Ao se buscar soluções para os problemas da Educação brasileira é natural examinar aquilo que deu certo em outras partes do mundo. No entanto, sabemos que a adoção de uma solução estrangeira não necessariamente ocasionará o extermínio de todas as nossas mazelas educacionais. Isso decorre do simples fato de que a efetividade de uma solução está diretamente relacionada ao ambiente para o qual ela tenha sido concebida. Mesmo assim, simplesmente ignorar as soluções que deram certo em outras nações não seria pertinente.
Sob esse contexto, na reportagem de título Armas de Educação em Massa, publicada na revista Veja, Edição Nr. 2248, de 21 de dezembro de 2011, o economista e especialista em educação Gustavo Ioschpe discorre sobre o modelo chinês de Ensino e pontua certos aspectos, considerados essenciais para o sucesso daquele país na atual conjuntura mundial. É passada a mensagem de que trata-se de uma grande lição para o Brasil.
Nesta oportunidade gostaria então de poder apresentar-lhe algumas reflexões sobre os aspectos que foram destacados na reportagem supracitada. Para tanto, buscarei, de forma abrangente, primeiramente explicitar uma síntese dos aspectos então mencionados para, em seguida, compartilhar as minhas reflexões.
Nesta oportunidade gostaria então de poder apresentar-lhe algumas reflexões sobre os aspectos que foram destacados na reportagem supracitada. Para tanto, buscarei, de forma abrangente, primeiramente explicitar uma síntese dos aspectos então mencionados para, em seguida, compartilhar as minhas reflexões.
1) Alunos, pais e professores - Pragmatismo, meritocracia, professores bem formados e premiados com dinheiro pelo bom desempenho, estudantes disciplinados e motivados por suas famílias. Essa é a fórmula do combustível da arma secreta chinesa para conquistar o mundo.
Esse aspecto me parece bem aplicável ao sistema educacional brasileiro. Salvo engano, não se vê qualquer elemento realmente impeditivo que inviabilize o esforço nessa direção. Não é simples. Trata-se possivelmente de uma questão relacionada à gestão. Temos estudantes brilhantes. Temos professores capazes. Temos famílias que orgulham-se de seus filhos e torcem para o seu sucesso acadêmico e profissional. Parece, no entanto, faltar ainda a contribuição mais efetiva do Estado: desenvolver políticas sérias e contundentes em prol do estabelecimento de um cenário promissor e de comprometimento. Isso será conseguido no momento em que tivermos os líderes políticos corretos nos lugares corretos. É preciso responsabilidade e consciência coletiva. É questão de tempo.
2) Sala de aula - Não há turma do fundão, conversas paralelas, nem problemas de disciplina. Não há chamada nas aulas chinesas. No Brasil ainda se confunde ordem com autoritarismo, e a desordem é confundida com liberalidade. Não há a espetacularização das aulas.
Observa-se aqui um cenário não condizente com aquele percebido em nosso país. Não trata-se de ser melhor ou pior. Trata-se de ser inteiramente diferente. Somos irremediavelmente alegres, descontraídos, informais. Muitas das vezes em excesso. Não gostamos de seguir regras. Muitos ainda acreditam em uma genialidade nata. Acreditam que o esforço, o estudo, a concentração, a dedicação são para aqueles que não nasceram prontos. Ledo engano. Quando pensa-se no país, tem-se então uma percepção ufanista. Não trata-se de concordar ou discordar, é apenas uma constatação do que pode ser observado em grande parte das salas de aula no Brasil.
Sim, respeitando-se a nossa formação cultural, certamente precisamos investir na construção de ambientes livres que possibilitem aos nossos alunos desenvolverem suas habilidades individuais, se possível de forma cada vez mais autônoma. Esses ambientes, no entanto, também devem propiciar a oportunidade para que nossos alunos vejam que a liberdade oferecida gera uma correspondente responsabilidade. Em nossa bandeira está escrito: Ordem e Progresso. Esse é o caminho.
3) Ambiente acadêmico - A formação dos professores chineses é mais efetiva que a brasileira, pois há mais prática de sala de aula. Além disso, as escolas chinesas são mais pragmáticas e diversificadas na escolha de seus pensadores pedagógicos. Há um constante esforço para abrir-se para o mundo e ver o que funciona. Por fim, não há ideologias estabelecidas. Busca-se a neutralidade.
Nesse caso podemos sim basearmos-nos no modelo chinês. O aumento de atividades práticas é sempre bem visto e aceito. Não há argumentação contrária plausível. Devemos sim também estar abertos e prontos para observar o que está em voga no mundo e, em vez de endeusarmos um único modelo ideológico para a arrumação dos nossos programas pedagógicos, devemos trabalhar em prol da diversidade de pensamentos com a expectativa real de podermos com ela identificar valores que serão os alicerces de uma sociedade intelectualmente mais avançada.
4) Impulso histórico e cultural - Os chineses sentem que têm contas a acertar com o seu passado, e isso torna sua (da China) ascensão mais obstinada, sua tolerância por sacrifícios maior e sua determinação de voltar a rivalizar com as potências que a humilharam ainda mais sólida.
Não há identificação com o enunciado. O Brasil historicamente é um país pacífico. Nossa história tem sido construída em meio a processos predominantemente mais flexíveis e/ou democráticos. A história da China é bem diferente. Não temos qualquer sentimento suficientemente contrário a qualquer nação que pudesse vir a se manifestar como uma verdadeira rivalidade. Nosso lema tem sido a confraternização com todos os povos do mundo. Na conjuntura mundial não me parece que tencionamos uma hegemonia, mas sim um protagonismo político e econômico.
5) Políticas públicas - Em 2009, a China gastou 3,6% do PIB. O Brasil aumentou de 4,1% para 5,3% nos último sete anos, e a propaganda oficial continua aferrada a esses números como a um triunfo definitivo. Não é. A China sacrifica as ideologias sempre que elas conflitam com a busca de resultado.
Isso pode ser um grande ensinamento para o nossos líderes. A demagogia, por exemplo, deve ser extirpada. Podemos ter compaixão, demonstrar caridade, dar amor ao próximo, mas sem perdermos jamais a objetividade de nossas decisões. O resultado, sobretudo, deve ser o nosso mais importante farol para que as políticas sejam retificadas ou ratificadas.
Em conclusão, confirma-se então que a solução de fato está no entendimento de que não podemos simplesmente copiar modelos estrangeiros, mas esses podem indubitavelmente servir como uma importante referência a ser observada, pois talvez nos traga percepções que nunca teríamos se não nos permitíssemos olhar para fora do nosso próprio ambiente, da nossa própria realidade.
Que Deus, como quer que você o imagine, te faça sempre feliz.
Em conclusão, confirma-se então que a solução de fato está no entendimento de que não podemos simplesmente copiar modelos estrangeiros, mas esses podem indubitavelmente servir como uma importante referência a ser observada, pois talvez nos traga percepções que nunca teríamos se não nos permitíssemos olhar para fora do nosso próprio ambiente, da nossa própria realidade.
Que Deus, como quer que você o imagine, te faça sempre feliz.
Escrito por: Prof. Carlo Kleber.