Acompanhei um seminário cujo tema era: Terceiro Setor – o quinto poder*.
Durante três jornadas noturnas foram tratados assuntos sobre esse importante
segmento da sociedade que, junto com o poder público (o primeiro setor) e as
empresas (segundo setor) compõem a força organizadora e propulsora do
desenvolvimento da sociedade.
O seminário foi organizado em três vetores: o primeiro um painel sobre o
terceiro setor e o saber; o segundo sobre o terceiro setor e a solidariedade;
finalizando o terceiro setor e a cidadania, o trabalho e o lazer. Cada jornada
visou abordar um aspecto, dentre tantos existentes, da complexidade de gerir
organizações com essas características.
A última palestra do terceiro painel foi apresentada por uma professora
da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), com o seguinte título: A
Gestão no terceiro setor. Diferente de outras apresentações, as quais se baseavam
em experiências pontuais de organizações constituídas, reais, a professora
mostrou uma visão acadêmica sobre os estudos feitos sobre o tema, buscando
contribuir com uma perspectiva de futuro.
A educadora apresentou um slide onde mostrava uma proposta de melhoria de
uma gestão de sustentabilidade que se baseia sobre quatro pilares de
gestão: qualidade, redes, estratégica e
comportamento organizacional. Segundo seus estudos, esse modelo criará
condições para fundamentar as empresas do terceiro setor a se sustentar dentro
do ambiente cada vez mais dinâmico nas mudanças, sobretudo nas informações e no
conhecimento.
A gestão da qualidade se baseia na qualidade no atendimento do cliente e
na educação continuada das pessoas suas atendentes. A gestão de redes se
fundamenta na gestão das redes de parcerias que a empresa amealha e do seu
portfólio de fornecedores, sem os quais os insumos necessários para seu
funcionamento (bens ou serviços) não estarão a tempo e a hora na sua posse para
atender suas demandas.
A gestão estratégica visa alinhar, estrategicamente, os processos e os
projetos da empresa, de modo que seus esforços sejam direcionados para o
atingimento dos objetivos, focados nas metas e aderentes às ações
desenvolvidas. No tocante à gestão do comportamento organizacional a professora
ressaltou a formação e a manutenção de talentos.
Ao observar os pilares propostos pela palestrante notei um ponto comum
entre os quatro fundamentos apresentados: a centralização na pessoa, não na
tecnologia. A gestão sustentável passa por ações humanas, iniciativas pessoais,
não no incremento no arque tecnológico das empresas. Uma observação importante
num mundo cada vez menor, com fronteiras cada vez mais fluidas, com informações
cada vez em maior quantidade e com a comunicação cada vez mais rápida.
O fator humano é, sem dúvida, a base da organização de qualquer setor,
não apenas do terceiro. O mundo está cada vez mais complexo e necessita de
profissionais cada vez melhor preparados para enfrentar as incertezas de um
futuro que se modifica com uma rapidez muito grande. Os talentos, como ela
afirma, devem ser formados, o que se dá por meio da educação.
Outro ponto é a manutenção dos talentos. Geralmente as empresas em
dificuldades financeiras buscam recuperar sua sustentabilidade com a redução de
seus efetivos. Desconheço se esse é o melhor remédio para as organizações se
recuperem dos percalços normais de gestão. Contudo, a manutenção de talentos é
fundamental, conforme foi apontado, para que um empreendimento não fracasse. Os
talentos são pessoas, não podemos nos esquecer disso.
Escrito por: Prof. Luiz Augusto.
*Terceiro setor é uma terminologia sociológica que dá significado a todas as iniciativas privadas de utilidade pública com origem na sociedade civil. A palavra é uma tradução de Third Sector, um vocábulo muito utilizado nos Estados Unidos para definir as diversas organizações sem vínculos diretos com o Primeiro setor (Público, o Estado) e o Segundo setor (Privado, o Mercado).