As práticas pedagógicas atualmente existentes no ensino superior sofrem impactos direto do uso de novas tecnologias da sociedade digital, com reflexos ainda mais significativos à medida que seu uso está sendo disseminado no cotidiano das pessoas e, por extensão, no processo ensino-aprendizagem em qualquer nível.
A continuada inserção das novas tecnologias, particularmente as da informação e comunicações, é uma realidade crescente. Essas tecnologias são absorvidas com grande destreza, particularmente pela camada mais jovem da sociedade, possivelmente pela necessidade dos jovens e adolescentes de inserirem-se no mundo digital. Com isso novas práticas e hábitos de inter-relações pessoais estão surgindo ou sendo modificadas a cada dia. Isto reflete o modo de agir e pensar onde o sentido de conectar-se ou estar ligado guarda nova dimensão.
Neste enfoque percebe-se que a relação de amizade ou mesmo permanecer fazendo parte de um grupo tem exigido comportamentos (ex: participação em redes sociais) que potencializam atitudes mais timidamente observadas em gerações anteriores (ex: bullyng). Essa nova realidade, assim como outras tantas, tornam-se difíceis de serem ajustadas ou controladas pela falta de elementos reguladores (comportamentais) e surpreende uma sociedade sedenta e aficcionada por tecnologias comunicacionais – é um desafio constante.
O porquê dessa observação é apenas a ponta do iceberg do que representa tais mudanças, e com elas exigem-se dos docentes novas habilidades na condução de suas atividades didáticas muitas vezes relegadas, talvez por falta de conhecimento em seu pleno domínio exigido pela sociedade digital.
Conhecer tecnologias e saber utilizá-las oportuna e adequadamente na interação educacional é importante, pois os docentes, que normalmente têm uma diferença de idade em relação a seus discentes, necessitam estar inseridos nessa constante mudança, e com isso buscar novas práticas pedagógicas alinhadas ao “linguajar” dessa camada mais jovem, focadas no aprendizado mais eficiente e de forma agradável, na visão desse público.
Essa temática voltada para mudanças não é recente, por sinal bastante explorada por estudiosos da pedagogia e ramos afins, mas avulta de importância atualmente pela onda crescente da inserção na modalidade de Educação a Distância (EAD), fomentada e impulsionada pela grande versatilidade das tecnologias de informação e sua utilização crescente pelas novas gerações.
O que percebo em sala de aula é uma heterogeneidade no público discente, seja em idade ou objetivos, e que se traduz em uma necessidade do docente em adotar estratégias bem diversificadas com objetivo de agregar motivação ao processo ensino-aprendizagem. É um verdadeiro desafio que demanda do professor habilidades e criatividade para inserir em sua comunicação diária com os alunos recursos poderosos, que poderão ampliar e motivar a busca pelo conhecimento.
O que se lê na literatura especializada sobre o assunto são recomendações sempre voltadas nesse sentido, mas que na prática sua execução é ainda bem singela e pontual. Qual aluno que de posse de um notebook, tablet ou iphone, com acesso a Internet, em sala de aula ou nos ambientes de interação de ensino-aprendizagem não aproveita para explorar os vastos recursos que estão à sua disposição? Proibir seu uso seria uma medida adequada ou seria mais interessante e desafiador aproveitar-se dessas habilidades para mudar a maneira de interagir entre eles na forma de buscar e construir novos conhecimentos?
Esse cenário, assim como tantos outros, nos arremete a pensar que há necessidade de se buscar novas práticas pedagógicas, pois as tecnologias permeiam nossas vidas, desde que as crianças aprendem a se comunicar com seus pais numa sede crescente por novos conhecimentos e na adolescência são temperadas por um ingrediente característico da faixa etária: a competição e a busca de espaço.
Em suma, negar a existência do uso de tecnologias nos mais variados momentos da vida social é colocar uma venda nos olhos para não se enxergar a realidade, e como tal, por que não poder também explorá-las nos ambientes de ensino-aprendizagem? Assim, este, a meu ver, é o grande desafio dos educadores: aproximar a comunicação na interação professor-aluno, buscando uma atualização constante em compasso com a rapidez da evolução tecnológica e a sua exploração em massa pela sociedade.
Escrito por: Prof. José Gladistone