Estava
com minha esposa em um restaurante quando um jovem (17 ou 18 anos) se
aproximou. Como de praxe, pediu dinheiro. Minha esposa, como de praxe, disse
que não. Falou que, se ele quisesse, compraria para ele um sanduíche, no mesmo
local onde jantávamos, e daria para ele. O rapaz recusou respondendo que não
queria sanduíche mas sim uma pizza. E foi-se embora.
O
episódio me fez lembrar dos meus alunos que partilham desse tipo de atitude.
Acreditam que se não recebem o que querem desdenham do que lhes é oferecido. A
geração Y, a qual esse jovem pertence, é assim: só quer seus desejos atendidos,
não importa o que se lhes oferece. Esse comportamento, que reporto de absurdo,
eles chamam de comum.
Isto
se reflete na sala de aula. Uma geração que quer a melhor aula, com o melhor
professor, quer a melhor nota e quer o melhor diploma. Uma geração de
querentes. Em contrapartida, não tem nada a oferecer. Nem pesquisas muito bem
feitas, nem apresentações muito bem planejadas, nem relatórios muito bem
redigidos, nem atitudes muito bem pensadas. É uma geração que tem o Google como
ícone: tudo está ao alcance, por que ter trabalho?
Esses
tipos de atitudes gerarão, cada vez mais, muito bons clientes. Perfeitamente
inteirados dos seus direitos, prontos a cobrar bom atendimento, e de muita
qualidade. Aptos a divulgar pessoas e lugares que não atendem bem. Rápidos em
colocar nas redes sociais os reveses que sofrem e aqueles que não fizeram o que
eles tinham direito. Ou achavam que tinham.
Na
contramão da história está o Professor. Não pode cobrar muito deles, pois seus
alunos não estão nas salas de aula para oferecer nada. Não estão preparados
para realizar, pois querem é verificar quando suas notas serão
lançadas. Os Professores precisam ser os melhores, mas seus alunos não. São
clientes, não estudantes.
O
modelo de ensino hoje, baseado em resultados, ou melhor, nos números, minam,
cada vez mais, o futuro deste país. Não prima pelo que se ensina mas sim pelos
resultados que a escola fornece. Não trabalham para o aperfeiçoamento mas sim
pelos incentivos que a escola recebe para ter o aluno em suas salas de aula.
Medito,
cada vez mais, sobre o futuro. Onde esses alunos, futuros profissionais, terão
em suas carreiras? Como alguém no início da profissão chega para dizer o que a
empresa pode fazer por ele, não o que ele veio contribuir para a empresa. Claro
que a mídia mostra paraísos empresariais. Mas isso é para poucos, não para a
maioria.
John
Kennedy, em seu discurso de posse como presidente dos EUA, disse: “não pergunte
o que seu país pode fazer por você, mas sim o que você pode fazer pelo seu
país”. Acho que cada empresa deveria colocar esta frase na porta do setor de
Recursos Humanos / Gestão de Pessoas. Muitos não querem sanduíche: querem
pizza!
Professor e Educador Luiz Augusto ( prof.luau@gmail.com )