Um dos problemas
que os professores se deparam em sala é a significação dos conteúdos. Em
rápidas palavras: qual a importância de estudar isto? Em um juízo de valor,
acredito que isso ocorra porque a tecnologia atual leva a isso. Os dados estão,
a cada dia, mais disponíveis. Sabemos o que queremos graças ao toque de um dedo
na tela e uma conexão com a internet.
No entanto, dado
não é informação. As pessoas acreditam (e as gerações mais novas não duvidam)
que ter um smarthphone é suficiente
para saber. Porém, como estudamos, dados são a celula mater da
informação, do conhecimento e da sabedoria. Ou seja, não adianta uma série de dados,
jogados por buscadores, se não se sabe o que fazer com eles.
Um estudante
acredita que fazer suas avaliações, popularmente (ou não) conhecidas como
provas, seja a sua necessidade vital. Por isso, o Google e o Youtube resolvem
seus problemas. Porém, como vi em uma reportagem divulgada em uma emissora de
televisão aberta, os jovens são capazes de maravilhas no acesso digital. Mas,
quando se pede para que redijam um texto simples, a coisa fica feia.
Outra coisa
importante é o esforço. Ou a falta dele. A tecnologia, que apoia tanto o aluno,
fez com que ele desaprendesse a pesquisar. A buscar por dados se tornou mais
fácil. Sabemos, por experiência, que a Humanidade, à medida que descarta uma
tecnologia, ou um conhecimento, por um mais atualizado, esquece o anterior.
Porém, várias vezes, essa necessidade retorna. Por conseguinte, o Homem precisa
retomar, ou redescobrir, essa expertise,
senão gastará esforços.
Uma das expertises perdidas é o próprio esforço
na pesquisa. Muitos alunos pasmem, não sabem nem procurar um capítulo em um
livro. Vários desaprenderam a utilizar um sumário, em buscar a página
necessária no início do livro. Assim, transfere ao professor, seu mecanismo de
busca, o Google da sala de aula, a responsabilidade de buscar a resposta. Ou
seja, pesquisar é uma tecnologia perdida.
Isso se
refletirá nas avaliações. A política do videogame, de pontuar, muitas vezes, um
movimento do mouse, fez com que os
alunos substituíssem o resultado pelo esforço. Ou seja, ele acredita que
necessita de premiação caso escreva qualquer coisa em sua avaliação.
Independentemente de aquela resposta estar completamente errada. Portanto, seu
esforço seria o alvo de prêmio, embora não o conduzisse a nenhum lugar.
Outra tecnologia
perdida é a da memória. Muitas vezes os alunos não se lembram nem o que comeram
no café da manhã. Os dados passaram a ser irrelevantes. Guardá-los se
transformou em algo sem importância porque, caso fosse importante, eu acharia
no Google. Assim, os alunos se transformarão em profissionais extremamente
conectados, mas, muitas vezes, incapazes de tomarem decisões. Por que? Por
falta de desenvolvimento de seu pensamento analítico.
A Humanidade
provou, por séculos, sua capacidade de se reinventar. Creio que o Homem chegará
a uma solução para esse problema. Pois, como dizia Darwin, o mais apto
sobreviverá. Esperemos que não seja necessário que o Homem desaprenda muito
para que não tenhamos que reaprender muitas coisas. Sempre haverá uma
esperança.
Prof. Luiz Augusto ( prof.luau@gmail.com )