Ao longo de todos esses anos de prática acadêmica, me deparei com uma série de situações vividas na convivência com os meus Alunos, além de ouvir os comentários de outros Professores, profissionais imbuídos de uma das mais nobres tarefas a que pode se entregar um ser humano: participar da educação de um outro ser humano.
O Homem não é perfeito. Traz para a sala de aula todas as angústias de um dia a dia cada vez mais competitivo. Ouvi um Aluno se referir à sala de aula como um momento de relaxamento: depois de passar o dia sob a mão pesada do chefe, no seu local de trabalho, a sala de aula é um porto seguro às suas mazelas diárias. Mais do que um local de saber, é um local de lazer.
Lembrei-me da evolução dos desafios enfrentados pelos Alunos de ontem e de hoje, como encaram os tropeços. O Aluno de ontem aceitava uma reprovação com resignação. O Aluno de hoje está cada vez menos propenso a suportar um possível fracasso. - Repetir a disciplina? Não posso perder tempo e tenho que me formar porque preciso do diploma!
Ah, o Diploma! Esse obscuro objeto do desejo dos Alunos! E de muitos pais de Alunos. Uma busca frenética que até gerou uma anedota que ouvi nos corredores de uma Faculdade. Diz uma piada que corre pelas faculdades que os cursos são uma negociação entre a instituição e o Alunos para a obtenção de um diploma e que o Professor é o cara que procura atrapalhar o negócio...
O Bacharelismo, característica dos tempos em que estudar em uma Faculdade era sinônimo de status social e privilégio de poucos abastados, manteve-se vivo no imaginário do Aluno brasileiro. Obter um diploma até lhe garante cela especial em caso de prisão. E o distingue dos outros por fazer parte de uma restrita elite: os 5 a 10 % de brasileiros que concluíram um curso de nível superior.
Muitos Alunos continuam achando que a posse de um diploma por ter concluído uma faculdade garantirá sua presença no paraíso, assim como os homens-bomba acham que explodir o corpo e levar um monte de inocentes com ele garantirá uma estada no paraíso e um harém de virgens só para ele... Haja virgem no estoque dos Jardins do Éden!
Os Alunos devem estar dispostos a entender a necessidade de adquirir conhecimento, mesmo que enfrentem rotinas estressantes na vida pessoal e familiar. Não há forma de se crescer com segurança senão pela Educação. Somente o conhecimento garante um verdadeiro desenvolvimento sustentável do ser humano.
Os bens materiais podem nos ser tirados a qualquer momento: o carro, a casa, o dinheiro, dentre outros. O conhecimento, só aquele alemão pode (o Alzheimer...)
Gostaria, com essas palavras, de motivar todos os Alunos para que busquem superar os obstáculos e atingir o conhecimento pleno das capacitações a que se propõem fazer. Não encarem os Professores como ruídos de um processo de apropriação de um “canudo”: ele é a pessoa que possui coragem para estar à frente de um grupo extremamente crítico (uma turma de Alunos) e se propor a passar um pouco de experiência e informação..
Encarem os obstáculos como trampolins, os quais deverão lançá-los mais à frente no desenvolvimento de suas vidas pessoais. Não vejam os obstáculos como muros, muralhas como os existentes nas penitenciárias, cerceadores do desenvolvimento dos Alunos brasileiros.
Parafraseando o famoso filme estrelado por Sidney Poitier: ao Aluno, com carinho.
Escrito por: Prof. Luiz Augusto.
O texto traz uma reflexão holística acerca do ambiente de ensino-aprendizagem, destacando os principais envolvidos: o aluno e o professor. O autor é muito feliz em suas colocações, demonstrando significativa sensibilidade ao escrever sobre o assunto. Parabenizo o Prof. Luiz Augusto por seu texto.
ResponderExcluirComo aluno, eu concordo plenamente com o que foi dito. Claro que o diploma é obrigatório para se tornar um profissional, mas, sem o conhecimento, creio que o indivíduo não chegará a se tornar um bom profissional.
ResponderExcluirEu mesmo já me vi em determinada situação na qual eu refleti e tomei a atitude de repetir uma matéria e refazê-la mais adiante por me julgar inapto a prosseguir. E creio que essa consciência é algo que falta muito nos alunos atuais. Que também buscam muito a maneira "fácil" de passar adiante.
Enfim, gostaria de parabenizar o autor pelo texto muito bem escrito.
A educação, em todos os seus níveis, tem sido tratada com desprezo. Mudança? A partir do momento em que a educação for prioridade neste país (qualidade e não somente números). Caso contrário, o professor continuará sendo visto como um obstáculo e o "canudo" como apenas um trabalho, mesmo que não dê nenhum trabalho.
ResponderExcluirSeja a mudança que o Prof. Luiz Augusto propôs e trate a educação como prioridade.