Estava esta semana na coordenação de um dos cursos onde ministro aulas quando chegou um pai, exaltado, com sua filha. Ele estava desde a manhã procurando o coordenador do Curso para falar sobre o Trabalho de Conclusão de Curso de sua filha que, segundo sua própria filha, não havia confeccionado para apresentação perante uma banca avaliadora.
O pai exaltado ameaçava procurar o próprio Reitor para acessar a informação. Eu acredito que ele deva ter recebido da própria filha a comunicação de que ela não se formaria devido à não conclusão da disciplina. Os dois seguiram para a Secretaria para que pudessem verificar os dados sobre o desempenho da Aluna ao longo do último semestre.
Pouco depois vi a Aluna sair correndo da Secretaria. Soube depois que o pai verificou seu desempenho ao longo do Curso: suas notas eram as mínimas necessárias para passar e as faltas estavam lá nas alturas! É uma grande decepção para um pai verificar que, ao contrário de uma suposta irregularidade estivesse acometendo sua filha, ela é que saiu-se pessimamente durante seu curso.
Estórias como essa são, infelizmente, comuns. A legislação não permite que outras pessoas, senão o próprio Aluno, acesse seu desempenho escolar. Os pais devem se resignar em receber a notícia de segunda mão ou ir com o próprio na Secretaria para que possa observar pessoalmente as notas dos seus pimpolhos. Espera-se que sejam mais felizes do que esse pai.
Possuir um Curso Superior hoje em dia, ao contrário do que se pensa, não é tão fácil. Embora encontremos uma faculdade em cada esquina, somente aqueles que estiveram nas suas salas, ministrando disciplinas ou assistindo às aulas, sabem os grandes sacrifícios que devem ser feitos em busca do conhecimento. O diploma, a recompensa, é um troféu de poucos brasileiros.
Esperemos que nossos filhos tenham uma consciência maior ao lidar com suas obrigações de aluno. Estudar é um dever, uma necessidade, um prazer e uma dádiva, quase um privilégio. Devem esmerar-se em construir um conhecimento sólido baseado no estudo, na experiência e na reflexão. Estudar, em muitos lugares no mundo é dado a poucos. Não se deve jogar fora essa chance.
Lembro de assistir a um documentário sobre uma angolana que, a partir de uma cabra, conseguiu estudar e chegou a cursar uma faculdade americana. Ao ver a miséria e o esquecimento que aquela menina sofreu, lembrei minha própria vida, cheia de sacrifícios em busca do saber. Podem nos tirar todos os bens. Porém, o conhecimento adquirido será sempre nosso.
Uma cabra apoiou uma menina e ela chegou ao ensino superior em uma reconhecida instituição de ensino norte-americana. Se os seus pais é que te dão apoio, aluno, você pode levar as coisas mais a sério e, ao invés da decepção que a aluna deu ao pai da minha estória, dar a alegria do objetivo alcançado e do dever cumprido.
Escrito por: Prof. Luiz Augusto.
Por meio de uma narrativa interessante, o texto realiza uma reflexão sobre a responsabilidade que o aluno possui diante do apoio dado a ele pelos seus pais. Parabéns ao autor pelas ideias apresentadas.
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