que “tudo isso seria cômico se não fosse trágico”. Acredito ser um absurdo que
um órgão como o CFM deva se debruçar sobre uma conduta que não tenha nada a ver
com procedimentos de conduta médica em ambiente de trabalho. O caso em questão
vai além do hospital, ambulatório ou posto de saúde: é um caso de valores
humanos.
O juramento de
Hipócrates, o qual os médicos, por tradição, repetem ao final de sua graduação,
tem milênios d existência. É tão importante que permanece atual até o século
XXI. Podemos encontra-lo, por exemplo, no site do Conselho Regional de Medicina
do Estado de São Paulo: (https://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Historia&esc=3):
Eu
juro, por Apolo médico, por Esculápio, Hígia e Panacea, e tomo por testemunhas
todos os deuses e todas as deusas, cumprir, segundo meu poder e minha razão, a
promessa que se segue:
Estimar,
tanto quanto a meus pais, aquele que me ensinou esta arte; fazer vida comum e,
se necessário for, com ele partilhar meus bens; ter seus filhos por meus próprios
irmãos; ensinar-lhes esta arte, se eles tiverem necessidade de aprendê-la, sem
remuneração e nem compromisso escrito; fazer participar dos preceitos, das
lições e de todo o resto do ensino, meus filhos, os de meu mestre e os
discípulos inscritos segundo os regulamentos da profissão, porém, só a estes.
Aplicarei
os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para
causar dano ou mal a alguém.
A
ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a
perda. Do mesmo modo não darei a nenhuma mulher uma substãncia abortiva.
Conservarei
imaculada minha vida e minha arte.
Não
praticarei a talha, mesmo sobre um calculoso confirmado; deixarei essa operação
aos práticos que disso cuidam.
Em
toda casa, aí entrarei para o bem dos doentes, mantendo-me longe de todo o dano
voluntário e de toda a sedução, sobretudo dos prazeres do amor, com as mulheres
ou com os homens livres ou escravizados.
Àquilo
que no exercício ou fora do exercício da profissão e no convívio da sociedade,
eu tiver visto ou ouvido, que não seja preciso divulgar, eu conservarei
inteiramente secreto.
Se
eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da
vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me
afastar ou infringir, o contrário aconteça.
Bastaria
cada um dos médicos em questão se aterem aos valores, não aos modismos,
inclusos na fórmula de Hipócrates. O sábio grego colocou os valores do próximo
ao alcance do profissional. Nada mais contrário ao seu juramento do que colocar
a si próprio como protagonista de sua própria profissão, não os seus pacientes.
Este é mais um dos problemas da crise de valores nascida no seuio da sociedade, em geral, e na família, em particular. Discute-se o que é família. Discute-se o que é casamento. Discute-se o que é ou não é politicamente correto. Não se discute o que é o certo e o que é errado, universalmente.
A sociedade, e
seus profissionais, formam-se com muitos conhecimentos, mas poucos valores. A
revolução dos valores é uma necessidade que se impõe à barbárie dos selfies médicos (ou de qualquer
profissão).
Escrito por: Prof. Luiz Augusto ( prof.luau@gmail.com )
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