O
choque de gerações é algo comum desde que o homem paga imposto. As visões de
mundo e a percepção dele variam de acordo com cada um. O contexto muda, a
percepção muda. As tecnologias evoluem, a percepção muda. Um homem do início do
século XX vivia ainda os reflexos da 1ª Revolução Industrial. O homem do século
XXI escuta rumores de uma 4ª Revolução.
A
geração Y, pós-internet, vive de modo diferente da minha velha geração Y. Seu
mundo, particularmente no Brasil, é muito diferente do que a minha geração viu.
Inflação, por exemplo, é coisa de livro-didático, ensinado nas escolas. Está
certo: um dólar hoje não tem o mesmo valor, em reais, amanhã. Porém, a
flutuação é pequena. Inflação de 80% em um só mês?! Não fazem a menor ideia do
que é isso.
Assim,
observamos, a priori, que a vida dos atuais e jovens estudantes e
profissionais é diferente da velha geração Y. Minha geração olhava o futuro: aonde
chegar. Mesmo porque o presente era o Governo Militar e a inflação. Pensávamos em longo prazo, mirando um lugar para chegarmos. Além disso, planejávamos a nossa
vida de modo que conseguíssemos, um dia, atingirmos esse objetivo.
A atual geração Y, no entanto, parece que trabalha em curto prazo. Sim, claro, possuem
um objetivo. Porém, ele não é a prioridade. Seu foco está no presente, no hoje,
senão no agora e neste instante. Uma vida pautada no que fazemos, não onde
chegaremos. A vida intensa, se possível sem nenhuma dor. Um objetivo
estabelecido. Porém, não para agora, não é?
Minha
geração aceitava a dor por entender que era um meio, pois sabíamos qual fim
queríamos. Ninguém gosta de sofrer. Não se deixa o dente doer, seja um dente X,
seja um dente Y. Porém, a resignação, a resiliência, a aceitação são
totalmente diferentes em cada geração. O longo prazo atenua o que o curto
(curtíssimo?) prazo execra, afasta.
Isso
se reflete na sala de aula. Lembro-me das noites na faculdade: pessoas mais
velhas, na casa dos vinte e cinco anos, mas atentas. Sabiam o que queriam.
Aceitavam um dia de trabalho e os rigores das salas de aula com retroprojetores
(caso existissem essas tecnologias de ponta!). Os desconfortos (cansaço, sala
de aula, professores) eram necessários para um bem maior.
O
aluno Y precisa do hoje. Esses conceitos eu utilizarei hoje? Qual o significado
deles? Para que eu preciso disso? Planejamento? Não sei nada sobre isso.
Cronograma? Metas? Uma plêiade de nomes vagos de significados obscuros e de
propósitos menos ainda claros. O estudante Y precisa daquilo para já. Por que
essa cadeira é assim? Onde está o powerpoint?!
A
visão do futuro traz a necessidade de planejarmos os passos. A ênfase no
objetivo fez a minha geração construir seus próprios caminhos baseados na
convicção de que os esforços, os sacrifícios e, por que não dizer a dor, eram
necessárias como partes aceitáveis do grande plano da vida X. Talvez por isso
toda questão tenha um X (o “X” da questão?).
A Y
pensa no caminho. Sem dor, com prazer, vivendo ao máximo cada segundo. Amanhã,
nem pensar. Futuro? Não sabe precisar. Geração sem paciência e sem resiliência.
Facilmente estressável. Pensamos até que preguiçosa. Não. Escrever, pensar,
ler, são tarefas que trazem desconforto, trazem dor. As atividades de sala de
aula X não funcionam na sala dos Y.
Encerro
estas linhas com uma palavra de otimismo. Não reclamemos dos Y. A Z está aí...
Prof. Luiz Augusto ( prof.luau@gmail.com )