Ouvi de um professor que ele, certa vez, passou uma semana mandando seu
currículo para uma série de empresas, à procura de uma oportunidade de
trabalho. Como profissional da área de Tecnologia da Informação e Comunicação
(TIC) acreditava que não teria problemas em ser chamado para uma entrevista em
uma empresa do ramo.
A segunda semana foi reservada para entrevistas. Seis empresas se interessaram
em chamá-lo para conversar a respeito de suas qualificações. Ao final do
processo de seleção, as seis empresas fizeram convite para que ele pudesse
trabalhar nelas. Ou seja, ele estava em condições de escolher, não de ser
escolhido, face ao seu esforço pessoal em se capacitar convenientemente.
Muito se tem dito que a cada dia se criam mais empregos no Brasil. Vejo
muitas vezes que os chamados balcões de emprego (que se tornaram até comuns na
televisão) apresentam candidatos a vagas. Porém, o que reparei é que a maioria
de candidatos apresenta qualificações mínimas de empregabilidade. Os espaços
que necessitam maior capacidade permanecem de difícil preenchimento.
Outro exemplo que podemos citar é a respeito de uma palestra que assisti
recentemente. Como sabem a hidrovia do rio Paraguai serve como escoamento de
riquezas do interior do país, como grãos e minérios, além das de países
vizinhos, como a Bolívia. O porto de Corumbá-MS foi o mais movimentado da
América do Sul há muitos anos, e continua referência ainda hoje.
Esta hidrovia carreia o comércio desde os tempos coloniais, servindo
também como canal de comunicação com regiões mais litorâneas. O transporte é
feito até Assunção, ou até o rio da Prata, por meio de barcaças carregadas de
riquezas produzidas na região.
Devido à grande importância desse tipo de transporte no comércio das
regiões da bacia do rio Paraguai, houve a necessidade de melhor qualificação
dos condutores das embarcações para fazer face às novas (e maiores)
responsabilidades sobre os ombros desses profissionais. Por um dispositivo
legal, determinaram às empresas que teriam um ano para que seus condutores
possuíssem o curso de Capitão Fluvial.
O palestrante comentou que, a muito custo, conseguiu na região de
Ladário-MS nove profissionais para fazerem o curso no Centro de Instrução
Almirante Graça Aranha (CIAGA) no Rio de Janeiro, órgão formador de
profissionais para a Marinha mercante Brasileira (há outro, mais antigo, em
Belém-PA, o Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar (CIABA).
Ao final do curso, por uma série de fatores, apenas seis dos que
iniciaram o curso obtiveram êxito, concluindo com aproveitamento. Sabem quantos
ficaram na região para conduzirem as barcaças? Nenhum. O motivo? Foram todos
contratados por empresas do mesmo ramo que atuam na bacia do rio Amazonas. Ou
seja, sua capacitação lhes abriu a porta para melhores condições de
empregabilidade.
Voltando à sala de aula, o professor falou da importância do conhecimento
teórico para a conquista de melhores oportunidades. Citou que muitas empresas, em que ele foi ser entrevistado, comentaram que apareceram alunos formados em
instituições de ensino superior da região. Porém, não apresentavam conhecimento
necessário para ocupar as vagas.
Lembrei a ele que muitas vezes eu mesmo, em sala de aula, falei para os
alunos que a teoria é fundamental para a capacitação profissional. Os alunos,
no entanto, imediatistas muita das vezes, queriam saber a aplicabilidade direta
do que era ensinado. Saber para que servia aquilo, ao invés de compreender para
depois questionar. Depois de formados é que entendiam e voltavam a estudar
(como me disse um ex-aluno meu) “tudo aquilo que eu já deveria saber e não
sabia”.
As oportunidades estão por todo o país, à espera de pessoas que
entenderam a razão maior da educação e procuraram por esforço pessoal (não só
porque a família mandou) ir à escola para aprender, conhecer, trocar idéias,
pensar. O futuro pertence aos que, cedo, aprendem essa grande lição de vida.
Escrito por: Prof. Luiz Augusto.
Com a devida sutiliza o autor explica e exemplifica a importância da qualificação profissional em um mercado de trabalho que se torna a cada dia mais exigente. Obrigado ao autor pela sua contribuição.
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