Nós nos acostumamos a olhar a Coréia do Sul por meio dos seus resultados estudantis. Com
certeza seu povo atingiu um grau de desenvolvimento muito grande. Contudo, como
dizia o prêmio Nobel de Economia Milton Friedman, não existe refeição grátis. O
povo sul-coreano pagou (e paga) um preço (muito) alto por esse resultado.
Essa é uma outra
face da realidade desse país. Podemos vê-la no site da TV Escola (http://tvescola.mec.gov.br/tve/video/destino-educacao-coreia-do-sul).
O leitor também pode ver uma cópia desse mesmo episódio postada no site do Youtube
(https://www.youtube.com/watch?v=EavGDbIUiEE).
Aconselho os que gostam de educação a verem esse episódio.
O documentário
mostra a visão da Coréia do Sul a partir de pais, alunos, pesquisadores em
educação e gestores públicos do ensino. É claro que devemos formar nossas
opiniões tendo em vista que é uma visão parcial, a partir dos depoimentos
editados pelo diretor. Contudo, o que é mostrado me alertou para aspectos que
eu mesmo desconhecia.
O primeiro
aspecto é a altíssima competitividade. A educação é encarada como uma
verdadeira salvação divina, embora sejam budistas em sua maioria. No entanto,
pais, professores, colegas (sociedade) cobram resultados. Isto faz com que o
aluno se sinta pressionado vinte e quatro horas por dia. Tem que apresentar
resultados. Tem que ser capaz de resolver as questões que a escola lhe impõe.
Essa cobrança cobra seu preço. Muitas vezes em suicídio.
Outro aspecto
importante é a participação dos pais. De cuidarem do trânsito próximo à escola
dos filhos até a discussão dos currículos universitários. Os pais vendiam seus
bens mais preciosos (muitas vezes os bois de uso na lavoura) para custear os
estudos de seus filhos. O esforço seria recompensado pela aprovação do filho e
a redenção da família. Então, a Universidade de Seul passou a ser chamada de
“Torre dos Ossos Bovinos”.
A cobrança de
estilo japonês trouxe alunos competitivos e de resultados. Porém, sem sinergia,
sem interação, sem espírito de grupo A competição trouxe a individualidade
atroz e o afastamento dos seus colegas. Uma sociedade criada em torno de
conquistas tecnológicas, como o hardware de qualidade, mas sem o software
necessário para rodar e tocar esses problemas.
A sociedade de
resultados necessita de um esforço para recuperar um espírito de união em torno
deles mesmos.
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