É inegável que o padrão de consumo das
famílias brasileiras nos últimos três governos cresceu e isso, em muito, se deve às mudanças na estrutura socioeconômica do país. As alterações mais
significativas têm raízes em quatro grandes fatores: conquista da estabilidade
de preços (eliminação da superinflação), políticas de distribuição de renda
(estimulada através de pacotes sociais), crescimento econômico constante, e
aumento de salários, o que culminou com um efetivo aumento do poder de compra
das classes menos abastadas (FECOMERCIO,
2011).
Quando se fala em mudança no padrão de consumo,
logo se pensa no crescimento da classe C, pois possui aproximadamente 96
milhões de pessoas, contudo as classes A e B também tiveram grande crescimento,
saindo de um patamar de 12 milhões para 20 milhões em 10 anos (PADUAN, 2011). Neste contexto de
crescimento não se pode esquecer-se dos 08 milhões a mais de domicílios,
construídos em todo território nacional e ainda dos mais de 30 milhões de
brasileiros que ultrapassaram a linha da pobreza no mesmo período (UCHÔA e KERSTENETZKY, 2012).
Segundo dados do IBGE, em 2011 o consumo
das famílias brasileiras cresceu 4,1%. Isso ocorreu por alguns fatores. Além
dos quatro já citados, Mendonça (2012) adiciona mais dois: o crescimento de
18,3% na concessão de crédito para pessoa física e a redução dos juros
destinados a créditos para as famílias. Uma amostra deste panorama foram os
planos de ações adotados nos últimos anos que, como já dito, fizeram com que 30
milhões de pessoas saíssem da pobreza e 36 milhões entrassem na classe média (GRAÚDO, 2011).
Também, resultado direto do aumento da renda dos
brasileiros estão as questões referentes à mobilidade e moradia, que mudou a
cara das classes econômicas no Brasil. A classe C, por exemplo, não está mais
só morando na periferia das cidades. Ela está se deslocando para os grandes
centros vivendo em condomínios até então inacessíveis (CARVALHO, 2012). O número de Carteira de Trabalhos assinadas
subiram em média 50% na última década, assim os moradores de favelas e os menos
favorecidos passaram o não ser mais discriminados, pois seus 12 milhões de
moradores passaram a gastar quase 39 bilhões de reais por ano em bens e
serviços (FURLAN, 2012).
Em virtude disso, os
brasileiros têm preferido consumir produtos que tenham outros valores
agregados. Busca-se a marca para garantir a qualidade.
Busca-se o novo para garantir o bem-estar, evitando os consertos. Abandona-se o
hábito dos crediários para se comprar à vista, exigindo descontos, aprenderam a
ser mais exigentes na contratação de serviços de qualquer tipo, afinal agora há como pagar.
Um dado do Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Anísio (Inep) que nos deixa bastante
contentes é que já se pode perceber toda essa mudança no padrão de consumo dos
brasileiros nos três níveis de ensino do MEC: Fundamental, Secundário e Superior. Em relação ao nível superior, na última década, de 2001 a 2010,
o crescimento do acesso às Faculdades/Universidades no Brasil foi de
110,1%, e o número de pessoas matriculadas no ensino público
aumentou 34,7%, sendo que no ensino particular aumentou 90,6%.
Mais recentemente, os
dados do Censo da Educação Superior 2010, também realizado pelo Inep,
mostraram que, de 2009 a 2010, o número de brasileiros que buscaram fazer um
curso de graduação aumentou 7,1%, sendo que o Brasil tinha, em 2010, 6.379.299
matrículas em 29.507 cursos de graduação presenciais e a distância, oferecidos
por 2.377 Instituições de Ensino Superior. É claro que estes números ainda estão aquém do que o Brasil precisa, porém a tendência é continuar crescendo.
Atualmente, são 59
universidades federais e a previsão do Governo Federal é que, até 2014, o Brasil
tenha 63 universidades federais, com 321 campus distribuídos em 272 municípios.
Quanto às escolas de nível superior particulares, não se pode afirmar de forma contundente, mas a
tendência é que cresça em maior número e assim continue ajudando o Brasil a
impulsionar os sítios científicos e tecnologicos (ALUIZIO MERCADANTE, 2013).
Dentro desse processo de expansão universitária, não se
pode esquecer-se das políticas de indução como o Programa Universidade Para
Todos (Prouni), Programa de Financiamento Estudantil (Fies) e o Programa de
Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni),
que vêm concedendo milhões de bolsas integrais e parciais a jovens que não
poderiam pagar por seus estudos.
Torna-se fácil entender os motivos dessa alteracão
se analisarmos este comportamento sob a ótica de Maslow em sua teoria da
hieraquia das necessidades. A teoria de Maslow é conhecida como uma das mais
importantes teorias de motivação. Para ele, as necessidades dos seres humanos
obedecem a uma hierarquia, ou seja, uma escala de valores a serem transpostos.
Isso significa que no momento em que o indivíduo realiza uma necessidade, surge
outra em seu lugar, exigindo sempre que as pessoas busquem meios para
satisfazê-la. Poucas pessoas, ou até mesmo nenhuma, buscam sua autorealizacão
se suas necessidades básicas (fisiológicas e de segurança) não estiverem
satisfeitas.
Bom, apesar de meu
posicionamento não ter caráter político, de fato tenho que reconhecer que o
crescimento econômico dos últimos governos e as políticas socias voltadas para
o ensino superior deu oportunidades de ingresso às universidades a muitas
pessoas que viram na formacão superior uma oportunidade de continuar
desenvolvendo-se profissionalmente e, consequentemente, continuar melhorando seu
estatus econômico. Esperamos que o Governo que aí está e os próximos continuem
perseguindo o crescimento do País. Por consequência, a educacão de qualidade
deixará de ser algo inatingível e passará a ser objeto de consumo cada vez mais
presente nas famílias brasileiras, pois apesar de toda corrente contrária, o
brasileiro segue esperançoso na busca de dias melhores.
Escrito por: Prof. Eduardo
Vieira de Carvalho