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Ensino Superior no Brasil e no Mundo

sábado, 1 de dezembro de 2012

Ultrapassando as fronteiras




Em quatro anos o programa Ciência sem Fronteiras vai dar a 100.000 pesquisadores brasileiros bolsas de estudos em faculdades e institutos de pesquisa de destaque mundial em Ciência e Tecnologia. Mais de 14.000 alunos de graduação e pós-graduação já se encontram em campi de instituições de significativo prestígio na Alemanha, Coreia do Sul, EUA, Holanda, França, Áustria, Inglaterra e em mais três dezenas de outros países. 

Esses e muitos outros dados relacionados ao programa Ciência sem Fronteiras foram evidenciados na  edição nº 2294 da revista VEJA, de 07/11/12. Além disso, considerando também informações provenientes de outros veículos de notícia, opiniões de especialistas e, por fim, a minha própria experiência por ter tido um de meus orientandos selecionado para o programa em tela, não posso deixar de expressar meu entusiasmo e verdadeira alegria por saber que o nosso país está no caminho correto: investir em educação.

Meu entusiasmo, no entanto, não de deve somente aos números positivos e empolgantes que são trazidos a público. Não que esses números não sejam importantes. Tampouco se deve a visões megalomaníacas externadas por determinados setores de nossa sociedade, os quais insistem em afirmar que nosso país logo se tornará a maior potência mundial em Ciência e Tecnologia de todos os tempos.       

Meu entusiamo se justifica mais pela postura que se observa na execução do programa. Erros que foram cometidos em seu estágio inicial estão sendo corrigidos e foram reconhecidos pelos executores do programa, demonstrando a seriedade e a humildade necessária para um amadurecimento do processo em si. O tempo mínimo de permanência no exterior passou para um ano, as bolsas não mais sofrerão atrasos de pagamento, as parcerias com as universidades estrangeiras foram formalmente seladas, já há um órgão especializado em intercâmbios acadêmicos de cada país que cuida da distribuição dos alunos pelas universidades, com base numa lista de opções assinaladas pelos estudantes. Essas foram algumas das medidas e correções já tomadas.

No entanto, é verdade que também há setores de nossa sociedade que não acreditam no programa e afirmam ser um desperdício de recursos financeiros. Argumentam, principalmente, que poderíamos ter uma formação de excelência dentro do nosso próprio país. Respeito o pensamento, mas não vejo assim.  O mundo está cada vez mais globalizado e a competição não é mais local. A competição é mundial. Fechar-se, mesmo tendo condições de prover uma formação de excelência em algumas áreas de conhecimento, significa estagnar-se. Sozinhos, não chegaremos a lugar algum, com parceiros certos, chegaremos onde desejarmos. A ordem natural é então estabelecer parcerias. A preocupação nesse contexto deve ser saber escolher corretamente os parceiros.

Então está tudo perfeito? Não, claro que não. Nada é perenemente perfeito. O aperfeiçoamento do processo é uma atividade contínua. Temos sempre de acompanhar, fiscalizar, opinar, debater e corrigir. Por exemplo, uma preocupação que tenho - e sobre a qual ainda não li ou vi nada formal a respeito - relaciona-se à volta do contingente que está no exterior. Para onde serão enviados os nosso estudantes e pesquisadores após o seu regresso. Haverá empresas, faculdades, universidades e/ou centros de pesquisa suficientes para dignamente absorvê-los?

Ressalto que dignamente significa com salários atrativos e estrutura adequada para que possam continuar seus projetos,  pesquisas e  trabalhos. Caso contrário, será natural que esse contingente não queira ser repatriado. Não adianta dizer que seria uma ingratidão ou uma traição. Isso é a realidade. Todos somos assim: precisamos de reconhecimento e valorização para aceitarmos desafios. É preciso pensar seriamente sobre isso, principalmente fazendo-se uso do conceito da meritocracia.

Ademais, não faz mal lembrar que o programa Ciência sem Fronteiras não pode e nem deve ser visto como um processo isolado, independente. Na verdade, é parte integrante do abrangente sistema de ensino brasileiro, em que se consideram concomitantemente as formações adquiridas nos ensinos fundamental, médio e superior. Portanto,  seu êxito pleno depende notadamente da análise e solução conjunta das deficiências e problemas ainda existentes nessas formações.

Em síntese, estamos no caminho correto. É preciso continuar investindo de forma inteligente e meritocrática na educação. Acreditemos no futuro promissor que nos espera. Um futuro em que podemos ser um dos protagonistas em Ciência e Tecnologia da aldeia global que se forma. Isso certamente nos ajudará a alcançar o desenvolvimento, em todas as suas vertentes, que o nosso país tanto aspira.

Escrito por: Prof. Carlo Kleber Rodrigues
   

Um comentário:

  1. O texto traz uma sucinta opinião sobre o programa Ciência sem Fronteiras do governo federal. São feitas reflexões sobre o processo e seu contínuo aperfeiçoamento. Inclusive apresenta algumas das correções já adotadas pelo executores do programa e, também, o que ainda precisa ser alvo de uma discussão mais aprofundada. Convido-os a participar da discussão desse importante assunto para o nosso país.

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