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Ensino Superior no Brasil e no Mundo

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

A Escola do Futuro?



A Educação tem sido um tema de discussão recorrente em nossa sociedade. Novos paradigmas  têm sido alvo de análise e, por vezes, indicados a serem seguidos. Para efeito de uma exposição sintética, comento sobre dois artigos que selecionei por crer que os mesmos conseguem reunir algumas das ideias que mais são aventadas visando a uma educação do futuro. 

O primeiro artigo é uma entrevista com a psicóloga Cecília Waismann da empresa MindCet. Ela diz que os alunos lidam com um sistema de ensino obsoleto, e que isso ocorre em todas as partes do mundo. O déficit de atenção é inclusive visto como uma reação saudável ante classes com processos de aprendizagem antiquados. Neste contexto, ela menciona que o núcleo em que trabalha foi pensado justamente para criar soluções que reduzem o gap entre o sistema educativo e o aluno.  

Ela explica que essas soluções são baseadas na cultura do empreendedorismo e das startups, empresas que, com muita tecnologia, estão revolucionando a indústria – seja ela automobilística, petrolífera, têxtil e, claro, educacional. Quando  uma empresa desenvolve uma nova tecnologia voltada à gestão ou ao varejo, faz-se uma parceria para estudar a solução de modo a também aproveitá-la à educação. Segundo ela, o grande problema para universalização desse paradigma são os governos burocráticos, que gastam um pressuposto importante para manter toda a estrutura do jeito que ela é. Ela diz que transformar essa lógica não é fácil, porque também envolve uma mudança de mindset de professores, diretores e pedagogos que dependem do sistema atual. 

O segundo artigo trata de percepções originadas a partir de uma viagem (missão educacional) realizada pela pedadgoga Maristela Castro e pelo pós-doutor em educação Adelar Hengemühle.  Esta viagem deu-se a  Portugal, Inglaterra e Finlândia. Eles afirmam que mais da metade das profissões, como conhecemos hoje, será extinta quando os estudantes da educação básica ingressarem no mercado de trabalho, e que, nesses países, o ensino foca no desenvolvimento de competências que fazem os alunos aprender a aprender. 

Dentre as ideias apresentadas nesse artigo, podemos destacar, por exemplo, as seguintes: maior foco nos objetivos educacionais e harmonia entre as esferas governamentais, escolas e faculdades; maior flexibilidade curricular; maior protagonismo do estudante; locais de estudo  produzidos por arquitetos e professores; antecipação de tendências e preparação de estudantes para novas profissões; e alunos e professores se deslocando por ambientes além dos muros das escolas, como museus e espaços abertos.

Verdadeiramente, são posicionamentos que muito colaboram para a visão das escolas do futuro. Eu gostaria apenas de acrescentar aquilo que chamo de consciência situacional. Isso significa perguntar e responder objetivamente e concisamente as seguintes questões: Qual o IDH  da região em que resido? Qual o salário do professor da escola onde estudo? Qual o plano de cargos e salários dos profissionais que atuam na escola onde estudo? Quais os valores,  a missão e a visão da escola onde estudo? Os professores e pesquisadores são valorizados, respeitados e bem vistos pela sociedade? Como e por que chegamos neste atual estágio de educação? As IES estão alinhadas com os objetivos do Estado? Algumas dessas perguntas têm sua essência na conhecida Pirâmide de Maslow, passando pelos pensamentos de Aldous Huxley, Paulo Freire, Zygmunt Bauman, .... ressalto que não se trata de concordar ou discordar desses pensadores, mas sim de refletir sobre tudo isso: é preciso saber de onde viemos, onde estamos e, especialmente, aonde queremos chegar. Seremos sempre reféns de nossas escolhas.


Carlo Kleber da Silva Rodrigues
carlokleber@gmail.com





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