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Ensino Superior no Brasil e no Mundo

domingo, 2 de setembro de 2012

A arte de ser diferente

Estava ouvindo uma palestra. Professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Doutor, escritor, consultor, falador. Discursava sobre a importância do conhecimento como suporte para a tomada de decisão nas empresas. No decorrer da palestra, cita uma passagem da sua vida de estudante, estagiário em uma empresa ligada à Bolsa de Valores.

Dizia ele que fazia um serviço, recortando notícias de jornais (o chamado clipping) para que os gerentes pudessem manter atenção aos acontecimentos do cotidiano. Tarefa simples, repetida da mesma forma em vários lugares do país e do mundo. No entanto, leitor atento, viu em uma notícia de um dia a ligação de uma notícia recortada quinze dias antes.

Da sua observação resultou uma análise dos fatos, gerando uma informação da tendência do que aconteceria com o mercado tempos depois. O acerto da sua análise o guindou, um mês depois, à Diretoria da empresa em que ingressara como mais um estagiário. Mostrou, com sua experiência pessoal, para a platéia que o assistia, a diferença que fez ele ser diferente, ou seja, fazer o que não se fez antes.

Discuto em sala com meus Alunos, várias vezes, a importância de sermos diferentes, não iguais. Passei por uma Escola Militar, cartesiana na sua formação e no seu pensar, que molda seus Alunos dentro do princípio da uniformidade, onde todos deverão seguir rigidamente princípios iguais, legislações iguais, padrões, diretrizes, enfim, uma plêiade de igualdades, como tijolinhos de uma olaria.

Desde há muito me fazia a seguinte pergunta: como querer reduzir a forma à fôrma (essa é do Manuel Bandeira) se todos são diferentes (iguais apenas perante o Criador e à Lei)? Nunca me convenci dos princípios de igualdade total (só de qualidade total). Sempre achei que uma igualdade artificial não faria a diferença, ela mesma, por conceito, uma desigualdade.

Tudo se confirmou para mim quando, um dia, li um artigo que dizia que havia uma seleção para trabalhar numa famosa empresa de publicidade do Rio de janeiro (não, não era do Duda Mendonça, faz muito tempo esta estória). Pois bem, existiam muitos candidatos (empresa de renome). Porém, só uma vaga. Como de praxe, escrevam seus currículos (naquele tempo era na máquina de escrever mesmo).

Os selecionadores (não existiam os trainées e a Gestão de Pessoas ainda se chamava Recursos Humanos) liam os currículos. Semelhantes, no todo. Porém, num deles, onde se pediam as habilidades, um candidato escreveu: sei fazer acarajé. O pessoal ficou pasmo! Leram todos currículos: só um sabia fazer acarajé! O resto da estória é fácil: o camarada foi o contratado...

O que quero chamar a atenção, com essas duas estórias, é que o mundo não é feito pelos iguais, mas sim pelos diferentes. Existem milhares de jogadores de futebol. Quantos são Pelé? Um, só um. Muitos pilotos, quantos Aírton Senna? Um, também. Muitas mulheres, quantas você escolheu para casar? Uma (tá certo, pelo menos a primeira...).

O fato é que o mundo é movido pelas diferenças, não pelas igualdades. Buscamos algo pelo que difere, não pelo que imita. Passamos a vida tentando o sucesso: ganhar na loto ou loteria. Até na roleta ou no bicho, se o jogo existisse. O importante é que queremos ser especiais, VIP, diferentes. A diferença é a base do sucesso, como é a base da qualidade: o diferencial competitivo, o valor agregado.

O caminho do sucesso é a eterna busca do incomum, do inusitado, da surpresa, do improviso sadio, pela ação espetacular. O que agrega valor às ações é fruto da busca em se ser diferente do usual, do padrão, do standard, do geral, do previsto no Manual ou no Regulamento. Não é ser o tijolinho da fábrica, mas sim o guia genial que conduzirá a sociedade por mares nunca dantes navegados.

Quando perceber que seu filho se destaca, ou seja, ele sai da massa humana e ganha visibilidade, aplauda, vibre, torça, apóie. Ele não é o cigarro Hollywood (eu não fumo e não aconselho ninguém a fumar) mas ele vai para o sucesso. Talvez devagar, talvez depressa, não importa. Mas ele vai por um caminho diferente.

Escrito por: Prof. Luiz Augusto.

Um comentário:

  1. De forma leve e humorada, o autor busca destacar a importância de sabermos valorizar as diferenças. É um texto interessante que merece reflexão nesses tempos modernos em que muitas vezes, inconscientemente, tentamos estabelecer padrões rígidos em prol de uma suposta eficiência. Agradeço ao autor por compartilhar seus pensamentos neste espaço.

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