Conforme a Wikipédia: motivação (do Latim moveres, mover) denomina em psicologia, em etologia e em outras ciências humanas, a condição do organismo que influencia a direção (orientação para um objetivo) do comportamento. Em outras palavras é o impulso interno que leva à ação. Assim a principal questão da psicologia da motivação é "por que o indivíduo se comporta da maneira como ele o faz?". "O estudo da motivação comporta a busca de princípios (gerais) que nos auxiliem a compreender, por que seres humanos e animais em determinadas situações específicas escolhem, iniciam e mantém determinadas ações".
Assim, de posse deste conceito e levando-o a cabo, pode-se inferir que a motivação muito provavelmente seja a mola propulsora em nossas vidas, e que nos estimula e norteia os sentidos para construção de algo maior que nos faça sentido e, ao mesmo tempo, represente a expressão fiel da necessidade de se manter ativo em qualquer contexto a ser enfrentado.
Não diferente disto o discente navega ao longo de sua vida educacional em um verdadeiro mar de desafios que, por vezes, há de se conflitar com a vontade e a adversidade em sua jornada cotidiana em busca do conhecimento – verdadeiramente, em algum momento repleto de incertezas e dúvidas recorrentes.
A par disso, o estímulo para dispender energia voltada ao processo de aprendizado requer precipuamente que há de se fazer sentido real para a formação profissional, de forma a suprir essa motivação educacional que se estende ao mundo pós-acadêmico, para que se conclua que realmente valeu a pena a aquisição de habilidades e conhecimentos a serem postos em prática.
Sabe-se que no universo acadêmico existem algumas categorias de discentes1, muito embora não gosto de taxá-las dessa forma, fruto exatamente dos objetivos a que propuseram-se os alunos ao adentrarem no ensino superior – é um fato que pode ser atestado no cotidiano dos bancos das salas de aula. Então me pergunto se há uma relação direta entre tais objetivos e o espírito motivacional a que são investidos os alunos, cada um em seu contexto diferente, nas jornadas deste mundo de aprendizagem.
Seríamos nós docentes capazes de transformar essa situação motivacional, onde o necessário para alguns torna-se esplendoroso para muitos? Digo, atrevidamente, certo que sim. Pois nós seres humanos temos um “core” motivador muitas vezes inerte. Motivar é algo individual, não coletivo – ledo engano pensar de forma contraditória (a meu ver).
Trata-se realmente de uma descoberta e estreitamento de afinidade com o objeto do ensino e consequentemente da aprendizagem – molas essenciais para a evolução humana. Entendo assim que fazemos parte disso!
Vejo sede em cada olhar de meus discentes, e também sabedoria a qual não me furto de buscar. Será que realmente somos senhores da verdade? Arrisco-me a responder que, conforme pensadores e filósofos do ensino como Platão, Aristóteles, Nietzsche e tantos outros que NÃO.
Motivação... como assim? É um objetivo ou estado do ser presente? Sem demagogias, sejamos sinceros. Como encarar nossos objetivos? Buscar motivação exige força propulsora, orientada, centrada na qual outras variantes não desvirtuam seu fim – é a luz no fim do túnel. Cada um de nós, docentes e discentes, sabemos precipuamente o que queremos e por onde trilharmos. Mas me pergunto: como discentes isso realmente ocorre? Creio sinceramente que, em muitos casos, não. Este é nosso desafio, entender, compreender, “pescar”, sentir no estrito senso na interação professor-aluno, seja presencial ou mesmo a distância (EAD) de forma a ter esta percepção.
Como então, após ter este senso perceptivo, reagir? Antes de responder, caberia uma indagação: para que isso? Simples, chega de educação bancária2, segundo relatam pedagogos como Paulo Freire, e concordo inconteste com eles!
Sejamos (docentes) humildes o suficiente para reconhecer que nossos alunos acadêmicos carregam consigo variadas formas de saber, engrandecedoras e construtivas. Seria isto a falta do que precisávamos para alavancar seu estímulo e nortear sua motivação? Transpor barreiras, a meu ver medonhas, para realmente agregar valor na formação de futuros profissionais que galgarão pedestais que outrora conquistamos.
Na prática, em ambientes educacionais, percebo variados contextos cujas adversidades constituem, a meu ver, um sublime desafio para o docente do ensino superior na formação consciente do profissional para o mercado de trabalho. Se não me fiz entendido, digo: ver, conhecer, dialogar, questionar nossos discentes de forma investigativa e comprometida com seu aprendizado visando perceber seu objetivo e mostrar-lhes que ser um profissional capaz e competente exige um esforço maior, embora isso deva ser considerado de forma diferenciada, pois cada um possui sensibilidades e emoções peculiares.
Sinceridade seja feita, como estamos cansados de ouvir “não existe nada sem esforço”, e neste contexto, a formação de profissionais competentes redunda inevitavelmente em gasto de energia, de ambas as partes, e isto não é uma coisa tão trivial de se perseguir. Afinal de contas, porque estamos formando profissionais? Porque pessoas querem se profissionalizar? Com certeza existe uma razão. Buscar o conhecimento sério e eficiente para a nossa sociedade é necessário. Assim digo aos meus discentes que não se conquista nada na vida sem esforço, e nossa mola propulsora há de despertar ou calar-se até que novos eventos propulsionem nossa motivação para outros rumos – mesmo que sejam focados a objetivos diferentes dos idealizados inicialmente.
Então digo e acredito: saber interagir com nossos discentes, perceber suas diferenças, vislumbrar suas aspirações e, acima de tudo, motivá-los é crucial, tanto quanto saber transmitir conhecimentos necessários para sua formação. Agradeço a meus discentes por terem me dado a oportunidade de enxergar isto!
Escrito por: Prof. José Gladistone.
1Ver neste Blog o artigo “Perfis de aluno do Ensino Superior”, do Prof. Carlo Kleber.
2Paulo Freire, em Pedagogia do Oprimido (1968), definiu como "bancária" a pedagogia burguesa, comparando os educandos a meros depositários de uma bagagem de conhecimentos que deve ser assimilada sem discussão. Paradoxalmente, esta modalidade de educação teria como objetivo não equalizar os conhecimentos entre educador e educando, mas sim "manter a divisão entre os que sabem e os que não sabem, entre os oprimidos e os opressores". O educador é necessariamente um opressor.